sábado, 20 de fevereiro de 2021

Carvalhos centenários

Em 16/02/2021 dei com esta notícia no Guardian: Para restaurar o pináculo de 96 metros da Catedral de Notre Dame, destruído no incêndio de 2019, serão necessários mais de 1000 carvalhos com idades entre 150 e 200 anos. 
Os peritos franceses decidiram reconstrui-lo exactamente como era. 
As árvores deverão ser direitas, ter entre 8 e 14 metros de altura e entre 50 e 90cm de diâmetro. Devem ser cortadas até ao fim de Março, para que a madeira não fique muito húmida. Depois de cortada, as vigas serão deixadas a secar durante 18 meses. O artigo refere que só se irão utilizar árvores de florestas de produção, não de exemplares protegidos ou em áreas de conservação. 

Apesar de não ser comum, é notável haver em França zonas florestais de produção para construção com mais de dois séculos. Nos comentários a esta notícia leio: A silvicultura de longa rotação continua a ser largamente ignorada em Portugal. 

Em França, o valor/m3 da madeira de carvalho (antes do corte) pode atingir cerca de 270-390 Euros em troncos com diâmetro à altura do peito de 50-70cm. Em locais apropriados com condução adequada podem-se atingir fustes com essas características num arco temporal de 100-120 anos. 

Para a maioria dos portugueses a noção de plantar para os netos é uma loucura. 
Num carvalhal, a periodicidade de ocorrência de incêndios, embora maior nas primeiras décadas, decai à medida que ele se vai estabelecendo e ensombrando o sub-bosque, especialmente se forem feitos os desbastes e as desramas. 
A vantagem das longas rotações é a de poder executar os cortes de acordo com a valorização do mercado e os retornos intermédios provenientes dos desbastes cíclicos. 

Urge uma política de incentivos para que o pequeno proprietário invista em autóctones. 
Quando nascemos recebemos um património arbóreo, algum dele com centenas de anos. É bom que nos lembremos que as gerações vindouras também têm direitos semelhantes.

Há pouco mais de 1 mês vi, aqui em Carreço, um TIR carregado com carvalhos que penso serem centenários. Espero que não sejam substituídos por Eucaliptos e pinheiros bravos.

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