Meu Capitão Afinal a mourama (ao contrário da sua opinião de há uns dias) começou a "vindimar" os editores e fautores dos jornais satíricos de "La libre France" e além de lhes arrefecerem o céu da boca com rajadas da AK4, o que demonstra um "agiornamento" notável, pois os sarracenos são bem mais mais expeditos com o cutelo nos gorgomilos, ou á pedrada, chamando-lhe eufemísticamente lapidação (como se fossem uma gema preciosa em bruto a polir para ganharem brilho). O problema agora é que as "Kalachs" não estão mencionadas no alcorão o que irá levantar sérios problemas teológicos e até deontológicos presumo eu. Sem mais.
Caro Anónimo: A “mourama” como lhe chama, é feita da mesma massa que a restante malta. As “religiões do livro único” tendem a criar grupos que lêem o fundamentalismo que lá está, seja ele judaico, cristão ou islâmico. Depois há os exegetas que adoçam a pílula e procuram adaptar aos tempos, com uma “décalage” de décadas para a população mais esclarecida, mas adaptada a quem vive na actualidade com o modo e os valores de há muitas décadas atrás, a quem as historietas desses livros, vão dando as respostas que procuram. Todas as religiões de “livro único” têm verdades universais e razões erradas para se fazerem as coisas certas, mas todas elas vêm o outro como “infiel” e só esse facto faz dele um indivíduo “perigoso”. No “seu” caso, leio conceitos “generalistas” em relação ao Islão, sem levar em conta que há católicos e judeus com o mesmo potencial, que só se não manifestam assim por se considerarem na mó de cima, mas que o farão se sentirem que estão a perder benefícios. O jornal "Charlie Hebdo", de algum modo lutava (esperemos que continue) contra a razão absoluta, fosse ela política ou religiosa. É por isso que eu me disse “Charlie”.
Meu capitão: De facto o potencial é o mesmo em qualquer religião do "livro" embora para uns prometam o paraíso onde corre o leite e o mel e outros prometem as 70 virgens e básicamente essa é a grande diferença, Começa a haver escassez de produto e há que desestabilizar o equilíbrio o que no momento que passa não é prioridade presumo das outras. Quanto aos "generalismos", com sua licença meu capitão, nunca chegaremos a generais, por mim não passo dum anspeçada saiba vossa senhoria meu capitãp.
Na minha opinião estás a cometer um erro de simplificação ao pôr todas a religiões de um Deus único e de um só livro no mesmo saco. Há uma grande diferença entre as religiões reveladas. O Judaísmo sempre foi pacífico. O Cristianismo começou mal, piorou com o tempo, mas foi polindo arestas nas últimas centenas de anos. O Islão é hoje como o Cristianismo foi ao tempo das Cruzadas - intolerante e agressivo. O grande problema é que os Muçulmanos são incapazes, ou não querem, arrumar a casa e trazer o Islão para a modernidade, tanto quanto possível. O Judeus foram os 1ºs a inventar um Deus único (se esquecermos a 1ª tentativa dos Egípcios e que foi Ra) mas nunca enveredaram pela violência para impor YHWH. Antes pelo contrário.A Tora é um livro de leis e de regras de vida, para ordenar uma sociedade, que estão na base da Civilização Ocidental. A violência recente para criar o Estado de Israel foi feita por Judeus não religiosos. Quando o judeu Yeshua tentou corrigir o que na opinião dele eram as falhas do Judaísmo, esbarrou com o poder estabelecido e acabou por ser o bode expiatório apaziguar uma situação de grande tensão politica e social na Judeia. Pilatos sob pressão de Augustus fez o que tinha que fazer para manter a paz. (Para perceber a relação estreita entre a violência e o sagrado, assim como o mecanismo do bode expiatório para apaziguar tensões sociais, recomendo o livro “La Violence et Le Sacré” por René Girard. Há uma tradução em Inglês). Paulo, um Romano, consumado vendedor de banha da cobra, e que nunca viu Yeshua, acabou por inventar o Cristianismo (até então apenas um pequeno ramo do Judaísmo) o que não parece ter sido a intenção de Yeshua. Mais tarde, Constantino percebeu que tinha ali um instrumento importante de controlo populacional e adaptou-o à mitologia Romana. Foi o princípio da degeneração, com a adoração dos santos e o mistério da Santíssima Trindade, não é mais do que um regresso ao politeísmo. Os Evangelhos foram escritos séculos depois e manipulados para servir os interesses da época. Depois vieram as Cruzadas e outras atrocidades, a Reforma e a Contra-Reforma, mas, depois das guerras religiosas da Europa, começou-se a "limpar" as tendências maléficas deste Cristianismo. Hoje, com a excepção de pequenos grupos de fanáticos sem significado, o Cristianismo, em todas as suas formas, parece dar conforto e direcção a muita gente.
Muhammad deve ter lido a Tora e os Evangelhos, e ter-se inspirado neles, eliminando o conceito da Santíssima Trindade, para escrever o Corão e dar aos Beduínos do Hejaz regras para viver em comunidade. Ele, e os que o seguiram, conquistaram meio mundo em nome de Al Ilah e converteram facilmente a maioria dos conquistados com a promessa de isenção de impostos. Houve até um período curto, quando a Europa estava mergulhada nas trevas do Cristianismo da Idade Media, em que o Islão foi sinónimo de cultura e civilização. Tudo parece ter corrido mais ou menos bem no Islão até ao fim da Guerra de 1914-1918, com o desaparecimento do Império Otomano e a criação do Reino da Arábia Saudita, a invenção do Iraque, Kuwait, Jordânia, Síria, U.A.E., Iémen, etc., e a descoberta de grandes jazigos de petróleo no Médio Oriente. Foi um processo cínico e convoluto difícil de sumarizar. Para se entender o que se está a passar agora no Médio Oriente, e com o Islão, o livro “A Peace To End All Peace” por David Fromkin, é leitura essencial.
******************** Só os que trabalhavam e ainda trabalham no Charlie Hebdo tem o direito de dizer Je suis Charlie. Solidarizar-se com o Charlie Hebdo com palavras pode dar a sensação de que se contribuiu para erradicar a intolerância, mas é um gesto sem significado, e até perigoso. Aquela manifestação em Paris foi patética. Deu a ilusão aos participantes que tinham feito qualquer coisa em nome da liberdade de expressão, para depois regressarem ao conforto das respectivas casas sem fazer mais nada nem pensaram mais no assunto. O auto-proclamado Estado Islâmico viu-a certamente como uma vitória importante.
Eu sei que as Religiões são edifícios muito complicados que ajudam a organizar as sociedades. O que está em causa, no Ocidente, são as normas religiosas que colidem com direitos que a civilização ocidental foi conseguindo para a sua população. Não sou um fã do humor de mau gosto, principalmente quando ele é pouco consequente. Mas o humor a dar que pensar é habitualmente pouco ortodoxo e não deve ter outros limites que os legais.
Meu Capitão
ResponderEliminarAfinal a mourama (ao contrário da sua opinião de há uns dias) começou a "vindimar" os editores e fautores dos jornais satíricos de "La libre France" e além de lhes arrefecerem o céu da boca com rajadas da AK4, o que demonstra um "agiornamento" notável, pois os sarracenos são bem mais mais expeditos com o cutelo nos gorgomilos, ou á pedrada, chamando-lhe eufemísticamente lapidação (como se fossem uma gema preciosa em bruto a polir para ganharem brilho). O problema agora é que as "Kalachs" não estão mencionadas no alcorão o que irá levantar sérios problemas teológicos e até deontológicos presumo eu. Sem mais.
Caro Anónimo:
ResponderEliminarA “mourama” como lhe chama, é feita da mesma massa que a restante malta.
As “religiões do livro único” tendem a criar grupos que lêem o fundamentalismo que lá está, seja ele judaico, cristão ou islâmico. Depois há os exegetas que adoçam a pílula e procuram adaptar aos tempos, com uma “décalage” de décadas para a população mais esclarecida, mas adaptada a quem vive na actualidade com o modo e os valores de há muitas décadas atrás, a quem as historietas desses livros, vão dando as respostas que procuram.
Todas as religiões de “livro único” têm verdades universais e razões erradas para se fazerem as coisas certas, mas todas elas vêm o outro como “infiel” e só esse facto faz dele um indivíduo “perigoso”.
No “seu” caso, leio conceitos “generalistas” em relação ao Islão, sem levar em conta que há católicos e judeus com o mesmo potencial, que só se não manifestam assim por se considerarem na mó de cima, mas que o farão se sentirem que estão a perder benefícios.
O jornal "Charlie Hebdo", de algum modo lutava (esperemos que continue) contra a razão absoluta, fosse ela política ou religiosa.
É por isso que eu me disse “Charlie”.
Meu capitão: De facto o potencial é o mesmo em qualquer religião do "livro" embora para uns prometam o paraíso onde corre o leite e o mel e outros prometem as 70 virgens e básicamente essa é a grande diferença, Começa a haver escassez de produto e há que desestabilizar o equilíbrio o que no momento que passa não é prioridade presumo das outras. Quanto aos "generalismos", com sua licença meu capitão, nunca chegaremos a generais, por mim não passo dum anspeçada saiba vossa senhoria meu capitãp.
ResponderEliminarNa minha opinião estás a cometer um erro de simplificação ao pôr todas a religiões de um Deus único e de um só livro no mesmo saco.
ResponderEliminarHá uma grande diferença entre as religiões reveladas. O Judaísmo sempre foi pacífico. O Cristianismo começou mal, piorou com o tempo, mas foi polindo arestas nas últimas centenas de anos. O Islão é hoje como o Cristianismo foi ao tempo das Cruzadas - intolerante e agressivo. O grande problema é que os Muçulmanos são incapazes, ou não querem, arrumar a casa e trazer o Islão para a modernidade, tanto quanto possível.
O Judeus foram os 1ºs a inventar um Deus único (se esquecermos a 1ª tentativa dos Egípcios e que foi Ra) mas nunca enveredaram pela violência para impor YHWH. Antes pelo contrário.A Tora é um livro de leis e de regras de vida, para ordenar uma sociedade, que estão na base da Civilização Ocidental.
A violência recente para criar o Estado de Israel foi feita por Judeus não religiosos.
Quando o judeu Yeshua tentou corrigir o que na opinião dele eram as falhas do Judaísmo, esbarrou com o poder estabelecido e acabou por ser o bode expiatório apaziguar uma situação de grande tensão politica e social na Judeia. Pilatos sob pressão de Augustus fez o que tinha que fazer para manter a paz.
(Para perceber a relação estreita entre a violência e o sagrado, assim como o mecanismo do bode expiatório para apaziguar tensões sociais, recomendo o livro “La Violence et Le Sacré” por René Girard. Há uma tradução em Inglês).
Paulo, um Romano, consumado vendedor de banha da cobra, e que nunca viu Yeshua, acabou por inventar o Cristianismo (até então apenas um pequeno ramo do Judaísmo) o que não parece ter sido a intenção de Yeshua.
Mais tarde, Constantino percebeu que tinha ali um instrumento importante de controlo populacional e adaptou-o à mitologia Romana. Foi o princípio da degeneração, com a adoração dos santos e o mistério da Santíssima Trindade, não é mais do que um regresso ao politeísmo.
Os Evangelhos foram escritos séculos depois e manipulados para servir os interesses da época.
Depois vieram as Cruzadas e outras atrocidades, a Reforma e a Contra-Reforma, mas, depois das guerras religiosas da Europa, começou-se a "limpar" as tendências maléficas deste Cristianismo. Hoje, com a excepção de pequenos grupos de fanáticos sem significado, o Cristianismo, em todas as suas formas, parece dar conforto e direcção a muita gente.
Muhammad deve ter lido a Tora e os Evangelhos, e ter-se inspirado neles, eliminando o conceito da Santíssima Trindade, para escrever o Corão e dar aos Beduínos do Hejaz regras para viver em comunidade. Ele, e os que o seguiram, conquistaram meio mundo em nome de Al Ilah e converteram facilmente a maioria dos conquistados com a promessa de isenção de impostos. Houve até um período curto, quando a Europa estava mergulhada nas trevas do Cristianismo da Idade Media, em que o Islão foi sinónimo de cultura e civilização.
Tudo parece ter corrido mais ou menos bem no Islão até ao fim da Guerra de 1914-1918, com o desaparecimento do Império Otomano e a criação do Reino da Arábia Saudita, a invenção do Iraque, Kuwait, Jordânia, Síria, U.A.E., Iémen, etc., e a descoberta de grandes jazigos de petróleo no Médio Oriente. Foi um processo cínico e convoluto difícil de sumarizar. Para se entender o que se está a passar agora no Médio Oriente, e com o Islão, o livro “A Peace To End All Peace” por David Fromkin, é leitura essencial.
********************
Só os que trabalhavam e ainda trabalham no Charlie Hebdo tem o direito de dizer Je suis Charlie. Solidarizar-se com o Charlie Hebdo com palavras pode dar a sensação de que se contribuiu para erradicar a intolerância, mas é um gesto sem significado, e até perigoso.
Aquela manifestação em Paris foi patética. Deu a ilusão aos participantes que tinham feito qualquer coisa em nome da liberdade de expressão, para depois regressarem ao conforto das respectivas casas sem fazer mais nada nem pensaram mais no assunto.
O auto-proclamado Estado Islâmico viu-a certamente como uma vitória importante.
Eu sei que as Religiões são edifícios muito complicados que ajudam a organizar as sociedades.
ResponderEliminarO que está em causa, no Ocidente, são as normas religiosas que colidem com direitos que a civilização ocidental foi conseguindo para a sua população.
Não sou um fã do humor de mau gosto, principalmente quando ele é pouco consequente. Mas o humor a dar que pensar é habitualmente pouco ortodoxo e não deve ter outros limites que os legais.