sexta-feira, 4 de junho de 2010

Livro de Reclamações


- O Sr. é que é o Chefe?
- Sim! Diga!
- É que eu não concordo com isso de Amarelo só definir o tempo até ser atendido. Eu quero que dêem uma estimativa do tempo até a minha mulher estar despachada!
- Isso depende, não só do diagnóstico, como da morosidade dos exames auxiliares e tratamentos. As cores Vermelho, Laranja, Amarelo ou Verde, só estabelecem prioridade para o atendimento. O que se processa depois não tem nada a ver com as cores. Como vê está muita gente cá dentro. Terá de falar com a médica que assistiu a sua esposa.
- Mas eu não concordo! As médicas devem estar a ver telenovelas, ...
- Desculpe mas não aceito essa acusação, até porque aqui só há televisões na sala de espera e elas têm estado bem atarefadas! Se entende isso assim, reclame, porque eu não vou discutir mais consigo sobre esse assunto!
- Já reclamei, e escrevi no Livro Amarelo!
- Então está tudo resolvido!
- Não está não senhor, porque vou reclamar também de si!
- Ok! Mas como você hoje já fez duas reclamações sobre o mesmo assunto, só o vou deixar fazer a terceira, na altura da alta da sua mulher.
Sai, vociferando, a procurar público para a sua indignação, por não lhe ser disponibilizado, de imediato, o Livro de Reclamações.
- Vou já chamar a Polícia! Não me quer dar o Livro de Reclamações! ....



- O Sr. é que é o Chefe?
- Sim! Diga!
- O meu pai fugiu do Serviço onde estava internado. Como pode ser?
- Sabe, os enfermeiros não são guardas prisionais, e os porteiros estão mais atentos às entradas que às saídas. Depois os doentes estão cá porque se querem tratar. Ninguém é obrigado a ficar contra vontade, desde que seja intelectualmente competente.
- Mas é que o meu pai tem problemas com o vinho. Avisaram-me que ele estava na rua, e levei-o para casa de um familiar, onde ele está agora.
- Óptimo. Vou avisar o Serviço de onde ele saíu, que o encontraram. E você traga-o de novo para o Hospital.
- Mas ele não quer vir. Só se for um médico lá a casa. É que ele a mal não vem!
- Tenha paciência, mas não vai ninguém daqui do Serviço de Urgência buscá-lo a casa. Se não o consegue trazer, deixe a Polícia tomar conta da ocorrência. Fique aí que eles contactam-no em minutos.


- O Sr. é que é o Chefe?`
- Sim! Diga!
- Oh Sr. Dr.! Eu vim com o meu marido para aqui pouco depois do meio-dia e agora (24h) dizem-me que ele vai ficar internado. Como é que eu vou para casa a estas horas? O Sr. Dr. Não me pede uma ambulância para me levar a casa?
- Não, minha senhora! Quando muito posso chamar-lhe um Táxi.
- Oh Sr. Dr.! Mas eu moro para lá de Monção, e um Táxi é muito caro!
- Não lhe posso resolver o problema. Fale com o porteiro ou com o enfermeiro aí em frente. Pode ter sorte e apareça alguém de lá de cima que a leve de boleia.
- Obrigada! Sabe, o Hospital é tão longe, e a estas horas não há transportes públicos!

Sem comentários:

Enviar um comentário