É para aí que nos vão levando. Não tarda que os médicos estejam a preencher quadros à semelhança do que já fazem os enfermeiros.
A “coisa” terá semelhanças com o seguinte esquema:
Finda a observação, o médico deve dirigir-se ao computador
e escrever, em locais próprios, os diagnósticos “prováveis”, os “definitivos” e os "indeterminados" de cada doente.
Após o “enter” irão aparecer no écran, as opções terapêuticas para os diagnósticos anotados, já com as doses ajustadas à idade, às alergias ou às insuficiências de órgão identificadas.
Depois de escolher nas soluções disponíveis, o plano terapêutico será instituído, mas antes terá de justificar a preferência pelas que não
estão nas primeiras linhas.
O “gestor”, semanalmente, irá analisar a "produção": o número e variedade de
diagnósticos efectuados, os gastos, a iatrogenia e o
cumprimento das NOCs, para depois dar uma nota de “eficiência”.
Esta será a época do “You are as good as your last
performance”, em que qualquer gestor recém-formado num curso nocturno, porá em
causa décadas de reconhecida vida profissional.
Mais coisa menos coisa é isso!
ResponderEliminarSobre o que me andava a perturbar nos "jovens médicos", e que eu não percebia bem, tive uma epifania estas férias e tudo se me tornou claro.
A fratura epistemológica entre o meu modo de abordar a prática médica e o novo paradigma, é que eu ainda me penso enquanto médico, como parte de uma ciência, que tem de ser exercida com arte e bom senso, enquanto os mais novos já foram formatados como "técnicos de saúde", executores eficazes de normas - baseadas na evidência, sem grande margem para ponderações pessoais.
A designação "pessoal médico" com que nos classificaram nos recursos humanos há já uns anos, era afinal visionária ...