domingo, 23 de junho de 2013

Mobilidade especial


“Estremeceu!”, diagnosticou o jardineiro. “Foi de um arejo”, disse a jornaleira. Mas, por uma razão ou outra, ou por nenhuma delas, a Camelia japonica, não tolerou os efeitos da mobilidade especial do processo de reorganização do jardim.
Depois de excluir os outros diagnósticos que grassam na linguagem dos "entendidos", do tipo “foi o caracol da noite”, foi andaço, foi moléstia..., e sem nada de científico que o apoie, desta vez dou razão ao jardineiro.

Na verdade, não se tratava de uma requalificação, pretendiam-se as mesmas funções ornamentais num outro local, depois de ter passado dois anos difíceis num terreno saibroso e ensombrado, "na extrema" do jardim.
Se fosse uma Camelia sinensis (a espécie de onde se extrai o chá por infusão das suas folhas, flores ou raízes) não me espantaria, pois nunca se adaptou bem ao nosso clima, mas esta, que no Minho tem honras de fachada em todos os solares e casas rústicas, tinha-a por mais resistente.
Falhei. Não a quis mudar em Outubro “quando pega tudo” e deslocalizei-a em início de Abril, com tempo chuvoso. Não gostou. Estremeceu!
Agora volta a cuidados de internamento, com regas diárias, de vez em quando borra de café e estrume de cavalo nas imediações e muita “conversa”, porque até as plantas gostam que se lhes fale e se lhes explique as razões e os processos de reorganização – extinção, fusão, reestruturação de órgãos e racionalização de efectivos, para que não desmoralizem e entrem em depressão.

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