Então D. Perpétua, como está? Pergunto enquanto a visito em sua casa, três dias depois da morte do marido de 94 anos, acamado há mais de dois.
-“Oh! Sr. Dr.! Ele fazia-me muita companhia!”, responde contristada, acentuando o negro da roupa, enquanto me estende a mão mole num cumprimento. –“Sabe a gente habitua-se, e depois é uma tristeza muito grande!”.
- “Eu calculo D. Perpétua!. Ele, se bem que trinta anos mais velho que a Sra., deve-lhe ter dado muitas e boas recordações!
- “É verdade Sr. Dr.! Mas eu também o ajudei muito, porque a família dele nunca apoiou o nosso casamento", diz enquanto se senta. Depois, enquanto alisa a saia preta sobre os joelhos, olha para mim e eleva um pouco a voz: -"Não sei se reparou como a filha dele ia no enterro? Com aquele decote que quase se viam as cuecas, e saia tão curta! Desculpe Sr. Dr., mas não é figura que se apresente! Melhor fez a outra, que nem apareceu!”
- “Não!. Não reparei, D. Perpétua! Mas eu também não estava lá para reparar nessas coisas, e a outra filha, se calhar, não pôde mesmo vir!”, tento acalmar-lhe o ânimos, enquanto ela se levanta e compõe o pequeno xaile nos ombros.
- “Ai que não pôde! Ela só não veio para não se encarar comigo! É que nós nunca nos demos! Ela até me põe culpas na morte da mãe dela!", e afasta-se num longo suspiro.
-“Deixe lá isso!. Agora o que a Sra. tem é de se distrair um pouco, e não ficar aí a pensar todo o dia nessa morte!"
-“Tem razão Sr. Dr.!, e eu até já pensei em ir para as Termas. Há uns anos, fui com o meu marido, e melhorámos muito. Olhe que então, eu tinha uma grande prisão de ventre. Comia e ficava toda empanturrada, e quando fazia, era, assim, uns cagalhotos grossos, … como bolas!”, e simulava um esgar enquanto levava a mão direita semicerrada do estômago às nádegas, “e, depois daqueles tratamentos todos, até viemos com outras cores. O Dr. o que acha de Caldelas?”
- “Não há melhor! D. Perpétua! Não há melhor!"
-“Oh! Sr. Dr.! Ele fazia-me muita companhia!”, responde contristada, acentuando o negro da roupa, enquanto me estende a mão mole num cumprimento. –“Sabe a gente habitua-se, e depois é uma tristeza muito grande!”.
- “Eu calculo D. Perpétua!. Ele, se bem que trinta anos mais velho que a Sra., deve-lhe ter dado muitas e boas recordações!
- “É verdade Sr. Dr.! Mas eu também o ajudei muito, porque a família dele nunca apoiou o nosso casamento", diz enquanto se senta. Depois, enquanto alisa a saia preta sobre os joelhos, olha para mim e eleva um pouco a voz: -"Não sei se reparou como a filha dele ia no enterro? Com aquele decote que quase se viam as cuecas, e saia tão curta! Desculpe Sr. Dr., mas não é figura que se apresente! Melhor fez a outra, que nem apareceu!”
- “Não!. Não reparei, D. Perpétua! Mas eu também não estava lá para reparar nessas coisas, e a outra filha, se calhar, não pôde mesmo vir!”, tento acalmar-lhe o ânimos, enquanto ela se levanta e compõe o pequeno xaile nos ombros.
- “Ai que não pôde! Ela só não veio para não se encarar comigo! É que nós nunca nos demos! Ela até me põe culpas na morte da mãe dela!", e afasta-se num longo suspiro.
-“Deixe lá isso!. Agora o que a Sra. tem é de se distrair um pouco, e não ficar aí a pensar todo o dia nessa morte!"
-“Tem razão Sr. Dr.!, e eu até já pensei em ir para as Termas. Há uns anos, fui com o meu marido, e melhorámos muito. Olhe que então, eu tinha uma grande prisão de ventre. Comia e ficava toda empanturrada, e quando fazia, era, assim, uns cagalhotos grossos, … como bolas!”, e simulava um esgar enquanto levava a mão direita semicerrada do estômago às nádegas, “e, depois daqueles tratamentos todos, até viemos com outras cores. O Dr. o que acha de Caldelas?”
- “Não há melhor! D. Perpétua! Não há melhor!"
é que eu para obrar era um martírio...
ResponderEliminarabraço