domingo, 9 de março de 2008

Higiene Pessoal

A higiene é um dos dados adquiridos da nossa sociedade. Os banhos diários, a roupa lavada e perfumada são comuns e, só por desleixo ou incapacidade é que se descuram estes hábitos.
Quando agora entramos no WC de qualquer restaurante já não são comuns os cheiros de há bem poucos anos, há sabonete e papel higiénico e, se qualquer destas coisas falta, dá-nos vontade de pedir o Livro de Reclamações.

Mas este estar é muito recente.

As normas de higiene na Europa caíram com a queda do Império Romano (476 DC), onde o banho regular era uma marca de civilização. A construção de Banhos Públicos de água quente e fria com disponibilização de massagens era comum nas suas cidades, bem como a construção de esgotos para drenagem das latrinas públicas e privadas. Embora conhecessem o sabão ignoravam as suas propriedades detergentes e para remover o lixo do corpo untavam-se com um óleo aromático e depois raspavam o corpo com o strigil.


No período que se lhes seguiu os banhos eram um luxo dos muito ricos. O sabão que fora trazido para a Europa do Médio Oriente pelos cruzados (1095-1272), era pouco usado pelo vulgo e os hábitos de lavagem estavam condicionados pelo conceito de que para uma boa saúde o corpo havia de estar protegido do ar e da água.

No início do século XX as parisienses era conhecidas pelo seu mau cheiro que tentavam camuflar com perfume.

Para a limpeza depois de defecar, os romanos usavam um pau com uma esponja numa das pontas que lavavam num balde com água salgada.


Na idade média e moderna usava-se o que estivesse à mão: troços de milho, folhas de Verbascum , cascas de mexilhão ou na melhor das hipóteses farrapos de tecidos de algodão ou de linho.
Na época do Rei Sol (Luís XIV – 1638 – 1715) em Versailles havia poucos WC e era comum os cortesãos agacharem-se em qualquer canto.
Quando Gutemberg (1390-1468) inventou a imprensa não sonhava que muito do papel escrito iria substituir aqueles materiais, já que o papel higiénico só surgiu em ~1880.

O Bidé surgiu em França em ~1700 e mantem-se raro em Inglaterra e nos USA, mas conquistou o Japão, onde inicialmente se usavam algas, uns paus de madeira (chu-gi) e desde ~1700, papel.
Para os muçulmanos não há dúvidas: a mão esquerda e água, mas na sua falta pedras ou terra e mão esquerda. Os mais radicais trazem torrões de terra no turbante e pequenas garrafas de água para esse próprio fim e consideram os ocidentais pouco higiénicos, argumentando que o papel não limpa na totalidade.

Durante toda a Idade Média e até finais do Século XIX, entendia-se que as doenças se propagavam pelos maus cheiros pelo que os sanitários eram desviados o mais possível das habitações. Só em finais do século XIX é que houve tecnologia suficiente (sifões) para lhes impedir os cheiros e os poder trazer para o interior das casas.
O penico foi um objecto presente até início do século, para as necessidades da noite.

A moderna indústria petrolífera (~1850) e eléctrica (finais do Século XIX), permitiram o mais fácil o aquecimento das casas e da água e contribuiram assim para a higiene pessoal no mundo ocidental.

3 comentários:

  1. Antes de mais os parabéns pelo entusiasmo que se lê!... Serei visita frequente!

    Relativamente à conversa de ontem, seguem os links de que falava e que mais uso:
    http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
    http://dictionary.reference.com/
    http://ciberduvidas.sapo.pt/

    Quanto ao tema... é curioso pensar o futuro, entre a falta de água que se antevê e a reduzida dimensão dos espaços habitacionais!
    Fica a proposta vencedora de um concurso internacional de Desenho Industrial e Inovação, com o tema "uma casa de banho para um pequeno apartamento" (http://jn.sapo.pt/2008/02/27/porto/wc_minusculo_vale_premio_internacion.html).

    Abraço,
    F

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  2. Meus alunos da Faculdade de Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Campinas/SP Brasil, estão fazendo um trabalho sobre o sabonete. Gostaria que, se puderes, enviasses uma bibliografia.
    Profª Dulce

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  3. Alguma da informação é da Wikipédia e outra de sites que não anotei.

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