quarta-feira, 24 de abril de 2013

Amuletos, Taxistas e outros melros

- Eu sou de Paderne, Melgaço. Quando era pequena, tinha uma vizinha muito dada a coisas do além, e o Zeca da Pureza levava-a ao Bruxo de Viana, para ela se livrar dos encostos, dos quebrantos e das invejas. Quando voltava fazia defumações com ramos de alecrim.
Era um bom negócio para os taxistas e até havia quem telefonasse para preparar a conversa e o cenário.
Mas havia outros negócios. Nas ourivesarias vendia-se o São Solimão para livrar as criançinhas do mau-olhado ou uma chavezinha para fechar o "corpo aberto".
- E o que é um São Solimão?
- É um conjunto de quatro peças em prata ou ouro, que se oferece aos recém-nascidos. Tem uma figa para afastar as doenças e outros perigos, uma estrela de David para proteger das influências malignas e atrair boas energias, um corno (cornucópia) para dar tudo o que o seu dono possa desejar, e uma lua crescente para dar força e protecção. O nome São Solimão, deve ter a ver com Solimão o Magnífico, monarca proeminente da Europa do século XVI, sultão do Império Otomano e califa do islão, "justo e incorrupto", patrono de artistas e filósofos, elevado a "santo" pelo Portugal popular e fixado num amuleto.
- Do mal o menos. E que é ter "o corpo aberto"?
- É ter a capacidade de sentir o que se passa no mundo dos espíritos e estar sujeito a que um deles lhe entre no corpo e o subjugue. Se o espírito reage, poderá ocorrer uma crise convulsiva.
- Aaaahh!

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