A agressão da aluna de 15 anos do 9º ano, à professora de Francês, na Escola Carolina Michaelis no Porto, por causa de um Telemóvel, evidencia a indisciplina da turma e a incapacidade da professora em gerir o conflito.
A democratização do ensino levou para dentro das Escolas as famílias sem ambição de diferenciação que, por tal motivo, desvalorizam a sua utilidade.
A Escola actual não separa os alunos de acordo com a capacidade em aprender, e oferece-lhes programas que não respeitam as opções das famílias, com claro prejuízo para alunos e professores.
Autoridade pressupõe que na Sala de Aula o professor representa a Escola e o aluno representa a sua família, e que os códigos de conduta estão previamente definidos.
A democratização no acesso à Educação, à Saúde e à Justiça, desvalorizou o trabalho dos profissionais do Estado pelo facto de muitos portugueses ignorarem o preço que custa garantir a eficiência destes sectores.
Este é sem dúvida um caso paradigmático do estado da nação.
ResponderEliminarPara tudo aquilo que acontece a cultura instituída é atribuir responsabilidades às instituições e em última análise ao estado. Aluna agride professora? Pois a culpa é certamente do estatuto do aluno, ou da professora que não sabe impor disciplina, ou da ministra que desrespeitou os professores.
Estranho é que quase ninguém constate o óbvio: se os alunos recorrem constantemente às agressões físicas e verbais é porque esse é o exemplo que trazem de casa. Os pais, para além de não educarem, não tem cultura nem valores, o que faz com que ao ser confrontados com situações deste tipo a sua reacção seja também agredir as figuras de autoridade envolvidas (sejam elas professores ou contínuos da escola). O que faz falta é destruir pela base esta noção, que grassa livremente, da total inconsequência dos actos praticados. Falemos menos de contextos desculpabilizantes e mais de responsabilidade individual.
Crime e castigo, como diria Dostoiévski.
Est modus in rebus, como diriam os romanos.
Concordo em absoluto com o comentário anterior. Falta responsabilidade pessoal: aos pais, aos alunos, aos professores, a quem rege a banda nacional.
ResponderEliminarNão consigo encontrar profissão que tenha sido tão maltratada nos últimos anos, como a do professor.
Conheço vários. Nunca os vi tão desmotivados.
Os pais demitiram-se do seu papel de educadores. Arquivam os filhos em locais que os não podem substituir praticamente desde que estes nascem. Depois, para os compensarem da atenção e até mesmo do afecto que lhes não dedicam, permitem-lhes quase tudo e enchem-nos de coisas que lhes não faziam a mínima falta.
Hoje em dia, chumbar ou repreender um aluno é crime de lesa magestade. Para se obter um resultado mínimo, nivela-se por baixo. O desejo desenfreado de aumentar os níveis de escolaridade do país subverteu completamente o sistema educativo. E é fictício. Não aumenta, só porque em meia dúzia de meses lhes dá o 10º, ou 12º ano. Por dentro, continuam iguais.
A sociedade em que vivemos tem dado ênfase total ao "ter" em vez do "ser".
São poucos os miúdos que ainda mostram traços de alguma educação e civilidade.
Por outro lado, suponho que as constantes reformas do ensino não têm sido feitas de forma a tornar o processo apelativo para as camadas mais jovens. Para a maioria deles, escola é sinónimo de "chatice".
Finalmente, e porque há sempre muito mais do que uma perspectiva, duvido também que todos os nossos professores se esforcem por dar o seu melhor.
Tremo, só de pensar, que dentro de 10, 15 ou 20 anos estes miúdos serão os nossos advogados, juízes, médicos, engenheiros e por aí fora.
Na hiperligação em ´códigos de conduta', pus um comentário de uma surfista do Haway de 14 anos com que me identifico plenamente.
ResponderEliminarÉ triste que tenha sido este comentário que mais me tenha satisfeito, pois li dezenas deles de bloggers e comentaristas profissionais.
Quando se definem princípios a soluções são simples, mas ficam complicadas quando "damos voz activa a quem nem a passiva merece".