domingo, 13 de março de 2011

Cuidar



Há uns anos, uma enfermeira disse-me: “Os médicos tratam e os enfermeiros ... cuidam!” e deixou-me a pensar na importância do cuidar.
Cuidar é garantir que o que existe mantém função, seja o que for, dos equipamentos, às instituições, às pessoas. Cuidar é fundamental para que se possa “criar” pois a “criação” exige um suporte de funcionalidades tanto mais exigente quanto mais activa for.

Cuidar é uma obrigação de todos. Desde as coisas ditas banais, do electrodoméstico ao terreno agrícola, passando pelos livros e pela informação noutros suportes, para terminar na vida humana. Mas para "manter" são necessárias competências, empenho e disponibilidades, para que esse passado, físico e intelectual, que nos honra e torna diferentes, seja integrado e recriado no presente.

Mas a ignorância é muito atrevida e interpreta o mundo de acordo com as necessidades do momento, e não tem pejo em deitar abaixo uma árvore centenária ou alargar um caminho de uma aldeia para garantir "acessibilidades" e uma reeleição no fim do mandato, por gente com os mesmos olhos.
E é neste ponto em que nos encontramos. Quando o dinheiro manda, até a história se lhe sacrifica e lentamente vamos perdendo referências. Cuidar é imperioso para impedir que sejamos triturados pelos devaneios de um presente onde tudo se esboroa à primeira investida “dos mercados” ou daqueles que por uma qualquer razão assumem as rédeas do poder.

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