Toda a vida tem por fim último persistir. O seu primeiro esforço é manter-se vivo e o segundo é reproduzir-se logo que possível.
O homem para garantir o sucesso da descendência necessita de investir na educação e, como um único progenitor dificilmente leva a bom termo tão exigente e prolongada tarefa, as sociedades humanas desde sempre lutaram para estabilizar as famílias, criando regras que limitem os excessos e pacifiquem as faltas de oportunidade ou incompetência, desviando as energias para o colectivo e garantindo a influência sobre os genes dos outros.
Mas, embora “aqueles que por obras valorosas se vejam da lei da morte libertados”, um filho é o modo natural de ser eterno, principalmente quando se acasala com alguém "que nos completa" e nasce um ser "que junta o melhor de cada um dos pais".
É curioso. Vejo esta ideia de que os filhos "eternizam" os pais expressa muitas vezes.
ResponderEliminarSou mãe e nunca tal coisa me passou pela cabeça: nem sequer quando fui atacada pela fúria uterina da maternidade, há 20 anos atrás.
Para mim e na altura, o que tinha o seu encanto neste projecto era exactamente o contrário. Ver como é que um ser do qual sería(mos) responsáveis durante tantos anos se desenvolveria e ganharia as suas próprias asas.
Isto, do ponto de vista do desafio pessoal; enquanto projecto de vida com a minha cara metade, confesso que pesou muito o facto de gostar dele ao ponto de me querer fundir ou misturar um pouco mais.
Ainda bem que não estava à espera de me eternizar, porque 20 anos volvidos são mais as diferenças que as semelhanças, o que tem imensa graça.
Acho sinceramente que esta coisa de nos querermos eternizar nos filhos traz grandes problemas.
Retira-lhes ar, reduz-lhes a autonomia, faz deles vítimas de muitas das nossas projecções e ainda por cima é potencialmente conflituoso.
Estarei a ser muito radical?
"Acho sinceramente que esta coisa de nos querermos eternizar nos filhos traz grandes problemas".
ResponderEliminarA eternização é a dos genes!
O que os influencia e condiciona tira quaisquer veleidades de os querermos à nossa imagem e semelhança.
Mas se analisarmos com algum cuidado, não a copa mas a raiz e o cerne, os pais estão lá!
Como se diz em Guimarães: no berço!
É que há quem não tenha tido berço e os bons genes, se é que os havia, ficaram parados!