Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
terça-feira, 9 de agosto de 2016
IMI
Há anos que me meti a fazer a grande parte da manutenção das pequenas coisas da minha casa, por puro gozo, mas também porque seria incomportável não o fazer. Faço de canalizador, de pedreiro, de serralheiro, de pintor ... e, sempre que uma máquina avaria, tento dar com o "gato", antes de a pôr na mão dos profissionais.
Aos poucos fui aprendendo a "alma" daquilo em que mexo. Se tenho livro de instruções, melhor.
Ontem foi dia do indicador de nível do gasóleo de aquecimento. Quase uma hora para perceber que o parafuso do lado direito do mostrador não era de suporte, mas para o rodar e adaptar ao tipo de depósito (coisa que quem lá o pôs, não fez). Depois, outra hora para arranjar uma cadeira, que em 5 minutos se fixava, se a tivesse observado atentamente.
Quando nos confrontamos pela primeira vez com um problema sem lhe entendermos a "alma", corremos o risco de o deixar sem concerto.
Um amador, mesmo "perspicaz", não deve deve abrir um "relógio" sem um perito nas imediações. E quem diz relógios, diz barrigas e outras coisas de ... valor.
É assim que está a nossa política, cheia de gente voluntariosa que, ao tentar resolver o imediato, compromete o futuro.
A alteração ao IMI, para taxar mais as casas com "melhores" características, é um "ir buscar dinheiro" sem qualquer pejo, para financiar as autarquias, a braços com excesso de pessoal causado pelo abrandamento da construção civil no país. Impossibilitadas de um "reajustamento colectivo" obrigam-nas a espreitar para os quintais na procura do que ali possa haver que possa ser taxado.
Hoje é a exposição solar e as "vistas". Amanhã será a exposição ao vento, depois a água do subsolo, a maior ou menor quantidade de moscas ou mosquitos, a tipologia do solo. ... Vale tudo!!!
O património visível, está tramado. Melhor é gastar as poupanças em turismo e comida.
As pessoas que compraram as casas para nelas viverem, não o fizeram com a intenção de as vender. Escolheram-nas porque, em determinada altura das suas vidas, podiam comprá-las e mantê-las. Alguns foram para a periferia das cidades para poder ter uma casa melhor, sem contarem com as portagens que entretanto surgiram nas estradas gratuitas, nem com um IMI que depende da boa disposição de um funcionário.
Quem construiu e se privou de muita vida mundana, é mais uma vez chamado a pagar os desmandos dos Bancos e da classe política que nos tem desgovernado. Qualquer dia entram mesmo nas casas e taxam o ar condicionado, o aquário, o gato ou cão, a instalação sonora, o LCD e o sofá, se tiverem qualidade acima do básico.
Tudo servirá para se poder afirmar que se está a viver acima das suas possibilidades.
Vou correndo o teu blog que não frequentava faz tempo e surpreendo-me com o nível dos textos e com a clareza das ideias. Terá sido sempre assim e estava esquecido, ou está mesmo muito melhor? É um gosto ler ... será que ando a ler muitos jornais? Abraço
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