sábado, 29 de setembro de 2012

O Sapo

-Oh meu amigo! Ao tempo que não te via. Então mudaste sem dizer nada? Olha, que até pensei que tinhas emigrado ou ido desta para melhor, com as rãs, depois da Junta de Freguesia andar a pôr herbicida nos caminhos e inquinar a água que corre para o meu tanque. Desde a primavera que não as ouço coaxar. E sempre eram uma companhia. Tu não falas. Bufas. És bicho da noite e eu já não estou para noitadas. Por isso andamos cada um para seu lado. Não fosse hoje ter de resolver esse buraco no caminho, não te encontrava. Da última vez que nos vimos, moravas mais para cima. Nessa altura até estive para te pôr um nº na porta, para não me tentar a lá meter uma racha e algum cimento.

Hoje vais ter de mudar de residência. Não podes continuar aí. Não é propriamente um despejo, já que a dois passos não te faltam óptimas residências. O aluguer fica por minha conta, desde que me comas as lesmas e os caracóis.
Não te aproximes das laranjeiras por causa da calda bordalesa e um ou outro insecticida que eu lhes ponho, que tu, apesar de teres pele de sapo, és muito sensível e fraco dos pulmões.

Mas agora reparo. Estás mais gordo e austero. Até fazes lembrar o Mário Lino. Por acaso, não serás esse príncipe da política?
Desculpa a pergunta: Conheces a Ministra Paula Teixeira da Cruz? Aquela que disse que "acabou o tempo" em que havia  "impunidade", comentando as buscas feitas pela PJ às residências dos ex-ministros do PS? 
Se calhar estás com um feitiço! Olha aí! Se disseres "jámé", eu dou-te o beijo. Mas ficas aqui a trabalhar no jardim. Não te deixo voltar à CGD. OK?
 

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