Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
segunda-feira, 28 de junho de 2021
Pinheiros secos
sexta-feira, 25 de junho de 2021
Caminhos do monte
Todas as semanas dou um passeio a pé pelo monte. O mais comum e curto, é subir ao estradão que une Carreço a Afife, descer até ao Casino, comprar o jornal, tomar um abatanado, e voltar pela recente estrada paralela à linha do comboio.
quinta-feira, 17 de junho de 2021
Segunda dose da vacina para o Covid
Ensinaram-me então que tinha que confessar os meus pecados a um homem velho, vestido de preto dentro de uma cabina escura. Como era pequena e não chegava aos buraquinhos do confessionário, o padre saiu e a confissão ocorreu frente a frente, comigo muito humildemente ajoelhada, num grande esforço para inventar pecados para não o defraudar, pois não era suposto chegar lá sem nenhuma falta.
Como é que aos 6 anos se tem noção de pecado? Diziam-me que se pecava por pensamentos, palavras, obras e omissões e eu punha-me à procura dentro da cabeça de quais de todos eles podiam merecer essa classificação.
No fim, o meu nível de pecadora era quantificado pelo número de Avés Marias ou Salve-Rainhas que me receitavam como penalização e que comparava com as minhas colegas, tal como as notas nos exercícios de ditado ou redacção.
Ensinaram-me ainda que, depois deste passo doloroso, estaria pronta para comungar. Ainda na fila para a comunhão já eu punha a língua de fora para receber aquela fatia fina e seca de pão sem fermento, para depois sofrer o tormento de ter a hóstia colada ao céu da boca e ser proibido tocar-lhe com os dedos, quando os movimentos de língua não eram suficientemente eficazes para a descolar, e me punha a revirar os olhos com ar de recolhimento, tentando pensar em coisas "edificantes", com a agravante de ser proibido sair da igreja ainda com a hóstia na boca sob pena de passar a vergonha de ver dois sacristãos atrás de mim, com tochas acesas.
Para progredir nesses patamares fiz a primeira comunhão. Vestiram-me de anjinho e, para compor a imagem, a minha mãe chamou a cabeleireira a casa e transformou os meus cabelos, normalmente lisos, em densos caracóis por meio de uma "mise" executada com ferros quentes, que além de me queimarem o couro cabeludo me faziam cair a cabeça pelo seu peso excessivo para a minha idade.
Cumpri a minha missão segurando a toalha da comunhão, de joelhos, ostentando nas costas um longo par de asas, por um tempo que me pareceu infinito. Os fotógrafos que se posicionaram por trás de mim, encarregaram-se de entortar as ditas asas, tornando a meu equilíbrio ainda mais penoso.
Tudo excessivo, muito intenso e pouco útil!
Já a comunhão solene se revelou a ostentação de uma vaidade familiar bacoca. Nos meus 10 anos ainda reclamei, tentando que me deixassem envergar um fato de freira mais adequado à solenidade da minha profissão de fé. Não me deixaram. Era sobrinha da directora, Tinha de ser a mais "bonita" e... vestiram-me de noiva!
Tudo acabou aqui. Resta o lamento do tempo rouhbado às sãs brincadeiras despreocupadas como devem ser as das crianças e os medos que perduraram anos, até se perderem.
Felizmente que as novas gerações não são obrigadas a passar por isto.
quarta-feira, 16 de junho de 2021
terça-feira, 8 de junho de 2021
Eu e as Redes sociais
Há uns meses ouvi no YouTube, uma entrevista com Stephen Fry, actor, escritor e grande comunicador inglês, em que ele falava dos comentários ao que publicava nas redes sociais.
Dizia ele: “Você posta
algo e embora 99% das pessoas, pelo menos, sejam simpáticas mesmo que discordem
de você, há 1% que é desagradável, rude e ameaçador…. Eu acho que é um pouco
como uma piscina. Se 99% da água da piscina é limpa, é bom, mas se houver um
pedacinho de cocó flutuando nela, eu não vou nadar nessa piscina. Não sou esse
tipo de pessoa que não liga ao que as pessoas pensam ...”
Eu faço o esforço de estar nas
redes sociais, mesmo sabendo que nela há todo o tipo de gente.
Há os velhos teimosos, intolerantes, resmungões e
auto-indulgentes que, de punho erguido aproveitam o pobre incauto que cruzou o
seu caminho, para tentar converter a aldeia num asilo exclusivo para eles. Há gente que se sente corajosa por se manifestar
politicamente incorrecta e tresmalhada do rebanho, muitas vezes a coberto do
anonimato. Há os patetas com piadas jocosas (como se o humor fosse uma coisa fácil) cujo teor é o que se encontra nas
tabernas entre os bem bebidos. Há os que “acham” isto e aquilo, sem o mínimo de
humildade nem esforço de estudar ou pensar sobre o que se atrevem a dar opinião.
Há os do “bota abaixo” de olhar enviesado, que veem em tudo o que lhes cheira a
mudança, um prejuízo irreparável. Há os que dividem, não recusando o “bulling”, se o acharem útil e os que vestem a pele de um Canário de terceira e se põem a "espicaçar”
quem não conhecem, na esperança de uma resposta que satisfaça o “ai,olariloléla”
em que se sentem confortáveis.
A estes eu não respondo.
Eu uso as Redes Sociais na procura de alguma coisa
interessante: um humor com pés e cabeça, uma história pitoresca, uma observação
de um angulo diferente, um ensinamento, um negócio …
As brejeirices e outras “inconveniências”, guardo-as para
dentro de portas, para que possam entrar por um ouvido e sair pelo outro sem
deixar registo que nos comprometa e, mesmo assim, com cuidado, porque uma
palavra fora da boca é como a pasta de dentes que é impossível de voltar a
meter dentro do tubo.