Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
O Teixo
O teixo é das árvores que mais me surpreendeu, quando aos 40 anos as decidi conhecer.
Tem um crescimento lento e grande longevidade. A sua madeira é resistente, flexível, bastante dura, avermelhada ou castanha, e de boa qualidade. É utilizada no fabrico de peças de mobiliário, em torneados, esculturas e embutidos, e as suas raízes servem para fazer os arcos de violino; é também apreciada por imitar o ébano quando tingida de preto.
Como suporta bem a poda pode ser usado em sebes e ornamentação. É resistente à poluição urbana.
Com excepção dos frutos, todas as partes verdes do teixo possuem um alcalóide tóxico, que o torna perigoso, tanto para os animais como para os homens.
Já os Celtas e os Germânicos antigos conheciam o veneno do teixo, que tinha um papel importante na mitologia dessas civilizações. Para a caça, envenenavam as flechas com suco de teixo, e as suas folhas eram usadas para homicídio e suicídio.
Em Inglaterra a sua presença é comum nos adros das Igrejas, onde algumas destas árvores têm mais de 3 metros de diâmetro e mais de 3.000 anos de idade, sendo por isso mais antigas que as igrejas que lhes estão ao pé. É provável que os teixos tenham uma associação com lugares sagrados pagãos, que a Igreja Cristã adoptou, construindo aí as suas igrejas.
Pensa-se que foram plantadas como símbolo da longa vida das árvores ou árvores da morte. Outra explicação é a de que foram aí plantadas para desencorajar os agricultores e os criadores de gado a deixarem os seus animais devassarem as campas dos mortos, pelo veneno da sua folhagem.
O teixo tem uma forte conotação ao País de Gales em Inglaterra, devido aos seus arqueiros dos séculos XIV e XV, que usavam o teixo para a construção dos seus arcos.
Era usada a parte externa do tronco que engloba o cerne e o carnaz, para aproveitar as propriedades elásticas do carnaz e a resistência à compressão do cerne, e dar a força ao arco sem o deformar. O arco tinha a altura de uma pessoa e uma secção em forma de D, com o carnaz na sua face externa. Era suposto que um arqueiro lançasse pelo menos 10 flechas por minuto a uma distância de 150 a 200 metros, embora os mais experientes lançassem 20. Numa batalha um arqueiro era fornecido com 60 a 70 flechas o que dava para 6 minutos de actividade extenuante. A chuva de flechas que atiravam sobre o exército inimigo, funcionava como uma metralhadora. O arco só foi substituído pelas armas de fogo no século XVI, pois estas não só tinham maior poder de penetração como exigiam menor preparação para as manejar.
O Citostático Paclitaxel (Taxol®) descoberto em 1971, é extraído das folhas do Teixo – Taxus Baccata, embora inicialmente o fosse da casca do Teixo do pacífico (Taxus brevifolia)
É usado no tratamento do cancro do ovário, mama.
Em Viana do Castelo, na antiga casa do falecido dr. Freitas Rosa, encontrei estes dois. - Umas crianças.
Lá ao fundo, no meu jardim, este esforça-se por um lugar ao sol e pelo seu direito aos 3.000 anos.
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