quarta-feira, 25 de novembro de 2009

No "Privado" ORL~1995
















- Eh pá, tu nem queiras saber o que me aconteceu! Imagina tu, que logo que a anestesiei localmente, ela começa a revirar os olhos e a ficar fria!
- E tu, que fizeste?
- Liguei o 112, e pus-me a dar-lhe uma chapadinhas na cara! Que é que querias que fizesse?
- Mas viste se tinha pulso e se respirava? Mediste-lhe a TA?
- O pulso mal se sentia, e não tinha ali um esfigmomanómetro .
- Então não tinhas?! Está na primeira gaveta da secretária!
- E depois para que me servia?
- Se ela estivesse hipotensa podias pôr-lhe um soro a correr rápido enquanto esperavas!
- Mas eu não tinha lá isso!
- Na prateleira do armário está lá uma caixa que diz Emergência, onde tens soros e medicação para essas situações. Está lá há anos e está sempre actualizada.
- É pá! Não sabia! Eu vi lá uma caixa, mas como não era minha, nunca lhe liguei. A minha sorte foi que aquilo não passou de um desmaio. Foi para a Urgência e ainda lá esteve umas horas. Mas olha lá, se aquilo fosse uma reacção grave à injecção o que é que eu podia fazer?
- Primeiro devias fazer o que fizeste, que era chamar o 112. Depois devias ter avaliado se ela precisava de manobras de Suporte Básico de Vida e fazê-las com a ajuda da empregada, e depois devias ter usado a disponibilidade que ali havia: soros, medicação …, esta primeiro se …, depois aquela se …, aqueloutra se … de acordo com o que fosses observando.
- Isso é muito difícil! Não me vou lembrar dessas coisas todas. Olha, se me voltar a acontecer, vou à caixa, espalho tudo, enfio-lhe uma agulha na pele, abro o soro e parto as ampolas, e ninguém me vai chatear a dizer que eu não fiz nada!
Sorri, sem saber que valor dar à resposta!
Passados estes anos e conhecendo-lhe o percurso, estou convencido que não era uma chalaça!

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