A Europa vive tempos de incerteza. Um vento de multinacionais entra em negócios tradicionalmente nas mãos de pequenas empresas, oferecendo serviços e bens a menor custo para o consumidor, à custa da precariedade do trabalho, do esmagar dos preços à produção e dos salários dos trabalhadores. É também esta a lógica dos “investidores em Saúde”.
Os políticos têm dificuldade em integrar o exponencial desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e, no caso da Saúde, deixam-se levar na lógica dos preços baixos por acto, sem analisarem a sua necessidade e qualidade e, em pouco tempo, vêem-se avassalados com custos crescentes a que o Serviço Nacional de Saúde não consegue dar resposta.
Subrepticiamente, grandes empresas foram tomando conta dos consultórios médicos e das pequenas clínicas, retirando os médicos da tradicional profissão liberal, a troco de uma organização mais ágil na resposta às necessidades de um “mercado” definido pelas expectativas da população.
Ora são as expectativas artificialmente criadas e que são uma das principais áreas de negócio para muitos dos “Privados”, que um Estado responsável tem de conter, para que o orçamento da Saúde seja comportável, pois, neste negócio não há limites para quem queira consumir.
As “guidelines” internacionais e as Normas de Orientação Clínica (NOCs) da Direcção Geral de Saúde, não impedem que se abuse de Meios Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento, numa prática que tem sido apelidada de “Medicina Defensiva”, mas que também pode ser interpretada como atitude de “shotgun”, quando se ultrapassa a capacidade de diagnóstico.
Mas, se o fenómeno existe no Público e no "Privado", neste, o controle dos excessos, não só é mais deficitário, como, nalguns casos, inexistente, numa política de minimizar o doente para maximalizar o negócio.
Acresce que a Saúde, nos últimos vinte anos, para além dos tradicionais médicos, enfermeiros e auxiliares, alargou a tipologia dos seus funcionários a “conselheiros políticos, economistas, gestores, psicólogos, dietistas, nutricionistas, assistentes sociais, podologistas … pois, todos eles contribuem para o "bem-estar físico, psíquico e social dos indivíduos".
Ao enorme aumento da população mundial (quadruplicou no último século), os regimes comunistas responderam com um plano centralizado e falharam. Os regimes capitalistas deixaram “funcionar os mercados”, sem repararem que, se a área de negócio é interessante (e a Saúde é uma das mais importantes, no Ocidente, onde se projecta quem em 2030 mais de 50% da sua população tenha mais de 50 anos), a tendência é para a formação de grandes grupos económicos para a sua exploração.
Se a concentração termina em três “players” (como agora se diz), de modo a que da sua concorrência, resultem preços baixos apelativos para a população, os políticos de pacotilha, sorriem.
Três é a sua fórmula mágica, seja nos Hipermercados, nas Telecomunicações, nos Bancos, nos Seguros de Saúde, nas Análises Clínicas ou na Hemodiálise.
É-lhes mais cómodo assim. Sabem com quem devem falar, mesmo que os investidores sejam chineses ou sediados em offshores de origem incerta.
Oh meu capitão! Há também um outro Player que quasi ninguém fala que é o lobi mafioso dos cangalheiros, crematórios e adereços fúnebres que também é subsidiado pelo estado deste eucaliptal á beira mar plantado, pois se a população quadruplicou o mesmo acontece com as defunções e altas hospitalares e celestiais, verbas que não são despiciendas.
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