Em Portugal, a organização dos serviços de saúde com alguma dimensão, remonta à década de 1960, com a criação da ADSE, mas o grande marco, surge em 1979, com a criação do Serviço Nacional de Saúde, universal e gratuito.
Em 1993, o Estatuto do SNS, substituiu o termo “gratuito” por “tendencialmente gratuito” e de então para cá (embora os gastos “per capita” sejam inferiores à média dos países desenvolvidos da EU, em proporção ao PIB, eles são superiores), o progressivo aumento da despesa em saúde (~ 65% da despesa pública), põe em causa a sua sustentabilidade.
A entrada dos Privados, principalmente na área dos MCDT, apesar de alegarem fornecer o mesmo serviço a menor custo, tendem a induzir o consumo em saúde e a onerar gastos, para além de criarem a falsa ilusão de que são eles o cerne do diagnóstico e não a qualidade do raciocínio do médico que os requisita.
A Medicina Interna vive desta perspicácia, que permite encontrar a meia dúzia de tópicos que orientam o tratamento de cada doente, frequentemente envolvidos num imenso ruído de ansiedades, falsas concepções e MCDT desnecessários.
Eu acredito que é possível aceitar o desafio de "Fazer mais com menos!" se não se puser toda a tónica nos "Indicadores de Desempenho" e se reduzir o consumismo, a medicalização excessiva e a iatrogenia.
Atribuir o devido valor à qualidade do raciocínio médico no Serviço Nacional de Saúde é o passo primeiro para a sua sustentabilidade.
Para se aceitar o desafio de "Fazer mais com menos!", não se pode pôr toda a tónica nos "Indicadores de Desempenho" pois eles não permitem uma clara redução do consumismo, da medicalização excessiva e da iatrogenia.
Os médicos no SNS devem lutar por uma organização dos serviços onde a qualidade do seu raciocínio clínico seja validada pelos pares e por gestores que os entendam.
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