domingo, 24 de agosto de 2008

Uma maçã podre


Pensei em não escrever esta história, por vergonha de ser seu par, mas o mundo é como é, e em todas as profissões há quem esteja à espera de uma oportunidade para mostrar o pior de si.

Ter um nome de família e um Dr. atrás é uma porta aberta e uma obrigação, mas há quem os use para atormentar os aflitos nas suas aflições.
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As inconveniências eram-lhe conhecidas e, embora os mais sensatos o evitassem, havia uns quantos que o instigavam na procura do insólito para uma gargalhada.

Mas vamos à história.
1- Dá entrada no SU um homem de ~30 anos, com um ferida de bala num pé, que viera transportado pelos Bombeiros, unicamente vestido com umas cuecas de senhora e com uma vaga informação de um envolvimento sexual.
2- O doente é colocado à porta do seu gabinete.
3- Um dos amigos patetas procura-o e apimenta-lhe a história.
4- O Dr Y, larga o que está a fazer e a 3 metros do doente, perante a estupefacção de quem estava no corredor, disparou do alto da sua autoridade:
“Oh meu c...! Tu estavas a dar ou estavas a levar?
É que se estavas a levar, eu faço-te um gesso até ao cu que te f...!”

Mais tarde soube-se que fora o irmão da senhora com quem o doente estava que o baleara e que o desventurado, na aflição da fuga, vestira a primeira coisa que encontrara para sair vivo para a rua, no mínimo de decência.

A história tem 20 anos, mas o Dr. Y manteve a prática, alimentada pelos risos alarves, até a idade lhe tirar o viço, já que ignoro ter sido algum murro certeiro a apagar-lhe as más ideias.

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