quinta-feira, 11 de março de 2010

Por aqui não passou























Era uma vez uma Ordem Religiosa que para além do culto do Divino, tinha por regra falar sempre verdade e, a tal ponto levavam o assunto, que a mínima mentira era suficiente motivo para exclusão da irmandade.
Um dia, um jovem frade, passeava pelas imediações do convento, quando foi surpreendido por um homem a correr esbaforido que lhe disse: -“Vou-me esconder ali atrás daquele silvado. Vem aí gente atrás de mim! Se dizes onde eu estou, dou-te um tiro com esta pistola que te estouro os miolos!”, e disto isto, foi-se esconder do lado de lá do caminho quando, de imediato, surgiu o grupo que o perseguia, e lhe pergunta: -“Viste passar por aqui alguém a correr? É que ele matou um homem ali em cima!”
O frade sentiu a morte a rondar e, talvez por ainda não estar preparado para enfrentar o criador, respondeu calmamente, mantendo os braços cruzados sobre o peito e as mãos enfiadas nas mangas: -“Por aqui não passou!”
Com esta informação, os perseguidores voltaram para trás e o fugitivo continuou a sua fuga.
Mas … nestas coisas das histórias, há sempre alguém que assiste, para depois pôr em causa o prevaricador, pelo que um frade mais velho de imediato surge em cena para o questionar:
-“Tu mentiste!”
Ao que o frade respondeu, seráfico: -“Não menti! É que eu quando lhes disse - por aqui não passou, estava com o indicador a apontar para dentro da manga do meu hábito!”.

São artes destas que constituem a retórica actual dos nossos “políticos” para esconder as práticas, pois sabem que a maior parte dos ouvintes ou é crente ou pouco dado a discernir para além do óbvio.

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