Caro Kadafi:
Eu sei que estás bem. Morreste como um mártir, de acordo com o teu desejo, e, por isso, estás rodeado pelas vinte houris “da ordem”. Os teus 69 anos não devem constituir obstáculo, pois Allah já te deve ter providenciado uma boa dose Cialis.
Passaste o crivo dos santos, por os comuns os não entenderem, mas agora o céu é teu e tudo acabou em bem.
Se não gritasses tantos “Allahu Akbar” e tivesses fugido para Portugal com algum dinheiro, tinhas-te safado. Claro que havia que pagar aos advogados e provavelmente saías depenado. Mas estavas vivo e … gordo!
Tinhas muito por onde escolher. Em Oeiras podias aprender imenso. Em Lisboa falavas com o Carlos Cruz ou esperavas pelo regresso do Vale de Azevedo e, até em Felgueiras asseguro-te que não te ias dar mal. Como gostas de armas, podias entender-te bem com o Duarte Lima. Vocês devem ter muito em comum para terem andado à volta da SLN e do BPN !
Tinhas de ser persistente para atulhares os tribunais com sucessivos recursos e aguardar que, aos poucos, fossem prescrevendo todos os crimes de que te acusassem. C’um caraças! Tinhas amigos cá! E dinheiro! E essa malta que te apontou o dedo, “revia a posição” com umas notas no bolso, principalmente se fossem da política. O Sá de Miranda (1481 – 1558) já numa Carta a D. João III nos definia: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é!», e a cousa mantém-se. Temos exemplos a toda a hora.
Fizeste mal em não ter vindo. Nós dávamos-te a barraca, mandávamos-te uma chanfana à tenda, púnhamos um “comentador” a falar na TV, e rapidamente te reabilitávamos. Nem tinhas que explicar de onde te tinha vindo a massa. Com sorte até te arranjávamos uma comenda e uma “subvenção vitalícia” igual à do Melancia, e se te tivesses de disfarçar, punhas uns tapetes ao ombro e ias por essas aldeias bater de porta em porta, que ninguém te perguntava nada. Sabes, nós não somos dados a denúncias para não sermos classificados de “bufos”.
“Allahu Akbar”, e tu deves andar remoçado, por esse paraíso fora, tu cá tu lá com os outros mártires, a beber chá de menta, a contar histórias ao pôr-do-sol e à noite … pimba!
Eu não tenho vocação para mártir, mas tenho-me portado bem e espero ter aí, quando chegar a minha hora, um trono onde, vestido de seda e adornado de braceletes de ouro e pérolas, comerei tâmaras e romãs e desposarei donzelas com grandes olhos brilhantes.
Se puderes, manda notícias, que eu por cá vou vivendo como posso.
Até um dia! Fica bem!
Eu sei que estás bem. Morreste como um mártir, de acordo com o teu desejo, e, por isso, estás rodeado pelas vinte houris “da ordem”. Os teus 69 anos não devem constituir obstáculo, pois Allah já te deve ter providenciado uma boa dose Cialis.
Passaste o crivo dos santos, por os comuns os não entenderem, mas agora o céu é teu e tudo acabou em bem.
Se não gritasses tantos “Allahu Akbar” e tivesses fugido para Portugal com algum dinheiro, tinhas-te safado. Claro que havia que pagar aos advogados e provavelmente saías depenado. Mas estavas vivo e … gordo!
Tinhas muito por onde escolher. Em Oeiras podias aprender imenso. Em Lisboa falavas com o Carlos Cruz ou esperavas pelo regresso do Vale de Azevedo e, até em Felgueiras asseguro-te que não te ias dar mal. Como gostas de armas, podias entender-te bem com o Duarte Lima. Vocês devem ter muito em comum para terem andado à volta da SLN e do BPN !
Tinhas de ser persistente para atulhares os tribunais com sucessivos recursos e aguardar que, aos poucos, fossem prescrevendo todos os crimes de que te acusassem. C’um caraças! Tinhas amigos cá! E dinheiro! E essa malta que te apontou o dedo, “revia a posição” com umas notas no bolso, principalmente se fossem da política. O Sá de Miranda (1481 – 1558) já numa Carta a D. João III nos definia: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é!», e a cousa mantém-se. Temos exemplos a toda a hora.
Fizeste mal em não ter vindo. Nós dávamos-te a barraca, mandávamos-te uma chanfana à tenda, púnhamos um “comentador” a falar na TV, e rapidamente te reabilitávamos. Nem tinhas que explicar de onde te tinha vindo a massa. Com sorte até te arranjávamos uma comenda e uma “subvenção vitalícia” igual à do Melancia, e se te tivesses de disfarçar, punhas uns tapetes ao ombro e ias por essas aldeias bater de porta em porta, que ninguém te perguntava nada. Sabes, nós não somos dados a denúncias para não sermos classificados de “bufos”.
“Allahu Akbar”, e tu deves andar remoçado, por esse paraíso fora, tu cá tu lá com os outros mártires, a beber chá de menta, a contar histórias ao pôr-do-sol e à noite … pimba!
Eu não tenho vocação para mártir, mas tenho-me portado bem e espero ter aí, quando chegar a minha hora, um trono onde, vestido de seda e adornado de braceletes de ouro e pérolas, comerei tâmaras e romãs e desposarei donzelas com grandes olhos brilhantes.
Se puderes, manda notícias, que eu por cá vou vivendo como posso.
Até um dia! Fica bem!
P.S. (1/11/2011): Desculpa ter-te falado no Duarte Lima como solução, já que ele deve andar a pensar em fazer hara kiri e sem paciência para te aturar!
Brilhante carta, aliás, como tudo que escreve.
ResponderEliminarParabéns!
Cumprimentos da,
Admiradora do seu blogue;
L.F.P