- Dizes que o problema está nas falsas expectativas que lhes criaram, que os motivou para um cenário que nunca existiu?
- Sim, de algum modo. Principalmente para aqueles que, por décimas, não conseguiram entrar num outro curso com maiores possibilidades de progressão e reconhecimento social.
- Eu concordo! Foi uma oportunidade perdida quando apareceram uns patetas a abrir Escolas em vãos de escada com programas excessivamente abrangentes, que incluíam muito trabalho indiferenciado. Basicamente desvalorizaram o curso, equiparando-o às profissões que secaram abaixo deles.
- Era bom que tivesse acontecido uma coisa semelhante à que aconteceu com o Tango, quando o Carlos Gardel e o Piazolla lhe deram dignidade. Todos lucraram, os músicos e a população, embora deixasse de ser para qualquer um interpretá-lo. Não foi por gritarem a sua qualidade ou necessidade que tal aconteceu. Aconteceu porque deram o salto. Com algumas profissões é igual. Mas não foi isso que se fez, e até os bons profissionais andam pelo folclore!
- É o eterno problema. Quando não se sabe (ou não se quer) promover qualidade, vai-se pela quantidade. É a casa que é tanto melhor quanto mais quartos tem, é o carro convertido em cavalos, é o vinho medido pelos graus do rótulo e tantos outros exemplos que enxameiam o nosso imaginário.
- Agora querem estatuto, mas a prática não o permite, e isso é evidente para todos.
- É verdade. Ouço-os todos os dias a tentar alternativas, mas quando até os seus professores recusam o título da profissão, como é que ela pode assumir dignidade?
- E o vencimento?
- Abaixo do teórico. Há muitos com pluriemprego para compor o ordenado a levar vida de cão!
…
- Olha, já se faz tarde! Eu pago o café. Ainda tenho que regar a horta e pôr sulfato nas roseiras! Até amanhã!
- Até um dia!
- Era bom que tivesse acontecido uma coisa semelhante à que aconteceu com o Tango, quando o Carlos Gardel e o Piazolla lhe deram dignidade. Todos lucraram, os músicos e a população, embora deixasse de ser para qualquer um interpretá-lo. Não foi por gritarem a sua qualidade ou necessidade que tal aconteceu. Aconteceu porque deram o salto. Com algumas profissões é igual. Mas não foi isso que se fez, e até os bons profissionais andam pelo folclore!
- É o eterno problema. Quando não se sabe (ou não se quer) promover qualidade, vai-se pela quantidade. É a casa que é tanto melhor quanto mais quartos tem, é o carro convertido em cavalos, é o vinho medido pelos graus do rótulo e tantos outros exemplos que enxameiam o nosso imaginário.
- Agora querem estatuto, mas a prática não o permite, e isso é evidente para todos.
- É verdade. Ouço-os todos os dias a tentar alternativas, mas quando até os seus professores recusam o título da profissão, como é que ela pode assumir dignidade?
- E o vencimento?
- Abaixo do teórico. Há muitos com pluriemprego para compor o ordenado a levar vida de cão!
…
- Olha, já se faz tarde! Eu pago o café. Ainda tenho que regar a horta e pôr sulfato nas roseiras! Até amanhã!
- Até um dia!
Caro senhor...
ResponderEliminarSempre tão discreto e até irónico...
Algumas classes, apenas com pluriempregos podem ter uma vida "dita normal", também é certo que muitos é para manterem uma vida "anormal", cheia de coisas e coisinhas que nada enriquece a essência da nossa existência...
Contudo nem todos tem a "sorte" de terem pluri euros ao fim do mês, como outras "classes"...
Pessoalmente não anseio títulos, nem enorme riqueza, mas sim reconhecimento da minha prestação como profissional (quer ao nível académico, quer remuneratório), tudo o resto são o "fazer de conta" do nosso dia a dia...
Até breve...
Caro anónimo:
ResponderEliminarNão fui eu que estabeleci a regras do jogo, e não creio que em Portugal as regras possam ser muito diferentes das da União Europeia.
O seu comentário lembrou-me um pequeno diálogo entre dois irmãos no livro “As vinhas da ira”de John Steinbeck, que me ficou na memória talvez por me sentir atingido por ele.
O mais novo contesta sistematicamente o que o mais velho lhe diz, o que o leva a questioná-lo: “Porque te defendes, quando eu não te estou a atacar!”