Levantei-me tarde, tomei o café sentado, coisa que não fazia há meses e, como vou entrar no Serviço de Urgência só ás 13:00h, decido aproveitar a manhã para fazer os 3 domicílios em falta, enquanto me arejo no carro novo.
Está uma manhã de primavera, amena e luminosa. Dou uma volta curta pela cidade a ouvir a música do rádio que sintoniza o meu estado de espírito.
Paro no Largo de Mualde de Baixo em S. Mamede Infesta junto ao portão de uma das quintas que sobrevive. Deito a mão às fichas que estão no lugar do morto. Calculo os trajectos e revejo os registos para me inteirar das maleitas dos doentes, quando, de repente …, uma pancada violenta abana o carro vinda do meu lado direito, seguida do focinho enorme de um boi, a raspar o pára-brisas, largando uma baba imensa, e de umas patas cheias de bosta a escoicear por cima do capôt do meu Fiat 127 azul metalizado.
Finco-me nos pés e subo pelo encosto do assento. No instante seguintes os meus 75Kg estão espapaçados no banco de trás, coração a saltar e os olhos mais arregalados que os do animal, que depois de escorregar repetidamente sobre a pintura numa interminável meia dúzia de segundos, desliza e desata a correr pela rua abaixo, desvairado.
Levanto-me a medo a tentar decifrar o que se passara e a medir os estragos visíveis daquela posição. Através da baba e da bosta, vejo a parte da frente do carro toda amassada.
Saio pela porta de trás, quando chega a correr um camponês esbaforido, dos seus 60 anos vindo do portão de onde presumivelmente saíra o boi. Ao ver o carro naquele estado, deita as mãos à cabeça, desolado:
- “Oh! Meu Deus! O bicho assustou-se com um cão que lhe ladrou e veio pela caminho abaixo desembestado! É o Doutor dos domicílios, não é?! "
-“Sou!" Respondo, ainda atordoado, sem saber a quem acudir primeiro.
-“Oh doutor! E logo no carro novo!”...e o homem afundava-se desgostoso, enquanto dava a volta a avaliar os estragos. E de olhos baixos, sussurrou:
-“Ainda se fosse o cavalo!”
- “O que é que você disse?”, pergunto, como se uma luz surgisse naquele buraco. –“Se fosse o cavalo????”
-“Sim, doutor! Se fosse o cavalo … tinha Seguro! Assim o boi …!”
-“Oh homem! Não seja por isso! .... Foi o cavalo! e ... não se pensa mais nisso!”
E foi o tempo de ele ir buscar o bicho e de eu confirmar que o pneu sobresselente protegera o motor, para entrarmos no carro e irmos directos inculpar um inocente incapaz de qualquer defesa.
Está uma manhã de primavera, amena e luminosa. Dou uma volta curta pela cidade a ouvir a música do rádio que sintoniza o meu estado de espírito.
Paro no Largo de Mualde de Baixo em S. Mamede Infesta junto ao portão de uma das quintas que sobrevive. Deito a mão às fichas que estão no lugar do morto. Calculo os trajectos e revejo os registos para me inteirar das maleitas dos doentes, quando, de repente …, uma pancada violenta abana o carro vinda do meu lado direito, seguida do focinho enorme de um boi, a raspar o pára-brisas, largando uma baba imensa, e de umas patas cheias de bosta a escoicear por cima do capôt do meu Fiat 127 azul metalizado.
Finco-me nos pés e subo pelo encosto do assento. No instante seguintes os meus 75Kg estão espapaçados no banco de trás, coração a saltar e os olhos mais arregalados que os do animal, que depois de escorregar repetidamente sobre a pintura numa interminável meia dúzia de segundos, desliza e desata a correr pela rua abaixo, desvairado.
Levanto-me a medo a tentar decifrar o que se passara e a medir os estragos visíveis daquela posição. Através da baba e da bosta, vejo a parte da frente do carro toda amassada.
Saio pela porta de trás, quando chega a correr um camponês esbaforido, dos seus 60 anos vindo do portão de onde presumivelmente saíra o boi. Ao ver o carro naquele estado, deita as mãos à cabeça, desolado:
- “Oh! Meu Deus! O bicho assustou-se com um cão que lhe ladrou e veio pela caminho abaixo desembestado! É o Doutor dos domicílios, não é?! "
-“Sou!" Respondo, ainda atordoado, sem saber a quem acudir primeiro.
-“Oh doutor! E logo no carro novo!”...e o homem afundava-se desgostoso, enquanto dava a volta a avaliar os estragos. E de olhos baixos, sussurrou:
-“Ainda se fosse o cavalo!”
- “O que é que você disse?”, pergunto, como se uma luz surgisse naquele buraco. –“Se fosse o cavalo????”
-“Sim, doutor! Se fosse o cavalo … tinha Seguro! Assim o boi …!”
-“Oh homem! Não seja por isso! .... Foi o cavalo! e ... não se pensa mais nisso!”
E foi o tempo de ele ir buscar o bicho e de eu confirmar que o pneu sobresselente protegera o motor, para entrarmos no carro e irmos directos inculpar um inocente incapaz de qualquer defesa.
Que belo animal colega!!!!
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