quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ter sorte dá muito trabalho

Num estudo efectuado recentemente, os portugueses consideram que “ter sorte” é mais importante do que o esforço do trabalho para se chegar a rico.
Isto diz muito sobre nós.
Primeiro porque é esse o anseio – ser rico, e depois porque se desvalorizam as competências.
Refere-se aí, que a sorte é o mais importante para 39,5% da população, o esforço para 21,1%, a corrupção para 15,6%, a desonestidade para 11,5% e o tráfico de influências para 6,8%.

Sem querer pôr de lado o flagelo que constituem a corrupção, a desonestidade e o tráfico de influências, é minha opinião que ter sorte dá muito trabalho.

Ter sorte não é para qualquer um. Na nossa vida quando acontece o inesperado, são sempre possíveis dois comportamentos: ou vamos à luta, com trabalho, dedicação e uma vontade férrea de encontrar uma solução sem desistir, ou tomamos uma postura derrotista e lamentamos a pouca sorte, e é aqui que está a grande diferença.

Olhar para a vida dos outros, invejar e tirar conclusões é o dia a dia de quem não lutou por adquirir capacidades, e não admite que a sorte se constrói com esforço, dedicação e trabalho.
É mais fácil avaliar os resultados e emitir opinião sobre o que se viu, sem o conhecimento das noites perdidas, das refeições não tomadas, dos kilómetros percorridos, dos desentendimentos, das portas fechadas, dos avanços e recuos necessários para dez minutos de sorte, sem perceber que a sorte não se espera, procura-se.

Doris Day – Que será, será!


A única sorte é nascer numa família, que nos acompanhe, que seja exigente e que nos saiba incutir, pelo exemplo, a necessidade ser “Pró-Activo” e não “Reactivo”, de ser Responsável e capaz de Decidir e de retomar a acção depois de um insucesso.

E aqui também a confusão é grande entre nós pois entendem que para ter um nível social elevado é necessário: para 41,9% dinheiro, para 19,2% origem familiar, para 19,2% profissão e para 15,4% o grau de instrução.

Talvez seja por isso que quando sai um Totoloto a alguém, o investimento que faz para adquirir competências seja insignificante.
É bem mais fácil comprar bens materiais ou as competências dos outros.

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