sexta-feira, 11 de abril de 2014

Arquitectos, Decoradores, Enfermeiros e Doutores



"Estou provisoriamente a fumar Definitivos, mas vou passar definitivamente a fumar Provisórios". Era uma chalaça do tempo em que o tabaco não fazia mal. Tabaco barato, cheio de talos, mas fazia fumo como os mais caros.
Desapareceram as marcas, ficou a frase a lembrar o provisoriamente "tosco", que se eterniza.

Nas instituições públicas multiplicam-se os candidatos a arquitectos e decoradores. Qualquer um opina e leva avante projectos para dar funcionalidade diferente ao existente, se lhe ocorre uma razão e a torna premente.
Hoje é aumentar o número de gabinetes numa determinada área, amanhã são intervenções num Bloco Operatório ou num Serviço de Urgência.
Chama-se um desenhador e logo surgem candidatos a arquitectos de pacotilha que não são suficiente machos para serem engenheiros, nem suficientemente maricas para serem decoradores, ou porque estão na calha para serem chefes e ou para não ficar atrás de ninguém. Todos se juntam para riscar no papel, com aquele sentimento de que se pusermos cinco mil macacos a bater nos teclados de outras tantas máquinas de escrever, durante cinco dias, algum irá escrever uma frase com princípio meio e fim.
Quem paga é o Estado (todos nós) e, se ficar mal, deita-se abaixo e faz-se de novo.

O mal tem a ver com "incultura".
Pobres arquitectos. Qualquer médico ou enfermeiro os substitui. Mas ai de quem fizer uma incursão no âmbito da Saúde, que até as Ordens se põem em bicos de pés - que há que ter formação nem que seja para despejar um bacio de trampa.

Enquanto isto, multiplica-se o desemprego nos arquitectos e as suas queixas de incompreensão. Afirmam ser impossível cobrar uma consulta, que lhes roubam os anteprojectos para os entregarem a mestres de obras que os adulteram e que os clientes julgam saber "muito bem como querem viver" e os tentam obrigar a soluções arquitectonicamente erradas, como se alguém fosse ao médico e impusesse o tipo de tratamento a que queria ser submetido.

Temos escolas de Arquitectura que não nos envergonham, mas com esta mentalidade no país e em especial nos serviços públicos, vamos andar a fazer e a desfazer sem nunca ter solução eficiente.
Bem dizia o meu avô: "A ignorância é muito atrevida!"

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