terça-feira, 3 de abril de 2012

Os cigarros



- Sr. Dr.! Este mal foi de uma queda quando eu tinha quatro anos. Lembro-me de ter ficado paralisado. Quem me valeu foi o Dr. ..., que mandou o meu pai buscar uma duzia de pregos, ligaduras e muito pó de talco. Depois, espetou os pregos na tampa de uma caixa de cereais, ligou-me com as ligaduras e pôs-me quinze dias naquela tábua, para que eu me endireitasse. Foi o que me valeu! Mas fiz sempre vida normal. Aos 25 anos, tirei um curso de fotógrafo por correspondência (Álvaro Torrão) e estabeleci-me.
- E nunca fumou?
- Sr. Dr.! ... Na minha vida, fumei seis cigarros!. Eu tocava concertina e animava muitas festas na região. Uma vez chamaram-me para tocar num baile em Paradela. Era sábado e fui com dois amigos a pé. Um deles, que casou com uma prima minha, e que já morreu, levava cigarros. Ao passar no Convento das Carvalhiças, ofereceu-me um. Eu nunca tinha fumado! Em Prado fumei outro, e mais adiante, em Barral, outro. Quando ia para tocar, estava bêbado. Pedi desculpa ao dono da casa, e prontifiquei-me a ir lá, de graça, no sábado seguinte.
Riram-se de mim, a dizer que o tabaco não embebedava. Então eu, noutro dia em que não tinha que fazer, fumei três cigarros e fiquei bêbado outra vez. Nunca mais fumei.
...
A Foto: fotografia artística, de bébé de 3 meses, numa cadeira, em cima de uma mesa velha.

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