sexta-feira, 23 de abril de 2010

Ámen


Esta complacência com a amoralidade, constringe quem tenta manter uma réstia de dignidade.
E nada vai mudar, porque o regime sustenta-se neste povo temente a Deus e ao senhor de turno, que se pensa bem quando os seus pequenos e imediatos interesses parecem assegurados, que muda o discurso com o acenar de uns Euros, que é permeável ao primeiro sorriso dos poderosos na esperança de uma benesse e que, incapaz de analisar os “materiais e métodos” do poder, se inibe e aceita o autoritarismo que lhe seca a criatividade.

Trinta e seis anos depois de Abril, fala-se em “salvar o regime democrático” quando diariamente se pactua com atropelos a princípios fundamentais, em nome da necessidade do momento, numa óptica míope do “rouba, mas faz!”
Hoje é um burlão que é ilibado, amanhã é um oportunista que afirma a legitimidade de um salário de milhões, e deixa estupefactos os que entendem “que nem tudo o que é legal é moralmente aceitável”, e se sentem desprotegidos desta gente que utiliza a Lei para espezinhar os outros.

Resta tentar viver com a dignidade possível, deixando algum exemplo para que os vindouros tenham pontos de apoio para uma ética social actualmente impossível.

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