Coerência

… por força das funções que exercia, tinha a meu cargo a representação externa, onde temos que defender as opções a pôr em prática. E devo confessar que me sinto completamente incapaz de ser intérprete de muitas das posições que estão a ser tomadas.”
Edmundo Martinho, ex-presidente do Instituto de Segurança Social, numa entrevista ao Público de 28/08/2011

Edmundo Martinho coordenador e presidente da CNRSI (Comissão Nacional do Rendimento Social de Inserção), não se sente intérprete das novas políticas, por ter sólidos argumentos técnicos e éticos para as anteriores.
Não tenho qualidade técnica para defender uma ou outra das políticas, mas gosto desta coerência.

Por outro lado, talvez por causa de Stefan Zweig, abomino a personalidade dos Joseph Fouché que por aí andam.

O vinho

-Muito obrigado, Sr. Abílio! Mas era dispensável. Aceito, porque sei que você oferece com gosto!
Tem uma cirrose hepática, fruto de matar a sede com o vinho que produzia. Há cinco anos viu a morte, e desde então, a cada Páscoa, traz a prenda. De início seis garrafas do seu vinho. Depois três com rótulo da Adega Cooperativa, o ano passado duas numa caixa decorada. Hoje uma de espumante da região.
- Sabe, Sr. Dr.! Eu já não conduzo. Venho na camioneta e tenho de subir isto tudo até aqui. Paro umas cinco vezes no caminho!
...

Desempregados

Toda a pessoa tem direito ao trabalho, a livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e a protecção contra o desemprego - está escrito na Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 10 de Dezembro de 1948.
O trabalho, para além de ser fundamento da ordem económica, assegura a dignidade da existência humana, que um subsídio de desemprego não substitui.
Um país com 11% de desempregados, mesmo com um razoável apoio social, é uma bomba relógio, à espera que um pequeno desaire a faça explodir.

Agora uma história que li, há muitos anos, no Reader´s Digest, e que tem tudo a ver com isto.

Um fulano morre e a sua alma é recebida por um anjo que lhe abre uma porta dourada que dá acesso a um espaço ricamente decorado e lhe oferece uma poltrona no meio de mesas com as mais requintadas iguarias. Ainda mal se tinha sentado, quando lhe surge um criado de libré, que delicadamente lhe pergunta o que deseja. Surpreso, pergunta se pode pedir tudo o que quiser. Resposta: TUDO!
Aí a alma dá asas à imaginação e desata a pedir das coisas banais às mais extravagantes a que não teve acesso aquando da sua passagem na terra, desde comida, a favores sexuais, viagens, saunas, automóveis, … o que um cristão é capaz de se lembrar.
Passados dias a variar de prazer em prazer, a alma chamou de novo o criado e disse-lhe: “Eu agora gostava que me arranjasses qualquer coisa que fazer!"
O bom do criado, vergou-se na sua frente e, respeitosamente, disse-lhe: -“Trabalho aqui não é possível, mas pode continuar a pedir tudo o que desejar, que lhe será imediatamente cedido!”
A alma deu mais uma volta à cabeça, e na impossibilidade de lhe ocorrer novo desejo, revoltou-se e disse-lhe, asperamente: - “Mas que raio de Céu é este, onde não se pode fazer nada?”, e aí o criado retrucou: - “Senhor, isto aqui não é o Céu. O Senhor está no Inferno!”

Programa de Emergência Social

"Quando o Estado recua nos apoios sociais, os direitos tornam-se ajudas e deixam de ser garantidos. Esse é o risco do recém-anunciado Programa de Emergência Social para apoiar um total de três milhões de portugueses, acreditam Villaverde Cabral e Boaventura Sousa Santos. O plano dá à Igreja Católica o papel que tinha no tempo de Salazar e é mais um passo para uma segurança social para pobres.
A diferença entre o Estado e os agentes privados é que a estes não é possível exigir o cumprimento dos direitos dos cidadãos e muito menos os direitos universais. Os agentes privados não actuam com base em critérios de cidadania; actuam com base em critérios de carência.
As IPSS só distribuem aquilo que o Estado lhes dá; nem mais um tostão.
No caso português, há um factor adicional de anti cidadania: a presença maciça da Igreja Católica nas IPSS, faz destas um instrumento de evangelização bem conservadora, aliás – financiada por um Estado supostamente laico. "
In Público de 24/08/2011

Agora, uma anedota que parece não ter nada a ver com isto.

Uma freira empurra numa cadeira de rodas, um desgraçado fortemente penalizado por lesões cerebrais. O homem apesar da dislexia e da incoordenação motora, à passagem de uma rapariga toda “produzida”, não resiste e diz-lhe um piropo excessivamente brejeiro.
A freira, surpresa, admoesta-o: "-Não diga isso que Deus castiga-o!"
Ao que o infeliz responde, retorcendo-se na cadeira: "-Só… se … me … des pen tear! "

Comprar ou alugar casa?

Faça contas.
Analise o valor a pagar pelo crédito + os seguros, e certifique-se de que o seu rendimento familiar possibilita o pagamento desses encargos.
Depois tenha em conta que os rendimentos da sua família podem regredir, por poder perder o emprego ou lhe reduzirem o salário, conte com os aumentos dos impostos e a redução de benefícios sociais que o vão obrigar a maior despesa corrente.
Considere também que as casas em Portugal estão a desvalorizar, pelo efeito demográfico de envelhecimento da população e pelo grande número de casas devolutas.

Pode correr o risco de comprar uma casa que hoje vale 150.000 Euros, para a qual pede ao Banco um empréstimo de 100.000 Euros, e por uma qualquer razão deixar de poder cumprir o empréstimo.
Então o Banco penhora-lhe a casa e vende-a em leilão e é provável que o preço de venda nestas circunstâncias não atinja os 50.000 Euros.
Dependendo do contrato que fez, pode ter perdido não só os seus 50.000 Euros, como ficar com uma dívida de 50.000 Euros mais os juros do dinheiro que pediu.

Era melhor ter alugado e se não conseguisse pagar, mudar para casa de renda mais baixa.

Why Worry

O D. Sebastião

- Então vais-te reformar?
- Meti os papéis. Vou ter uma grande penalização, mas acho que atingi o meu limite. Se estivesse com a corda na garganta, tinha que aguentar. Mas como, felizmente, não estou, vou-me dedicar aos netos.

Braga POP Hostel

Dormir em Hotéis é cultura de gente crescida, com vida e proventos garantidos.

Ter de ficar, poupando uns tostões e aproveitar para conhecer gente do mesmo grupo etário sem recusar partilhar o espaço e confrontar ideias, é uma prática da juventude europeia, e a nossa começa a dar os primeiros passos.

O Braga POP Hostel é já um espaço de referência, onde se pode encontrar gente de todo o mundo.

Por 17 Euros, pode-se dormir, tomar banho e o pequeno almoço e partir para outra, sem a preocupação dos custos de uma dormida.

Se és jovem e tens de ficar em Braga por uma ou duas noites, e estás numa dessas ... experimenta!




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Juventude

AAAAAAaaaaaaahhhhh!

"A juventude é uma coisa boa demais para se dar aos jovens!"

Os Mercados

Life is a game.
A vida não é mais que uma sucessão de jogos, onde perder não é um desastre, se isso não implicar ficar fora deles.
Mae West terá dito que “não queria saber de ganhar ou perder, desde que a deixassem continuar a jogar”, e de facto, o importante é poder continuar a jogar, e para tal, não se pode perder sempre. Eu sei que ela não era filosofa, mas as suas frases ainda hoje mantêm muita verdade.

Há muitos jogos e muitos campeonatos, primeiras divisões e outras regionais mas, se pensarmos bem, a maior parte dos jogos pertencem a estas últimas e os jogos de 1ª divisão, que a globalização nos criou, têm riscos que nem todos se disponibilizam a correr.
Há alegrias em todas eles, e o iate de luxo não traz mais felicidade que uma pequena vitória na resolução de um problema que nos atormenta ou na conquista da mulher que nos enfeitiça.

Os jogos de sobrevivência, que se jogam na África subsariana, não são comuns no mundo ocidental. Aqui a maior parte do tempo o que se joga é a conquista de dinheiro que nos dê acesso a objectos e a um conforto imaginário, sejam eles um televisor, uma roupa de marca ou umas férias exóticas para "projecção dentro do grupo".

O capitalismo tem sido o tabuleiro base aos jogos das divisões superiores e, na febre do jogo, ninguém lhes lembra que há outros campeonatos a decorrer com maior legitimidade.
Até um dos muito ricos fala em baixar as paradas, para que não se chegue ao limite de se ter de lhes dizer: "Alto e pára o jogo!" "Ou há moralidade, o jogam todos!"

Pavane

Os petrodólares

Chevrolet Corvette C6

Bateu na mulher com quem vive há mais de 30 anos. A filha, que o acompanha, diz que não se anda a dar com ninguém.
Tem 56 anos. Está emigrado em França desde jovem. “Trabalhou como um mouro, para agora estar bem na vida". Está de baixa desde Novembro “por causa de uma lombalgia”. Há uma semana, veio, como de costume, de férias. E o que eram para ser umas “vacances de rêve”, têm sido um pesadelo, com todos contra ele. Não trouxe o carro, porque está sem carta.
- Como foi isso?
- Foi por causa dos pontos. Fiquei com mais de doze. Só em Novembro é que volto a ter o "permis de conduire". Entretanto comprei um Chatenet.
- O que é Chatenet?
- É um carro que não precisa carta, desses que têm velocidade máxima de 45km/h, mas eu fiz-lhe umas modificações e ele agora dá 120! O meu carro é um Corvette C6. Conhece? Comprei-o novo há dois anos! Dá 300 à hora! Só uma vez é que levei o pedal ao fundo! Sabe! Eu sempre gostei de carros!
- Mas se você agora for apanhado a mais de 45Km/h vai ser um sarilho!
-Pois é! Se for apanhado, pegam no carro e põem-no na sucata. Se fosse com o da “interprise” era diferente, que eles multam a companhia e depois ela envia-me a conta! Mas não foi por excesso de velocidade que fiquei sem os pontos. Foi por causa do telemóvel e por andar sem cinto de segurança.
- E o carro está pago?
- Dinheiro não falta! O problema é andarem todos a chatear-me! Eu só vou a bem! Em minha casa sempre mandou a mulher! Ela gostava e comprava. Eu não me metia nisso. Agora eu falo para ela e ela responde torto! Como é? Eu sou determinado! Se alguém faz alguma coisa que eu não gosto … a cabeça fica a pensar e não descansa enquanto a não destruo. Mas não é a matar, entende? É fazer tudo para que ela fique prejudicada!
…
Olho para a filha que, sentada ao lado, se mantém calada, enrugando a tempos a testa, como que a dizer “É uma cruz que temos de suportar!”, e confirmo que vivem, desafogadamente. Trabalhou no “bâtiment, numa grande Enterprise française, … voilá!”. Já foi medicado por um psiquiatra, mas não toma os medicamentos e em casa ninguém se entende.

- Desculpe! E o psiquiatra não lhe falou em transtorno bipolar?
- Sim! Acho que foi isso que ele disse!
- E porque é que não disse logo que ele tinha esse diagnóstico. Estivemos a perder tempo. E eu com tanto que fazer!

Góis Pino

Carlos Manuel Góis Pino, nasceu em Lubango (Sá da Bandeira até 1975) - Angola, em 1968.
Pintor autodidacta, influenciado pelo Mestre Fernando Gonçalves. Reside na Póvoa de Varzim!

Realizou exposições em Portugal e Espanha. Está representado em várias colecções no país e no estrangeiro, nomeadamente no Brasil e em Angola.

Porreiro!

Chefiar não é um concurso de popularidade, principalmente quando se tem responsabilidade de gestão de dinheiros públicos e se vive num país em risco de bancarrota!
Governar é prever!

La Valse d'Amelie

Aprendendo a cozinhar

Sopa de beldroegas
(para 4 pessoas)

2 molhos de beldroegas (2Kg), 5 cebolas, 2 cabeças de alho, 1 folha de louro, 1 ovo por pessoa, 1 queijo de ovelha fervido, 1,5 dl de azeite e sal q.b.

Separe as folhas das beldroegas, retirando os cabos grossos e lave bem.
Faça um refogado com a cebola às rodelas, azeite e o alho inteiro (tire só a pele grossa).
Quando a cebola estiver transparente, acrescente as beldroegas, uma folha de louro e deixe refogar até amolecerem. Acrescente 1,5l de água quente, o sal e deixe ferver 5 minutos.
No fim, e na hora de servir, escalfe um ovo por pessoa na própria sopa.
Sirve-se no prato, deitando-se por cima do queijo aos pedaços.
À parte, sirva 500 gr de pão alentejano, de preferência amanhecido, cortado em fatias e regado com o caldo.

E assim se promove uma erva daninha!

Os Alfa, os Betos e os An.alfa.betos

Ser alfa é ser normal. Arregaçar as mangas quando é necessário, sentir o gozo de se medir com um problema e o solucionar com eficiência, ter alegrias e dores e expressá-las.

Um beto é um "labrego engraxado", com um grande foco em vestir bem, umas frescuras metrosexuais e uma grande preocupação em frequentar, ou dizer que frequenta, os locais visitados por betos de maior visibilidade. Acha-se culto por ver os últimos filmes de acção e comédia, evita o relacionamento com não-betos, vai à neve e anda o ano inteiro com os suportes dos skis no tejadilho do carro.
Os betos são um sintoma do novo riquismo e dos aspirantes à ascensão social pela aparência em vez do mérito. São cromos da tribo urbana de contornos escorregadios que se infiltram sem vergonha, que maltratam quem consideram inferiores ao mesmo tempo que tratam “demasiado bem” quem lhes está acima.

Os An.alfa.betos não são alfa nem betos. São "grunhos" que ousam opininar quando "ouviram, viram e não perceberam". Não estudam! Ouvem e vêm e botam faladura, sem pudor, em qualquer palco.

Aos grunhos raramente são dadas grandes responsabilidades, mas os betas crescem e ocupam cargos de relevo e os grunhos tendem a ouvi-los atentamente!
Pobres dos alfa que se encontrarem nas imediações!

Polimedicação

- Sr. Cândido! Confirme, se faz favor. O Sr. Está a tomar isto tudo?
- Sim Sr. Dr.! A Insulina, o Vastarel, a Sinvastatina, o Tromalyt e a Acarbose são por causa da Diabetes. O Finasteride e a Tansulosina para a próstata. O Keltican e o Voltaren para a neuropatia diabética. O Lasix, o Diulo e o Fositen por causa das tensões e da insuficiência renal. O Sinemet para o Parkinson. O Lanoxin para o coração, a Fluoxetina para a depressão e o Lansoprazole para o estomago. À noite ponho o cPAP porque tenho apneia do sono.
- São então dezasseis medicamentos e vinte e um comprimidos por dia, fora a Insulina. Quanto é que gasta na Farmácia?
- Nunca menos de oitenta Euros por mês (... fiz as contas e o SNS comparticipa com ~ noventa e três Euros por mês, sem contar com o cPAP). Dr.! Será que seria possível reduzir ou parar algum deles?
- ... Vamos ver! ...

Ah! ... o Brasil!