Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Vamos rebentar com eles
É a livre concorrência. Quem não se adaptar que sucumba. Se não lhes consegues ganhar, alia-te a eles! Não tens emprego aqui? Emigra! "You are as good as your last performance!"
É assim que, sem qualquer moderação, se vai construindo o nosso espaço comum.
Aqueles que outrora subiam aos púlpitos para defender valores de solidariedade, acomodaram-se e falam internamente em “rebentar com eles”, aludindo à concorrência. Gente que se intitulava “de esquerda” e que mantém cartão de militante, disponibiliza-se para fazer “dumping" e secar o que resta, por não sentir entraves.
Já assistimos aos Hipermercados e aos Shopping Centers a “rebentar” com o comércio tradicional, aos Bancos e Seguradoras a "rebentar" com os “privados” na Saúde.
Agora aumentam diariamente as “franchising” na Hotelaria, na Restauração e nas Imobiliárias e surgem de novo na Veterinária e nos Dentistas.
Vamos todos trabalhar para as Multinacionais.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Regina TS
Regina não tem nome na praça. É uma mulher sensível, que em muitos dos seus espaços de lazer, pacientemente brincou com as linhas para construir este quadro.
Lindo porque o é. Mais ainda por ser lembrança diária ao lado de uma lareira.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Kiruna
The Kiruna mine is the largest and most modern underground iron ore mine in the world.
Há anos, em conversa familiar sobre deslocalização das populações, tomei conhecimento das Minas de Malmberget na Suécia.
O que me foi dito é que a exploração desta mina, não levou a que se deixassem de aproveitar outros jazigos mais pequenos e relativamente pobres, para evitar problemas sociais e garantir um desenvolvimento equilibrado das regiões – os dados são de 1974, mas ficou-me a ideia.
Num capitalismo assanhado, como aquele a que estamos votados, tal não seria possível.
Era mais provável uma exploração gananciosa que arruinasse gentes e ambientes em poucas décadas.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Coros
É inveja o que me assola, quando vejo, esta capacidade de pôr crianças a cantar com esta qualidade e todos estes recursos.
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Ferrugem Americana
Quando penso no porquê de se escrever um romance, não consigo deixar de pensar na necessidade em se contar histórias que se conhecem, e que, embora pertencentes a cenários diferentes, se podem conjugar.
Este livro inicia-se ficcionando a deslocalização de uma grande siderurgia e do seu impacto sobre uma cidade construída na sua dependência, e segue o percurso de três jovens e de três adultos apanhados pela progressiva decadência desse espaço, onde a falta de soluções obriga a aceitar como normal o que, anos antes, se combateria.
Chegou-me como um aviso para o que nos espera se continuarmos a viver de “crise em crise”.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Um grande agradecimento
Era Natal. Um dia a obrigar a agasalhos redobrados. Na baixa um mar de gente formigava pelas lojas na procura do objecto “único” para alegrar aqueles para quem a mente nos foge. Um papelinho no bolso a orientar trajectos, e nas mãos as sacas com os presentes já comprados. Assim embrulhados pouco nos distingue da mole que se move entre o fumo das castanhas.
Hernâni, era um cirurgião experiente que a grande cidade, aqui e além, reconhecia. Viera com a mulher, mas saíra da loja, onde ela demorava, incomodado com o calor. Observava o movimento. Cumprimentara já três ou quatro pessoas, mais por resposta a olhares que lhe pareciam dirigidos, que pelo conhecimento exacto de quem vinham. Depois aparecera o Ulisses. Falara da família e de coisas da profissão e despedira-se com “Um Bom Natal!” e uma palmada nas costas.
Olhava o relógio, para se reajustar à tarde que se encurtava, quando as duas mulheres se lhe dirigiram, sorridentes. Olhou à volta, na procura de outro alvo. A mais nova lembrava-lhe alguém, mas a mais velha, nos seus sessenta anos ainda frescos, não a associava a nada. E era essa que se preparava para o beijar e fazer festa.
-Oh! Dr.! Um Bom Natal! Lembra-se de mim?
A profissão facilitara-lhe os contactos. Alguns estavam fixados na doença, sem os atavios que dão dignidade a um corpo nu, e fora desse contexto raramente os identificava. Mais uma vez confrontava-se com a necessidade de fazer conversa de circunstância, na esperança de encontrar a ponta para lhes chegar. – Um Bom Natal para si também! Como está? Anda bem?
A filha, atrás despistara-lhe o embaraço. -É a minha mãe! Eu sou a Leonilde. Fui sua aluna na Escola de Enfermagem! Lembra-se de ela ter ido connosco naquela viagem que os finalistas organizaram à neve?, e num repente fez-se luz .
- Então não me havia de lembrar! Aquilo é que foi um susto!, disse, enquanto lhe retribuía o abraço. – Desculpe não a ter logo identificado, mas estava a procurá-la na “gaveta” dos doentes! Claro que me lembro! Tão aflita que a senhora estava, naquele autocarro cheio de jovens!
-Foi, foi, Sr. Dr.! A noite estava tão serrada e fria, que se o Dr. não tivesse saído comigo para o meio do campo, com a sua lanterna de ver gargantas, fazia mesmo nas calças. Tinha tanto medo de ir sozinha com a minha filha. Sei lá. Até lobos podiam aparecer!
-E eu a pensar que a tinha tratado de uma doença mortal!
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Oh, Sorte Malvada
Carmina Burana - O Fortuna Carl Orff
O fortuna, - Oh, Sorte
Velut luna Statu variabilis, - Variável como a lua
Semper crescis Aut decrescis; -Sempre crescendo ou decrescendo
Vita detestabilis, Nunc obdurat, Et tunc curat - Vida detestável, agora oprime, depois alivia
Ludo mentis aciem, -Brinca com o desejos das mentes
Egestatem, Potestatem Dissolvit ut glaciem. -Pobreza, Poder Dissolves como gelo
Sors immanis Et inanis, -Destino monstruoso e vazio
Rota tu volubilis Status malus, -Tu, roda volúvel, és malévola
Vana salus semper dissolubilis, - Vã Bondade que sempre leva a nada
Obumbrata, Et velata, Michi quoque niteris, - Obscura e velada também me amaldiçoaste
Nunc per ludum, Dorsum nudum Fero tui sceleris. - Agora - por diversão - trago o dorso nu à tua vilania.
Sors salutis sorte, Et virtutis Michi nunc contraria; -O destino da saúde e virtude me são contrários,
Est affectus, Et defectus, Semper in angaria; -Dás e tiras sempre escravizando
Hac in hora, Sine mora, Corde pulsum tangite, -Então agora, sem demora, tange essa corda vibrante;
Quod per sortem, Sternit fortem, Mecum omnes plangite. -Já que o destino extermina o forte, chorai todos comigo.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Dadores de Sangue
Ao que parece houve um significativo aumento nas dádivas de sangue, apesar do decreto-lei n.º 113/2011, de 29 de Novembro só dar isenções nas taxas dos dadores "nas prestações em cuidados de saúde primários” e revogar o decreto-lei 294/1990, que lhes dava também isenção nos meios auxiliares de diagnóstico e consultas hospitalares.
A crise aumentou o número de dadores, contrariando as afirmações de algumas Associações de Dadores. É que, em tempo de vacas magras, “nada se pode perder”.
Nos últimos dias de Dezembro foi uma avalanche para a segunda dádiva, com novos dadores e até houve gente a tentar aldrabar. Um fulano de sessenta anos, desvalorizou uma angina de peito, recentemente diagnosticada, e falou em pedir o Livro de Reclamações quando se lhe recusou a dádiva.
-É clássico. Primeiro teme-se uma grande perda e depois, como ela não vai ser tão grande, há um alívio e aceita-se.
Lembra-me a anedota em que um indivíduo dá a notícia da morte dos pais a outro. Começa por lhe dizer que na aldeia tinha havido uma grande desgraça e que tinha morrido toda a gente. E antes que ele caía em si, alivia-o, dizendo: - Está descansado. Era eu a exagerar. Não morreram todos! Só morreu o teu pai e a tua mãe!
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Histórias de jovens médicos
Já todos trabalhávamos. Uns aqui, outros acolá, mas o hábito de nos juntarmos depois do jantar, persistia.
O grupo incluía jovens médicos, engenheiros e economistas.
Falava-se de tudo, mas os temas "gajas", "doenças" e "futebol" levavam à palma todos os outros.
O Filipe, era engenheiro e vivia longe. Casara rico. A mulher apertava-lhe as voltas e rareava-se em fugidias aparições, no meio de pressas e temores, mas, nesse dia, aparecera como se um peso lhe tivesse saído das costas.
- "Então? Deram-te folga?", quase perguntámos em uníssono ao vê-lo de riso aberto e com intenções de ficar para além das habituais horas de recolha.
Tinha sido operado às hemorróides. Uma urgência adiada a atirá-lo duas semanas para a cama. Um mau bocado. Agora, com as pernas a exigirem marinhanço, pedira a noite e viera ao Café contar os desconfortos.
E quem te operou?, pergunta alguém.
- "Foi o Prof Araújo T. Aquele a quem vocês chamam o “seis menos cinco” por andar com passinhos miudinhos, muito direito e com a cabeça ligeiramente inclinada para a esquerda!"
O Armando, que até aí pouco se interessara, arrastava agora a cadeira para entrar na conversa.
-"O “seis menos cinco!?”, espantava-se. "Em que dia?"
E o Filipe, no seu palco improvisado, a desbobinar pormenores. Da urgência da coisa, do local e hora e da conta a pagar. O preço do cirurgião, do ajudante, do anestesista, da instrumentista e mais não sei quanto para a medicação e para a hotelaria. Uma conta calada, desabafa, mesmo sabendo que antevíamos o papá a cobrir essas e outras despesas.
- "Oh pá! Nesse dia fui eu que estive a ajudar o Professor na Casa de Saúde!", assume o Armando que, nessa altura, dava os primeiros passos na clínica privada.
-"E não disseste nada? Podias ao menos ter cumprimentado!",
-"Sabia lá eu que eras tu! Quando entrei no Bloco Operatório, já estavas anestesiado e coberto, e saí antes de teres acordado. Foi a primeira vez que te vi o traseiro! E digo-te mais, se fores lá outra vez, avisa, porque eu não o tenho na memória!"
- "Se houver próxima, espero que seja lá bem para o longe! E não te esqueças que as minhas hemorródes já te deram de comer!"
....
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Agricultura
O sr Joaquim tem 53 anos e uma barriga que salta das calças para rasgar a camisa pelos botões. Nele tudo cheira a muito usado. Coxeia da perna esquerda, mas mesmo assim é ele que vai à frente. A jaqueta de camurça verde, ensebada nos bolsos, com três buracos nos ombros, deve ter mais histórias para contar que aquelas que o pároco da aldeia ouviu em confissão. Foi lavrador e comerciante de gado, quando havia feiras por todo o lado. Agora o “progresso” atou-lhe os pés e as mãos e desistiu. Quer vender o terreno que foi o ganha-pão dos seus antepassados. Os porquês, explica-os em frases curtas, arrancadas a custo, daquela boca onde faltam peças. “Este campo, há três anos, esteve todo a tomate. Depois acabaram as cotas e ficou para pasto de ovelhas, como os outros. Mas houve tempo em que tive tudo a milho. Agora não se consegue produzir nada, com o preço dos adubos e do gasóleo sempre a subir e sem que se pague mais ao produtor".
Andamos mais uma centena de metros, ao longo dos arames que limitam a propriedade. -“Este buraco aqui, é uma charca. Está a precisar de limpeza, mas tem água todo o ano. Ali mais abaixo, antes de chegar ao ribeiro, há outra! Os animais vêm beber aqui. Tem a fundura de uma homem, mas é sempre em declive, para os animais não caírem. Esta terra dá de tudo. Agora está para ovelhas. Não vale a pena cultivar o que quer que seja. São doze hectares de terra boa e com água o ano inteiro". Pára à saída de um cano no chão, e abre a torneira para mostrar um jorro de água. – "No verão, abro aqui e fica toda a noite a regar sem nunca parar. Só do outro lado é que é preciso pôr um motor no ribeiro. Mas água não falta!" Repete.
Andamos até ao coberto onde deixou o Fiesta meio desconchavado, em que chegou. As poucas portas que sobram estão fechadas por arames. Nas zonas abertas os fardos de palha esboroam-se por cima dos restos das alfaias esquecidas. O telhado de zinco ainda aparenta alguma solidez. Mais à frente, um pomar de citrinos resplandece de frutos.
- "Ainda por cima a minha mulher ficou doente dos ossos e tenho de a levar, todas as semanas, ao Hospital para lhe darem uma injecção".
-"E o Sr. Joaquim não tem filhos que queiram pegar nisto?", pergunto.
Tem dois. Um em Lisboa e o outro na Guarda. Têm melhor vida que aquela que ele vive aqui. -"A agricultura não interessa a ninguém. Cada vez há menos gente por estes lados, não há feiras e estamos na mão dos hipermercados que nos esmagam os preços. Se vamos vender fora da região, o preço com os transportes é maior que o daquilo que se fez. Não vale a pena ser agricultor em parte nenhuma, mas aqui … nem pensar! Para mais, puseram portagens nas SCUTs!"
- E quanto é que você está a pedir por isto?
- 70.000 Euros
…
Pobre Portugal agrícola.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Não vá para fora, cá dentro!
Viana do Castelo a Castelo Branco – 364 Km
Viagem - 3 horas e 34 minutos por auto-estrada.
Gasóleo: ~90 Euros (ida e volta)
Portagem: 56 Euros (ida e volta)
Total: ~146 Euros
Viana do Castelo a Paris - 1.212 Km
Porto - Viana do Castelo – Portagens: 8.10 Euros (ida e volta)
Gasóleo: 15 Euros (ida e volta)
Porto - Paris – (ida e volta) de avião low cost: 53 Euros – 2 horas
Total: ~76 Euros
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
in extremis
Não te conheço de lado nenhum. Chegaste como "tentativa de suicídio" por teres escrito uma carta de despedida antes de te encontrarem moribundo na casa onde, sozinho, te degradaste. Dizem que te cortaram a água e a luz por falta de pagamento, que bebias, e que nem sempre foste o qualquer que agora pareces.
Estás num fio. A custo negas o suicídio, enquanto se te vão diagnosticando as maleitas: pneumonia, cancro no esófago e uma úlcera perfurada a exigir cirurgia urgente.
Nesta arte, em que se encaixam as “verdades credíveis”, o que uns tomam por desleixo, outros entendem abandono. Rotulado de alcoólico e isolado, foste definhando até se estranhar a tua ausência.
Agora é um correr aos recursos – urgências, análises, TACs, cirurgias e medicamentos, para impedir que se escoe a última gota, quando o mais de ti já se foi.
Damos tudo para te salvar quando tudo desistiu de ti! ... Até tu!
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
Futeboys
Ou tu não os tens, ou eu não tos acho. Ou estão mais acima, ou estão mais abaixo!
Que vais fazer com a selecção de cinco estrelas e o Catroga a milhas do teu discurso?
-Aumentar o preço da luz e o das transmissões na RTP1?
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Outros males
-Dona Emiliana! Dormiu bem?
-Mais ou menos! Não fosse as enfermeiras acordar-me para tomar os comprimidos, ... com aquela água fria como a neve! … Eu lá em casa, tomo-os com água morna, quebradinha da friura.
-E para que eram os comprimidos que tomava?
-Eram para essas doenças caganeiras, de tomar remédios quando se anda bem!
…
sábado, 7 de janeiro de 2012
Óbitos
Morrer é tão inevitável como pagar impostos. Mas há que prever o futuro, pois uma morte mal planeada, pode vedar o reino dos céus, dificultar a vida dos nossos ou até dar azo a risos no funeral ou quiçá anos depois.
Longe vai o tempo em que a morte súbita era a mais indesejável, por não permitir fazer as contas com que se evitam os muitos crivos por onde as almas passam para chegar aos Paraísos.
Nos jornais de agora, lê-se na necrologia ou em notícia das figuras públicas que: morreu vítima de doença prolongada, de doença súbita, de acidente de viação, de enfarte, de problemas cardíacos, de um cancro, por Acidente Vascular Cerebral "fulminante", e de vez em quando lá aparece alguém que se finou atropelado, na sequência de complicações pós-operatórias, que se suicidou “ao saltar da varanda” ou por ter sido atingido pela porta da garagem de sua casa, quando se preparava para ir treinar.
Nestes últimos casos esboçamos um sorriso, pela invulgaridade, mas foi o que “constou” e o que vai ficar no imaginário colectivo.
Outro tempo, aqui no burgo, e a julgar pelos Assentos de Óbito de há 200 anos, dos párocos da Igreja das Almas, local de enterramentos da população vianense, outras eram as causas. Neles nem sempre se morre com razão, mas onde ela consta, é definida, as mais das vezes, como: repentinamente, de acidente, apareceu morto, de estupros, de bichas, de lombrigas, de vermes, de bexigas, de uma febre, de hidropisia, de tísica, de parto. Escaldado, afogado, assassinado, esmagado. De decrepitude, de velhice, maligna, de disenteria, de um fluxo de sangue, de estertor, de esgana, de garrotilho, de coqueluche. De gangrena, de obstrução, catarral, de apoplexia, de uma moléstia interior, de um ataque de sangue, de inchaço, interior, de um vómito preto, de sarampelo, de uma solampica. Até de “uma desgraça” se morria.
Mas se estes são registos “leigos”, nem sempre as actuais Certidões de Óbito vão mais longe, por pouco conhecimento do doente/doença, ou pelo pouco interesse científico de quem as passa.
Ocorre-me o dia em que um médico da "velha guarda", surpreendido pela morte de um doente recém-admitido no Serviço de Urgência, decide “certificá-lo” com o diagnóstico de “úlcera gástrica”. Face à improbabilidade de tal mal ser causa de tão súbita morte, alguém mais avisado contesta-o: "Dr. X! Você não tem nada que suporte esse diagnóstico. Só sabe que, à entrada, ele se queixou de “uma dor no estômago”. O melhor é passar a Certidão com “causa indeterminada” e deixar que outros decidam a oportunidade de uma autópsia".
Ao que ele, pouco dado a primores, respondeu, peremptório: “Ainda há pouco, passei uma como causa indeterminada. Agora passava outra!? Hoje, era o dia das indeterminadas!? Vai assim que vai muito bem!"
E foi…
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Braga Pop Hostel
...
A escolha de Bruxelas acabou por ser o empurrão que faltava a Helena Gomes, 32 anos, que há muito alimentava a vontade de abrir um hostel. Pop é o primeiro do género na cidade e já foi distinguido pelo site hostelbookers. Veterinária, com um vínculo precário no horizonte, Helena diz ter encontrado a altura certa para mudar de vida. Alugou um apartamento entre o Campo da Vinha e a Igreja da Lapa, remodelou-o, encheu-o de cores e abriu-o ao mundo.
Quem sobe as escadas até ao terceiro andar do Pop são sobretudo espanhóis, alemães, australianos. Muitos marcam uma noite e acabam, por ficar várias. Parece que se encantam com a cidade. “Dizem que é linda”, que respira história, e realçam o acolhimento, a simpatia das pessoas”, conta Helena, sentada nas almofadas às riscas da sala com vista para o Sameiro.
Nascida em família de médicos, a dona do Pop, tem uma marquesa a fazer de sofá. Se deitasse lá a Braga para onde se mudou em 2004, vinda de Viana do Castelo, concluiria que ela passou por uma grande mudança de mentalidade. “Quando cheguei, era uma cidade pouco activa. Agora, as pessoas já não só consumidoras, têm vontade de fazer coisas. E não há uma negação da tradição. Há vontade fazer uma cidade jovem dentro dessa”.
Num passeio pelo centro, rapidamente se encontra uma mão-cheia de exemplos que corroboram a opinião de Helena. A zona do Rossio, ….
O Título da Reportagem é "Braga: O elixir da juventude" e saiu na Visão desta semana. Esta é a página 74.
É um mundo diferente daquele que conheci, quando se estudava para uma profissão e, se havia qualidade, o sucesso estava garantido.
Agora a escolas produzem licenciados bem acima das necessidades, e quem está "instalado" contrata-os ao preço da "uva mijona".
Resta-lhes emigrar ou procurar alternativas que lhes dêem alguma independência.
"A ver vamos", como diz o cego!
Viva o "Braga POP Hostel"
Viva!
Clique na imagem, e aumente a definição do écran no canto inferior direito, para poder ler
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Carta aberta a Passos Coelho
Caro Passos Coelho:
Esta é segunda vez que te escrevo. Na primeira avisei-te. Não quiseste esperar e avançaste como se tivesses solução para este drama. Agora temo que daqui a uns meses vás também estudar Filosofia, embora por motivos diferentes.
Quero dizer-te a minha admiração. Saíste melhor do que eu pensava. Essa de te rodeares de tecnocratas foi uma boa solução, e até acredito que eles estão a dar o seu melhor para pagarem o que se deve.
Mas esta máquina tem fugas por todos os lados. Aperta-se daqui e bufa acolá, e um pingo de solda queima sempre qualquer cola que atamancava a coisa, e surge novo trabalho. Não vais ter mão nisto. A Troika só cá está pelo dinheiro. Está-se a borrifar para o desenvolvimento do país.
A nossa sorte era que a Europa do Norte quisesse um bom sítio para férias ou para Lares para quem, no Inverno, goste de sair e sentir um solzinho nas costas.
Desenvolvimento liderado pela malta de cá, “já foi”! Ninguém acredita! Quem actualmente está num lugar decisório, está comprometido até à medula com o sistema. Se fizer muitas ondas, descobrem-lhe a careca e é comido vivo. O descrédito é total.
Também não tens massa crítica para mudar. O português “moderno” está programado para se safar no meio do barulho. Já se escaldou. Agora insulta, manda uns bitaites para o meio do barulho e fica a ver no que param as modas, e se notar uma cadeira vaga, salta para lá feito sonso.
Queres nomes? Para quê? Esbarravas logo em advogados ou num qualquer que conhece a secretária de alguém importante e lhe mete um papel “à má fila” debaixo do nariz para ele assinar de cruz e, de sarilho em sarilho, rapidamente ninguém sabe como tudo começou.
Tu pareces convencido de que vais continuar a poder vender esperança, confiança e "transparências". Mas quando a coisa ficar preta, ninguém vai querer continuar a ser vítima das opções dos bancos e de meia dúzia de empresas de construção civil. Essa gente não vai querer palavras. Vai querer “sangue” e está atenta às PPP que nos desgraçaram e a quem enriqueceu à sombra do Estado e se pavoneia de BMW, nas “Quintas da Marinha” e nos jantares no Tavares Rico. Quer ver esses processos que para aí andam resolvidos com celeridade e não este “encanar a perna à rã para se defenderem os direitos e garantias".
E és tu que tens de dar o mote. Não estás aí só para nos empobrecer. Tens de dar exemplos, e se fores complacente com o enriquecimento ilícito dos políticos (e não só) estás feito, porque de imediato o país vai dizer: “Ah ele é isso?” e desata tudo a dar o pior de si!
Mas não te esqueças que há que criar emprego, porque muita gente sem ter que fazer, cria uma instabilidade do caraças.
Deixa de pensar em "internacionalizações" que só resultam na fuga dos "Jerónimos Martins" e discute nessa Europa políticas solidárias, para que se dificultem as "deslocalizações" e se volte às coisas da terra, com ou sem "doutoramentos" em "choques tecnológicos".
Se precisares de ajuda, diz, mas não demores muito que, até eu que sou um "crente", estou a perder a fé.
Passa bem!
Esta é segunda vez que te escrevo. Na primeira avisei-te. Não quiseste esperar e avançaste como se tivesses solução para este drama. Agora temo que daqui a uns meses vás também estudar Filosofia, embora por motivos diferentes.
Quero dizer-te a minha admiração. Saíste melhor do que eu pensava. Essa de te rodeares de tecnocratas foi uma boa solução, e até acredito que eles estão a dar o seu melhor para pagarem o que se deve.
Mas esta máquina tem fugas por todos os lados. Aperta-se daqui e bufa acolá, e um pingo de solda queima sempre qualquer cola que atamancava a coisa, e surge novo trabalho. Não vais ter mão nisto. A Troika só cá está pelo dinheiro. Está-se a borrifar para o desenvolvimento do país.
A nossa sorte era que a Europa do Norte quisesse um bom sítio para férias ou para Lares para quem, no Inverno, goste de sair e sentir um solzinho nas costas.
Desenvolvimento liderado pela malta de cá, “já foi”! Ninguém acredita! Quem actualmente está num lugar decisório, está comprometido até à medula com o sistema. Se fizer muitas ondas, descobrem-lhe a careca e é comido vivo. O descrédito é total.
Também não tens massa crítica para mudar. O português “moderno” está programado para se safar no meio do barulho. Já se escaldou. Agora insulta, manda uns bitaites para o meio do barulho e fica a ver no que param as modas, e se notar uma cadeira vaga, salta para lá feito sonso.
Queres nomes? Para quê? Esbarravas logo em advogados ou num qualquer que conhece a secretária de alguém importante e lhe mete um papel “à má fila” debaixo do nariz para ele assinar de cruz e, de sarilho em sarilho, rapidamente ninguém sabe como tudo começou.
Tu pareces convencido de que vais continuar a poder vender esperança, confiança e "transparências". Mas quando a coisa ficar preta, ninguém vai querer continuar a ser vítima das opções dos bancos e de meia dúzia de empresas de construção civil. Essa gente não vai querer palavras. Vai querer “sangue” e está atenta às PPP que nos desgraçaram e a quem enriqueceu à sombra do Estado e se pavoneia de BMW, nas “Quintas da Marinha” e nos jantares no Tavares Rico. Quer ver esses processos que para aí andam resolvidos com celeridade e não este “encanar a perna à rã para se defenderem os direitos e garantias".
E és tu que tens de dar o mote. Não estás aí só para nos empobrecer. Tens de dar exemplos, e se fores complacente com o enriquecimento ilícito dos políticos (e não só) estás feito, porque de imediato o país vai dizer: “Ah ele é isso?” e desata tudo a dar o pior de si!
Mas não te esqueças que há que criar emprego, porque muita gente sem ter que fazer, cria uma instabilidade do caraças.
Deixa de pensar em "internacionalizações" que só resultam na fuga dos "Jerónimos Martins" e discute nessa Europa políticas solidárias, para que se dificultem as "deslocalizações" e se volte às coisas da terra, com ou sem "doutoramentos" em "choques tecnológicos".
Se precisares de ajuda, diz, mas não demores muito que, até eu que sou um "crente", estou a perder a fé.
Passa bem!
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Terceiro Aniversário
Este Blog vai fazer 3 anos.
São pouco mais de mil postagens, que traduzem uma memória e um estar, passível de crítica, como tudo o que existe. É um jogo de fim de dia, que pouco mais de cem leitores acompanham diariamente. Bem hajam!