sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Os Puritanos
























O Papa Leão X precisava de dinheiro para a Basílica de S. Pedro e, por isso, mandou os seus vendedores de indulgências calcorrear os quatro cantos do mundo. Eram monges mendicantes que vendiam certificados papais atestando o perdão de todos os pecados, a quem tivesse dinheiro para lhes dar. Os príncipes não gostaram de ver tanto dinheiro a deixar os bolsos dos seus súbditos e a desaparecer nos cofres do Santo Padre. Leão X só conseguiu convencê-los a licenciarem-lhe o negócio das indulgências, prometendo-lhes uma participação nos lucros. Ao fazê-lo, esqueceu-se de Frederico de Sabóia, que sabiamente proibiu esse negócio na sua terra. Mas, um monge dominicano chamado Tetzel, plantou-se na fronteira de Sabóia, onde acorreram as pessoas da cidade próxima de Wittenberg, que compraram ao ouvir o seu slogan publicitário: “Mal o dinheiro na caixa ressoe, a alma para o céu saltou!”. Mas, como tinham dúvidas quanto à validade teológica dos ditos certificados, acorreram à Universidade de Wittenberg a fim de pedir ao professor de serviço que lhes confirmasse a respectiva legitimidade. O professor recusou prestar-se a tanto. O seu nome era Martinho Lutero.
No dia seguinte afixou na porta da igreja um cartaz em que justificava a sua recusa e, a fim de chegar a um público mais alargado, deu-se logo ao trabalho de as traduzir do latim para o alemão. Tudo isso aconteceu no dia 31 de Outubro de 1517. Ainda hoje os protestantes celebram esse dia como o dia da Reforma.

A reacção do establishment não se fez esperar (Lutero era um vigário geral, ou seja, era um chefe da administração episcopal) e foi chamado a retratar-se, só que teve o apoio dos seus colegas da Universidade e da população, e desencadeou um movimento que iria definir a diferença entre o norte (protestante) e o sul (católico) da Europa. É que as propostas de Lutero não se referiam apenas a questões religiosas mas também a uma reforma geral na moralidade pública.
Fez do sermão o centro do serviço religioso, retirou aos padres o privilégio de se apresentarem como mediadores entre Deus e os homens, responsabilizando assim cada um perante Deus.

O movimento social despertado por algumas das suas facções, iria ser determinante da evolução política do mundo ocidental. “Sem o puritanismo, a Inglaterra não se teria convertido na vanguarda da modernização” e "sem o seu espírito, os USA não se teriam transformado numa potência mundial".
in "Cultura" de Dietrich Schwanitz
O sul da Europa e as zonas sob sua influência que se mantiveram fiéis ao Papa e à “má moral”, estagnaram num mínimo de rigor, o que ainda é patente na facilidade com que se aceita o oportunismo e o desenrasca.

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