sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Exame de Pediatria













A prova, até ali, não tinha corrido mal, e mesmo às perguntas mais difíceis tinha dado uma resposta satisfatória. Sentia que já tinha a cadeira feita e toda aquela tensão muscular começava a dissipar-se, ajustando-me aos poucos o corpo à cadeira.
Era à assistente a quem competia fazer a última pergunta. Olhou primeiro para o professor como que a perguntar “- Posso?”, e depois com ar de quem quer uma resposta breve e concisa, pergunta-me:
- "Oh. Dr. Eduardo, diga-me qual é a carência vitamínica que, na fibrose cística da criança, se pode manifestar por arreflexia e anemia hemolítica".
Aquilo pareceu-me uma pergunta para o “vinte”. Pensei, e sem solução arrisquei:
- “Vitamina A!”
- “Não!”, exclamou, enquanto baixava os olhos e abanava a cabeça.
- “Então é uma do complexo B!”, afirmo confiante, pois só aí eram doze de uma vez.
- “Não, Não é!", responde-me, enquanto olha para o professor, como a perguntar “acabamos aqui?”. E, naquele espaço, decido, num pim-pam-pum, tentar acertar entre a C, a D, a E, e a K que faltavam.
- “Só se for D?” digo num repente. E, de súbito, o professor levanta-se e vai para janela, e ela diz-me com ar ríspido.
- “Vá-se lá embora, o seu exame acabou!”
E só então percebi o que tinha dito.
História de E.D.

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