Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
sexta-feira, 30 de maio de 2014
The last time
"I Shall Be Released"
They say everything can be replaced
They say every distance is not near
So I remember every face
Of every man who put me here
I see my light come shinin'
From the west down to the east
Any day now, any day now
I shall be released
They say every man needs protection
They say that every man must fall
Yet I swear I see my reflection
Somewhere so high above this wall
I see my light come shinin'
From the west down to the east
Any day now, any day now
I shall be released
Now yonder stands a man in this lonely crowd
A man who swears he's not to blame
All day long I hear him shouting so loud
Just crying out that he was framed
I see my light come shinin'
From the west down to the east
Any day now, any day now
I shall be released
segunda-feira, 26 de maio de 2014
Os chinelos
A Fernandinha era uma solteirona bem-disposta. Nessa altura andaria pelos setenta, mas ainda tratava de tudo.
Desde a morte dos seus pais que vivia sozinha, no centro histórico da cidade. Herdara aquele prédio de três pisos, com uma frente de 10 metros, encaixado na rua e confinando, nas traseiras, com um palacete devoluto, à espera de um louco disponível para enterrar lá o dinheiro de uma vida.
Professora primária reformada, mantinha-se activa. Cantava no coro da Matriz e dava explicações na Casa dos Rapazes. Somava horários e pressas ao peso dos anos, das maleitas e ao cuidado da casa, presa às memórias e à insegurança daquele mundo que desabava em seu redor, plasmado no pequeno comércio agonizante e no eterno papagaio que resistia embalsamado à porta da mercearia, para gaudio dos passantes menos distraídos.
Um dia, estranhando a falta dos chinelos aos pés da cama, decidiu percorrer toda a casa. Subiu e desceu escadas. Abriu e fechou portas daqueles quartos há anos fechados de inutilidade para, num pasmo, encontrar num deles, os chinelos desarrumados e logo a seguir uma cama desfeita com um sem-abrigo enrolado num velho cobertor.
Mal refeita do susto, perguntou-lhe decidida: - O que é que o senhor está aqui a fazer?, e ouviu a voz sumida do pobre homem responder-lhe, temeroso: - Eu … vivo aqui, ... há uns dias!, enquanto se arrumava para sair pelas traseiras, por onde entrava sorrateiro ao fim do dia.
Dizem que o coração da Fernandinha a impeliu a deixá-lo lá ficar, que mais não fosse, aquela noite, mas que o medo de um homem tão perto, e a lembrança dos yogourts e da fruta que vinham faltando no frigorífico, mais as pratas de que desconhecia o destino, não deram sorte àquela aparição, e nem considerou a hipótese do príncipe, da bruxa má e do encantamento, que um terno beijo pudesse vir a quebrar.
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Agradecimento
(Clique para aumentar)
Todos gostamos que reconheçam o bem de que fomos capazes e não há nada mais humano do que agradecer a quem nos fez bem, principalmente quando sentimos que fez diferença, face ao expectável.
Nem é todos os dias que alguém vem de longe para nos dar uma carta e um abraço, com os olhos rasos de água, a agradecer o trabalho de uma equipe que soube estar à altura de um momento solene na vida de todos nós, como o é a morte de um ente querido.
Recebi-os incluindo mentalmente quem ali esteve naquelas horas.
Foram muitos. Mas não podiam ser todos, porque até para morrer ... é preciso ter sorte!
Foram muitos. Mas não podiam ser todos, porque até para morrer ... é preciso ter sorte!
quarta-feira, 21 de maio de 2014
sábado, 17 de maio de 2014
quinta-feira, 15 de maio de 2014
Condescendentes
Somos um país disposto a perdões. Gente de “likes”, preocupada com causas sem compromissos, condescendente com a incompetência, porque “ele no fundo, não é má pessoa” e com a corrupção porque “comparado com outros, aquilo que ele faz, … são trocos”.
À nossa desvalorização interna e externa, respondemos com um simples "tudo se há-de arranjar", conformando-nos com a incontinência financeira dos gestores públicos que alimentam os seus egos e o bolso dos amigos que lhes atribuem valor “no mercado” à custa de um "brutal aumento dos impostos".
Temos um Estado que não vigia os desmandos e facilita as impunidades, e uma elite tão ocupada com o dia-a-dia, que esquece que a credibilidade de um país depende mais da resolução de casos como o BPN, dos submarinos e de todas as negociatas dos que fizeram da política trampolim, do que de um pagamento mais ou menos célere aos credores.
Tudo é tolerado se for "um bocadinho de cada vez" e, se for anunciado o péssimo e acontecer o mau, respiramos de alívio, porque evitámos umas "chatices".
Só os "grandes gestos" nos merecem reacção, e esquecemo-nos de que são os muitos poucos que fazem o muito.
Esperámos sentados que uma data alterasse o nosso modo de estar neste Mundo em rápida mudança, onde a irresponsabilidade se paga, e qualquer um assume lideranças, porque sabe, à partida, que, faça o que fizer, não haverá consequências negativas.
À nossa desvalorização interna e externa, respondemos com um simples "tudo se há-de arranjar", conformando-nos com a incontinência financeira dos gestores públicos que alimentam os seus egos e o bolso dos amigos que lhes atribuem valor “no mercado” à custa de um "brutal aumento dos impostos".
Temos um Estado que não vigia os desmandos e facilita as impunidades, e uma elite tão ocupada com o dia-a-dia, que esquece que a credibilidade de um país depende mais da resolução de casos como o BPN, dos submarinos e de todas as negociatas dos que fizeram da política trampolim, do que de um pagamento mais ou menos célere aos credores.
Tudo é tolerado se for "um bocadinho de cada vez" e, se for anunciado o péssimo e acontecer o mau, respiramos de alívio, porque evitámos umas "chatices".
Só os "grandes gestos" nos merecem reacção, e esquecemo-nos de que são os muitos poucos que fazem o muito.
Esperámos sentados que uma data alterasse o nosso modo de estar neste Mundo em rápida mudança, onde a irresponsabilidade se paga, e qualquer um assume lideranças, porque sabe, à partida, que, faça o que fizer, não haverá consequências negativas.
terça-feira, 13 de maio de 2014
domingo, 11 de maio de 2014
A Pérgula
Primeiro falou-se com quem sabe. Depois arranjam-se os materiais e contratou-se um executante.
Deus quis, o homem sonhou (e pagou) e ... a obra nasceu.