quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Manuela Ferreira Leite
























A notícia de que o Governo e o PSD não se entendem na escolha das pessoas que deverão constituir o grupo de trabalho para reavaliar as parcerias público-privadas e as grandes obras públicas é desanimadora.
Na verdade, este facto, não sendo novo, revela que está instalada na sociedade portuguesa uma desconfiança entre os cidadãos de proporções preocupantes baseada, quase sempre, no conhecimento da simpatia partidária de cada um.
Esta atitude deve-nos fazer refletir até que ponto se deteriorou o nosso sentido democrático.
Será que o facto de alguém ter uma opção política clara o torna suspeito para cumprir os seus deveres para com o país?
Será que está subvertida a noção de opção ideológica e ela se tornou um meio de criar agentes políticos, impeditivo de agir de forma independente, quando se trata de defender os interesses do país?
O que é feito da ética, do sentido de serviço público, do interesse nacional?
O critério da confiança pessoal e da ‘lealdade política’ que tem minado o sector público, não se pode sobrepor à seriedade intelectual.
Enquanto formos um país de fidelidades versus competências não nos mobilizaremos para ultrapassar as nossas dificuldades.
O Natal é um bom momento para começarmos a arrepiar caminho.

Manuela Ferreira Leite no "Expresso" de 23 de Dezembro
Os realces são meus.
Eu penso a um nível diferente do dela, mas sinto o mesmo ambiente no espaço que me rodeia!

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