Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
segunda-feira, 30 de dezembro de 2013
O Medicamento do Ano
Fim de ano. Liga-se a TV, o rádio ou abre-se uma revista ou um jornal, e ouvem-se e lêem-se os “balanços” e o nome das “Personagens do ano”, o que desperta em nós a vontade de rever os factos que mais nos tenham impressionado em 2013.
E é por isso que, deste meu púlpito, depois de pensar nas personagens públicas e nas menos públicas que me rodearam e, pesando as chatices que podem cai sobre quem não é “Anónimo”, decidi eleger “O Medicamento do Ano”.
Nesta minha escolha, seria lógico que o vencedor fosse algum que tivesse alterado o rumo de uma doença e melhorado significativamente a sobrevida de quem dela padece.
Mas não foi o progresso que me moveu. Do mesmo modo que houve quem elegesse Miguel Relvas – personagem de 2013, por ter congregado o que os portugueses não queriam ver num político, eu elejo o “Memofante”, que apesar de muito mais inócuo (só faz mal à carteira de quem o compra), cria expectativas irreais a quem teme uma demência.
E porquê esta minha escolha e não o Herbalife ou outro dos muitos placebos à venda nas Farmácias e Parafarmácias?
A razão é só uma: Porque há quem o prescreva no SNS ... com regularidade!
Como acontece em todas as profissões, o saber e o “estar” dos médicos, vai do excelente ao mau, embora fosse suposto que, por lidarem com a doença e a vida das pessoas, o mau, quando identificado, fosse rapidamente removido, para bem da classe, da população e do erário público, pois quando um problema grave não é de início bem orientado, ou deixa de ser possível corrigi-lo, ou envolve encargos muito superiores. Além disso, quando um médico se fixa numa terapêutica de eficácia marginal, com grandes custos para o Estado e/ou para o utente, leva a pensar que poderá colher algum benefício dessa prescrição.
Com o aumento da vida média da população, o natural envelhecimento do cérebro ocasiona perda de faculdades, sem se dever rotular toda essa gente de “demente” e prescrever-lhe anti-demenciais, que são caros e de eficácia limitada, resistindo à pressão dos doentes, familiares e da indústria farmacêutica que, nem sempre usa meios legais para os promover. O seu uso deve ser fundamentado e monitorizado, para se suspender em caso de não resposta.
Actualmente, muitos deles têm genérico e é já possível analisar o perfil de prescrição dos médicos no Serviço Nacional de Saúde, onde o Estado (todos nós) é o pagador, pelo que, quem tem conluios com Laboratórios, corre riscos de ser “chamado à pedra”, principalmente se é reincidente. Mas a prescrição médica de produtos não comparticipados, foge a esse controle, e só a denuncia permite actuação.
Mas quando quem tem o dever de "controlar", evita “comprar” conflitos deste tipo, por temer a reacção de algum "traficante de influência", seja ele de uma Multinacional, da esfera do poder, do Clero, da Maçonaria ou da Opus Dei, acabamos por aceitar a "banalidade do mal" como uma filosofia de vida, e não há placebo que não chegue ao Top de vendas de um país.
sábado, 28 de dezembro de 2013
Teoria da conspiração 2.
- E Maddie McCann, foi um facto criado para vender jornais. Como é possível que a miúda tenha desaparecido às 22:00h de 3 de Maio e fazer manchete no The Daily Telegraph duas horas depois? Aquilo estava planeado! Os jornais estavam sem leitores porque não havia campeonato do mundo nem europeu de futebol e eles tinham urgência em vender papel, senão iam à falência. Aquele desaparecimento foi um S. Miguel.
O casal fazia ”swing” e o Gerald McCann não era o pai biológico, e verdadeiro foi lá buscá-la e levou-a para a terra dele. O resto foram os jornais e uns políticos contratados a gerir negócio. A miúda deve estar no Canadá ou na Austrália, ou num país qualquer de língua inglesa. Vê lá tu! Já lá vão dez anos e ainda se vendem jornais e livros com o tema.
É assim de tempos a tempos. No outro dia foi a vez da CNN ganhar dinheiro a vender imagens para o mundo inteiro com as bombas na Maratona de Boston. Tu acreditas que dois rapazes chechenos, que tinham acabado de conseguir a nacionalidade americana, decidissem pôr bombas artesanais no país que os acolheu, onde um morre e o outro fica incapaz de contar a sua versão? É uma história montada para dar lucro a quem tinha lá as câmaras de filmar e os direitos para difundir as imagens pelo mundo até à saturação.
Os jornais e os jornalistas vivem destas coisas. Histórias como estas rendem milhões, e para que o negócio da comunicação social renda, elas têm de acontecer. A bem ou a mal!
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
Burned in
Passamos sem nada que nos lembre, ou deixamos (que mais não seja) uma história. Lembramos situações de quem vimos uma única vez na vida e de quem se cruzou connosco nos corredores de todos os dias, principalmente quando a doença ou qualquer facto nos fragiliza e faz saltar o lado B de cada um de nós.
Marta era uma mulher de peso. Onde estivesse focalizava olhares e, até ao longe, aquele cilindro com uma trufa de cabelo ralo encaracolado no topo, marcava presença pelo andar
de perna aberta e ombro a dar com a anca.
Quis o destino atingir essa força com um enfarte do
miocárdio, e obrigá-la à via-sacra de exames, pareceres e
intervenções, até à “Alta”, medicada com …
Habituada a pôr e a dispor, a inactividade que se lhe seguiu, centrou-a nos pormenores da saúde. Hoje isto, amanhã aquilo. …-Esta
dor, Sr. Dr.? …- E este mal-estar que me afoba e que me engulha, é do mal ou do
remédio? … - Estou bem, ou vou da próxima?
E uma sucessão de exames e terapêuticas de corredor, de consultório
e de cama de urgência, sem sucesso, fizeram com que a inicial preocupação com uma
profissional na mesma arte, se transformasse numa maçada que só a custo se
assumia.
- Outra vez? Marta? O que foi agora? É a dor, ou a angústia?
E com mais palavras e estudos, aos poucos todos foram descrendo de ver coelho sair daquela
lura.
…
Naquele dia, como sempre, as queixas distribuíam-se por quem passava perto da cama que ocupava no Serviço de Urgência.
-Sr. Enfermeiro! Dê-me qualquer coisa! … -Sr. Dr. olhe aqui! … -Oh!
Manuel! Ajuda-me que eu vou morrer!, dirigiu-se, por fim ao maqueiro, que passava nas imediações.
O Sr. Manuel era da sua criação. Um excesso de vida, atirara-o
para aquela profissão, sem perder a postura de quem fora desafogado. Conhecedor
do “caso Marta” e da sua insistência, tomada por insensata, não resistiu à graça na resposta, e como um tiro seco, respondeu-lhe, enquanto se distanciava, para se mostrar na totalidade:
- Olha bem para mim, Marta! Eu sou maqueiro! Vês? Eu não tenho
solução para ti! … E … se vais morrer, … tu é que me podias dar uma ajuda, e ias a pé até à morgue!
…
domingo, 22 de dezembro de 2013
sábado, 21 de dezembro de 2013
Burnout
- Dr. Fernando! Eu não volto lá abaixo. Estou farta de ser mal tratada. Fui à Radiologia perguntar onde se viam as metástases na TAC do doente, porque as imagens não me pareceram boas, e o radiologista quase me correu. Eu não estava à espera daquela reacção. Ele sempre foi simpático e disponível, pelo menos comigo. Mas desta vez, pôs-se a bater no écran a dizer que a TAC não tinha contraste, que não foi ele que a fez, que se lembra do doente por lhe ter feito uma ecografia, que estava crivado de metástases no fígado e que era a biópsia que dava o diagnóstico. Como se eu não o soubesse. Depois chegou mais gente para falar com ele e quando os viu, até bufava! Eu não tenho culpa de ele estar mal disposto!
- Lúcia! Não sei se ele estava mal disposto ou se estava com trabalho muito para além daquele que ele conseguia fazer. É que todos temos um limite e, se ele é repetidamente ultrapassado, começamos a ficar disfuncionais. Hoje aconteceu com ele. Amanhã acontece consigo. Eu entendo-o porque já passei por situações semelhantes.
Lembro-me de ter vivido uma situação parecida, mais ou menos com a sua idade. Agora, até dá para rir, mas na altura senti-me muito humilhado. Foi no Serviço de Urgência do Hospital de S. João, na década de 1980. Então, não havia a facilidade de agora em fazer análises. O Laboratório de apoio tinha um médico e um técnico, sem as máquinas informatizadas de hoje, em que se mete o produto de um lado e trinta minutos depois sai o resultado do outro. As análises eram efectuadas uma a uma, e tudo o que implicasse células, fosse um hemograma ou um sedimento urinário, era contado e classificado ao microscópio numa câmara de Neubauer. O analista era uma vítima. Nem tinha tempo para se coçar. Os tubos e os frascos caiam-lhe a toda a hora no balcão de entrada, sem contar com aqueles que, como eu, lhe entravam pelo laboratório adentro sempre que uma demora mais prolongada ou uma emergência os impelia.
Foi numa dessas vezes, em que eu já o sabia atormentado de trabalho, que lá entrei, por uma segunda ou terceira vez, para lhe pedir um sedimento urinário para um doente a quem não conseguia pôr um diagnóstico. Eu podia ter mandado entregar o produto, mas quis lá ir pessoalmente para justificar a análise e ele não ficar com a sensação de eu não o estar a respeitar, sobrecarregando-o.
Mas apanhei-o já desesperado. Ele mal levantou a cabeça do microscópio e me viu com o frasquinho de urina na mão, fulminou-me com o olhar e, descontrolado, soletrou, enquanto me tirava o frasco e a requisição da mão:
- Sabes, pá! Isto aqui é um LA-BO-RA-TÓ-RIO! ... Não é um MI-CTÓ-RIO! ... Percebes?
... e eu, que na altura era um interno dos primeiros anos, meti o rabinho entre as pernas, e nesse dia não voltei lá mais. Só na semana seguinte é que lá fui, de mansinho para me justificar, bem depois de garantir que o homem estava no seu normal.
- Lúcia! Não sei se ele estava mal disposto ou se estava com trabalho muito para além daquele que ele conseguia fazer. É que todos temos um limite e, se ele é repetidamente ultrapassado, começamos a ficar disfuncionais. Hoje aconteceu com ele. Amanhã acontece consigo. Eu entendo-o porque já passei por situações semelhantes.
Lembro-me de ter vivido uma situação parecida, mais ou menos com a sua idade. Agora, até dá para rir, mas na altura senti-me muito humilhado. Foi no Serviço de Urgência do Hospital de S. João, na década de 1980. Então, não havia a facilidade de agora em fazer análises. O Laboratório de apoio tinha um médico e um técnico, sem as máquinas informatizadas de hoje, em que se mete o produto de um lado e trinta minutos depois sai o resultado do outro. As análises eram efectuadas uma a uma, e tudo o que implicasse células, fosse um hemograma ou um sedimento urinário, era contado e classificado ao microscópio numa câmara de Neubauer. O analista era uma vítima. Nem tinha tempo para se coçar. Os tubos e os frascos caiam-lhe a toda a hora no balcão de entrada, sem contar com aqueles que, como eu, lhe entravam pelo laboratório adentro sempre que uma demora mais prolongada ou uma emergência os impelia.
Foi numa dessas vezes, em que eu já o sabia atormentado de trabalho, que lá entrei, por uma segunda ou terceira vez, para lhe pedir um sedimento urinário para um doente a quem não conseguia pôr um diagnóstico. Eu podia ter mandado entregar o produto, mas quis lá ir pessoalmente para justificar a análise e ele não ficar com a sensação de eu não o estar a respeitar, sobrecarregando-o.
Mas apanhei-o já desesperado. Ele mal levantou a cabeça do microscópio e me viu com o frasquinho de urina na mão, fulminou-me com o olhar e, descontrolado, soletrou, enquanto me tirava o frasco e a requisição da mão:
- Sabes, pá! Isto aqui é um LA-BO-RA-TÓ-RIO! ... Não é um MI-CTÓ-RIO! ... Percebes?
... e eu, que na altura era um interno dos primeiros anos, meti o rabinho entre as pernas, e nesse dia não voltei lá mais. Só na semana seguinte é que lá fui, de mansinho para me justificar, bem depois de garantir que o homem estava no seu normal.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
Teoria da Conspiração - 1
É o que te digo: As ondas de calor não têm rigorosamente nada a ver com gases com efeito de estufa, nem naturais nem antropogénicos. O dióxido de carbono representa 0,037 % da composição da atmosfera. As emissões devidas às actividades humanas são apenas um vigésimo das emissões naturais. O que se fala é uma moda para vender jornais e criar condições para que grupos económicos tirem vantagem dessa teoria .
O buraco do Ozono é uma treta que os americanos inventaram na década de 1970, para venderem propelentes para aerossóis e gás para ar condicionado e frigoríficos. Primeiro eram os CFCs (clorofluorcarbonos) que “davam cabo do Ozono da estrastosfera e que íamos ser bombardeados por Raios Ultra Violeta e com cancro da pele e com cataratas, etc …". Agora viram-se para o HFCs (Hidrofluorcarbonos), que os substituíram, que não interferem com o Ozono, mas têm efeito de estufa.
O que eles querem é ter o mundo a comprar-lhes os compostos da última geração, que só são fabricados em três fábricas no mundo - DuPont (USA), Honeywell (USA), e Daikin (Japão).
Estás a ver os chineses a querer vender frigoríficos e sistemas de ar condicionado para o Ocidente e o lobby dos líquidos refrigerantes a patrocinar os ecologistas para lutarem por um calendário para a redução da emissão dos “gases com efeito de estufa”, em protocolos como o de Quioto, que os mantém fora da corrida. É só lucro.
E não é só com estes produtos químicos. O mesmo se passa com os catalisadores dos automóveis. Só no Ocidente é que se conseguem fazer com as especificações que se exigem para poderem ser vendidos aqui.
No mundo há 400 milhões de automóveis com ar condicionado e já há directivas da União Europeia para que a partir de 2017, todos os novos carros com este equipamento tenham líquido de refrigeração desta última geração.
O aquecimento é uma treta que pode ser explicado pelo aumento na actividade solar nos últimos quatro séculos, a que se seguirá um ciclo de arrefecimento.
O que não se fala é da protecção às indústrias ocidentais para que os chineses não vendam aqui carros a metade do preço. Era o caos. Na Autoeuropa em Palmela, 3000 trabalhadores são responsáveis por 10% das nossas exportações. Quase 1% do PIB do nosso país. Com cem fábricas daquelas sustentavamos o país.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Porta 93
-Vamos almoçar. Peixe ou um prato tradicional? Pergunta quem nota a falta de variedade na cidade, comentando a sua boa cozinha, mas sabores muito parecidos.
-Ali há um Chinês e do outro lado do rio há um churrasco brasileiro! digo até me lembrar da cozinha de autor na Porta 93, no Jardim D. Fernando. -A "Chef" é filha de um amigo nosso, o Dr. António Parra, que foi director da Farmácia do Hospital, e que faleceu subitamente há mais de dez anos. Tivesse ela aberto o restaurante numa grande cidade da Europa, por certo era preciso marcar, mas aqui vamos ter mesa. Não só não é muito central, como não está muito publicitado. São os clientes que o têm promovido.
... ...
-Então?
-Huumm! Um achado!
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
Dia de Santa Luzia
13 de Dezembro - Dia das protectoras dos olhos e dos Oftalmologistas.
Diz a tradição:
Santa Luzia pertencia a uma nobre família napolitana que vivia em Siracusa (Sicília). Era dona de grande beleza. Orfã de pai desde os 4 anos, foi prometida pela mãe, como esposa a um jovem da corte local, contrariando o seu voto de "consagrar a Deus a sua virgindade". O ex-noivo não se conformou com a recusa e denunciou-a, como cristã, ao governador romano - Pascásio, que a questionou. Ela, depois de muitas dissidências ter-lhe-á perguntado: "mas afinal o que vê o nobre patrício em mim de tão desejável?", ao que Pascásio respondeu: "os teus olhos brilham como duas estrelas e encantam como duas pérolas". Face a isto, Luzia "num gesto rápido de sublime heroísmo", arrancou os olhos e colocou-os numa bandeja, ordenando que os enviasse ao seu pretendente. Depois foi martirizada. Era o dia 13 de Dezembro de 304.
Santa Otília, nasceu cega e foi recusada pelo pai - Aldarico da Alsácia (Alemanha), que a entregou a um mosteiro. Quando o bispo a baptizou disse: "Que os teus olhos do corpo se abram, como foram abertos os teus olhos da alma" e foi-lhe restituída a visão. Então, quiseram-lhe arranjar um bom casamento e Otília preferiu a vida religiosa. Convertido, o pai transformou o seu castelo de Hohenbourg, nas margens do Rio Reno, num mosteiro. Ela foi a primeira abadessa. Aí recolheu pobres e doentes e aí morreu no 13 de Dezembro de 720.
Desde então, por sua intercessão, os devotos que molham os olhos doentes na água proveniente da fonte do mosteiro, conseguem a graça da cura.
Nos Países Nórdicos, a 13 de Dezembro, organizam-se cortejos em que uma rapariga loira de cabelos compridos, vestida com uma túnica branca e uma fita vermelha na cintura e com uma grinalda de verdes com velas acesas, encabeça uma comitiva de jovens mulheres, cada uma com uma vela, que desfila pelas ruas e visita escolas, hospitais, fábricas, etc, procurando transmitir alegria. No antigo calendário Juliano (que se usou na Suécia até 1753), esta data correspondia à noite mais longa do ano (o solstício de inverno - no calendário gregoriano é a 21 de Dezembro), quando o Sol atinge o ponto mais ao sul da sua trajectória em relação à Terra. É uma tradição pagã que o cristianismo se apropriou para facilitar a conversão.
No Norte e no Sul canta-se a zona costeira do Borgo Santa Lucia, na Baía de Nápoles.
É a globalização!
Em Viana do Castelo de hoje, Santa Luzia não tem festa. Dá nome ao monte e ao que lá está: ao Templo dedicado ao "Sagrado Coração de Jesus" por ter livrado a cidade da Pneumónica (1918), construído no local onde até 1926 havia uma pequena capela que lhe era dedicada, à citânia da Idade do Ferro (Séc: VII a II a.C.), à pousada e ao elevador.
Mas eu, que gosto de santos de carne e osso, faço de Lúcia cabeça, olhos e braços e tenho-a por uma santa atenta e diligente que me anima e me sossega de 2ª a 6ª feira.
Diz a tradição:
Desde então, por sua intercessão, os devotos que molham os olhos doentes na água proveniente da fonte do mosteiro, conseguem a graça da cura.
Nos Países Nórdicos, a 13 de Dezembro, organizam-se cortejos em que uma rapariga loira de cabelos compridos, vestida com uma túnica branca e uma fita vermelha na cintura e com uma grinalda de verdes com velas acesas, encabeça uma comitiva de jovens mulheres, cada uma com uma vela, que desfila pelas ruas e visita escolas, hospitais, fábricas, etc, procurando transmitir alegria. No antigo calendário Juliano (que se usou na Suécia até 1753), esta data correspondia à noite mais longa do ano (o solstício de inverno - no calendário gregoriano é a 21 de Dezembro), quando o Sol atinge o ponto mais ao sul da sua trajectória em relação à Terra. É uma tradição pagã que o cristianismo se apropriou para facilitar a conversão.
No Norte e no Sul canta-se a zona costeira do Borgo Santa Lucia, na Baía de Nápoles.
É a globalização!
Em Viana do Castelo de hoje, Santa Luzia não tem festa. Dá nome ao monte e ao que lá está: ao Templo dedicado ao "Sagrado Coração de Jesus" por ter livrado a cidade da Pneumónica (1918), construído no local onde até 1926 havia uma pequena capela que lhe era dedicada, à citânia da Idade do Ferro (Séc: VII a II a.C.), à pousada e ao elevador.
Mas eu, que gosto de santos de carne e osso, faço de Lúcia cabeça, olhos e braços e tenho-a por uma santa atenta e diligente que me anima e me sossega de 2ª a 6ª feira.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Legislação
Leio Gonçalo M. Tavares, in "Atlas do Corpo e da Imaginação",
2.1 - Os Outros
Legislação
Para os Gregos, ao contrário de civilizações posteriores e do que actualmente se considera, a função de legislar não era uma actividade política. O legislador era tratado como qualquer outro artesão e podia ser trazido de fora e contratado, enquanto os actos políticos eram "privilégio exclusivo dos cidadãos". Um artesão de frases sensatas, frases claras, entendíveis por todos, um profissional que transforma os conceitos em redor da justiça em frases, tal como um artesão transforma a ideia de espada em espada, actuando sobre a matéria.
Antes que os homens começassem a agir, era necessário assegurar um lugar definido e nele erguer uma estrutura dentro da qual pudessem exercer todas as acções subsequentes; o espaço era a esfera pública da Polis e a estrutura era a sua lei;
Não se trata de acção (praxis), mas de fabricação (poiesis); as leis fabricam-se como se fossem o objecto para o qual os justos olham de modo a agir correctamente e em benefício do bem comum e da cidade.
domingo, 8 de dezembro de 2013
Sotaques
-Não acredito, Lúcia. Quatro meses para lhe arrancarem os dentes. É muito tempo! A doente tem de ser operada ao coração antes disso!
-Foi o que disse a estomatologista: Quatro meses!
-Eu vou lá abaixo falar com ela!
...
-Dra.! A minha interna disse-me que, para tirar as treze raízes podres da boca da dona Esperança, que ainda há pouco veio aqui, iam ser precisos quatro meses. É verdade?
-Nõue! Eu non disse isso! Carago! ... Eu disse quatro biezes. Não disse quatro mieses! Ela bai bir amanhã a primeira biez. Depois, de três em três dias, trata-se um quarto da buoca. Para num ser tudo de uma biez! Carago! Foi isso que eu disse!
sábado, 7 de dezembro de 2013
Psiquiatra Alternativo
- Faz favor de entrar, mas deixe essa mala do lado de fora, por favor! A Sra. ia de viagem?
- Não, Sr. Dr.! Eu venho para ser internada em Psiquiatria. Esta mala tem as minhas coisas. É que a minha mãe não me vai trazer nada enquanto eu aqui estiver. Eu pedi alta há 2 dias. Estava farta! Mas logo que entrei em casa, cheguei à conclusão que não tenho condições para me tratar lá. ... Não dá! A minha mãe tem 84 anos. Está bem, mas não é capaz de tratar de mim. Aqui, tenho medicação e comida a horas. O Sr. Dr. tem de me internar outra vez!
- Dona * ! A Sr. mora aqui ao lado. É melhor vir amanhã e falar com o seu psiquiatra que, por acaso, até entra de urgência.
- Nem pensar, Sr. Dr.! Eu hoje estive quase a "explodir". Zanguei-me com um telefonema de um irmão meu, moí mais de 80 comprimidos e só não os tomei porque, no meio da confusão com a minha mãe, esqueci-me de os tomar. A minha mãe põe-me doida! Não faz nada a horas!
- Dona * ! Isto é um Serviço de Urgência, onde não há internamentos programados. E a esta hora não há psiquiatras de urgência. Vou ter de a enviar para um hospital central!
- Sr. Dr.! Eu não volto para casa! ... E daqui não saio!
...
Leio no diagnóstico de Alta do internamento anterior: "Perturbação de Personalidade". Faço mais umas perguntas e parece-me uma "Neurose de Renda" .
...
Isto sou eu em funções de psiquiatra alternativo.
domingo, 1 de dezembro de 2013
1º de Dezembro
Dia da Restauração da Independência - já nem é dia de S. Feriado
Dia Mundial de Luta contra a SIDA (Notícia 10 anos Desactualizada) Dia de Luta contra a Pobreza (Notícia Actualizada)
Segundo Isabel Jonet, presidente da Federação de Bancos Alimentares, os portugueses doaram, neste fim de semana, 2914 toneladas de comida aos bancos alimentares.
Recebem as instituições de solidariedade social, recebem os Hipermercados pelo volume de negócio e recebe o Estado pelo IVA entre 6 e 23%.
Dia Mundial de Luta contra a SIDA (Notícia 10 anos Desactualizada) Dia de Luta contra a Pobreza (Notícia Actualizada)
Segundo Isabel Jonet, presidente da Federação de Bancos Alimentares, os portugueses doaram, neste fim de semana, 2914 toneladas de comida aos bancos alimentares.
Recebem as instituições de solidariedade social, recebem os Hipermercados pelo volume de negócio e recebe o Estado pelo IVA entre 6 e 23%.
terça-feira, 26 de novembro de 2013
Esquizofrenia
A primeira vez que vi aquela luz foi há muitos anos. Estava ainda no Canadá a acabar o curso. Numa das últimas aulas, o professor de vectores estava sempre a dar voltas com o braço direito, como um moinho, e a certa altura, um raio verde saíu-lhe da cabeça e projectou-se no ar. Paahhh!
Perdão! Em 84 eu já tinha visto uma luz redonda no meu quarto, quando recebi o Santíssimo Sacramento em Braga.
Doutra vez, já eu cá morava e, numa daquelas manhãs de puto, estava na sala com a minha mãe, e vi pela janela uma nave de aço inoxidável parar na rua de Santana. Perguntei-lhe o que era aquilo, e ela encolheu os ombros. O ovni com três feixes de luz verde, abriu a porta, desceu uma rampa, e dois robots vieram-me buscar. Fiquei pior que estragado! Entrei lá dentro e fui teletransportado para o quarto do meu irmão, onde estava uma silhueta-sombra, que eu respeito como uma identidade máxima do altíssimo, que me disse: anda! ... anda! ... anda! ... e eu atravessei-a. Depois dela estava um hexágono das abelhas, como o do livro do 1º ciclo. Sabe?!
Quando lá cheguei tinha a mão a tremer com medo das gajos da Coreia, com aqueles capacetes com extensão bem abaixo da nuca.
...
Estou a vender a como comprei! E o Haldol Decanoato tem-me feito muito mal, sabe! Porque há 18 anos que é Dê-cá-no-ato. Está a perceber! Dê-cá-no-ato! ... e não tem nada para mim! ... No princípio não era o Verbo? ... E eu é que me fodo!
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Não se preocupe que eu tenho as costas quentes, que eu vi a irmã Lúcia nas Ursulinas e um senhor com as chaves da morte e as chaves do inferno, no "3 Potes". Parecia um técnico da Grunding e do CDS. Todo avant-garde! E eu perguntei: Como é que o senhor se chama? -Cordeiro! -Cordeiro, não topo! E comecei a chorar! E depois ele mostrou-me a irmã Lúcia, num placard. Ajoelhou-se e disse: Oh mãe! Vamos para ali falar da custódia. Sentou-se e eu já não sabia em que cadeira ele estava. Depois, deu-me um cigarro e meteu-se com uns gajos por causa de um jornal. E eles disseram, meios chateados: Vamos embora pá! E eu respondi-lhes: - Só ligo à merda quando estou distraído!
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Desesperos
- O meu homem fuma e bebe como um desgraçado e chateia-me todos os dias, a dizer que eu ando sempre doente. Sr. Dr.! ... Eu aqui com esta dor que nem me deixa respirar e ainda por cima a ter que o ouvir! Valha-me Deus, que eu só me aguento à força de comprimidos, e ele não entende! Eu mal posso fazer o trabalho de casa, quanto mais andar aos desejos dele.
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- Mas olhe Dr.! No outro dia entrou em casa, bem tocado, a queixar-se de um dedo do pé. Ele tem o ácido úrico. E eu cá para mim: - anda, que vais ver como é! E ao jantar, dei-lhe um arroz de sarrabulho com rojões.
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- Mas olhe Dr.! No outro dia entrou em casa, bem tocado, a queixar-se de um dedo do pé. Ele tem o ácido úrico. E eu cá para mim: - anda, que vais ver como é! E ao jantar, dei-lhe um arroz de sarrabulho com rojões.
quarta-feira, 20 de novembro de 2013
"The Shadow of the Sun"
Em 1957, Ryszard Kapuscinski (1931-2006) chegou a Africa como correspondente de um jornal polaco, para testemunhar o fim da época colonial.
"The Shadow of the Sun", é um “livro de viagens” onde as pessoas, a paisagem, a beleza e o horror de Africa, são descritas e interpretadas com breves comentários históricos.
Oriundo de uma família humilde polaca, Ryszard Kapuscinski, revela-nos pormenores de um viver africano, que a África dos europeus ignora ou encobre.
Não há tradução portuguesa, mas é um bom exercício de inglês, pois prende da primeira à última página, mesmo que se tenha de ir frequentes vezes ao dicionário.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Professor
Filinto Elisio Vieira da Costa, era respeitado pela exigência de rigor a que obrigava, e temido pelo insólito da sua postura como professor.
No início de cada ano, ao apresentar-se aos alunos, clarificava a sua disponibilidade, sibilando os "sss":
-Dentro desta sala, somos todos iguais! ... Com uma diferença! Daqui ... manda-ssse, e daí .... obedeccce-ssse!
...
Histórias de outros tempos, que passam de pais para filhos.
domingo, 10 de novembro de 2013
Arte em Medicina
A caligrafia moderna varia de inscrições funcionais até criações utilitárias para magníficas obras de arte.
A "arte da escrita bela", enquadrada dentro das competências técnicas e das limitações materiais das diferentes pessoas, épocas e lugares, é uma evolução estética, e até o Grafite é considerado como arte apaixonada, expressão de estilo, cultura e identidade.
Nesta carta de referência de um doente a um Serviço de Urgência, o médico opta por uma expressão abstracta onde a arte se torna mais importante do que a legibilidade das letras, num estilo que lembra as “escripinturas” de Emerenciano.
A "arte da escrita bela", enquadrada dentro das competências técnicas e das limitações materiais das diferentes pessoas, épocas e lugares, é uma evolução estética, e até o Grafite é considerado como arte apaixonada, expressão de estilo, cultura e identidade.
Nesta carta de referência de um doente a um Serviço de Urgência, o médico opta por uma expressão abstracta onde a arte se torna mais importante do que a legibilidade das letras, num estilo que lembra as “escripinturas” de Emerenciano.
sexta-feira, 8 de novembro de 2013
Padres
Eu sou bisneta do padre José Maria. A minha bisavó era criada dele quando a minha avó nasceu. Ele nunca a perfilhou, mas toda a gente na aldeia sabia. Depois, ela ainda teve outro filho, mas esse era de outro senhor.
Quando o padre morreu, deixou tudo a uns sobrinhos. A minha avó contestou o testamento no Tribunal e acabou por herdar noventa contos, que era muito dinheiro naquela altura, e arranjou a casa onde agora ainda vivemos.
Quando o meu pai ia à doutrina, o povo dizia-lhe, de brincadeira, para pedir a bênção ao avô. Mas ele nunca os tratou como família.
Dizem que era boa pessoa. Nos últimos dias não negava que a minha avó era filha dele.
Morreu velhinho, na casa de um sobrinho. Está no cemitério, num jazigo, onde há mais de trinta anos não põem lá ninguém.
Nós não vamos lá, nem no dia de finados.
Quando o padre morreu, deixou tudo a uns sobrinhos. A minha avó contestou o testamento no Tribunal e acabou por herdar noventa contos, que era muito dinheiro naquela altura, e arranjou a casa onde agora ainda vivemos.
Quando o meu pai ia à doutrina, o povo dizia-lhe, de brincadeira, para pedir a bênção ao avô. Mas ele nunca os tratou como família.
Dizem que era boa pessoa. Nos últimos dias não negava que a minha avó era filha dele.
Morreu velhinho, na casa de um sobrinho. Está no cemitério, num jazigo, onde há mais de trinta anos não põem lá ninguém.
Nós não vamos lá, nem no dia de finados.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
As primeiras coisas
... embargou-se-me a garganta, não só por aquele final de antologia, mas pela certeza de que tinha lido obra moderna no melhor dos sentidos. E obra de primeira. Respeitosa dos cuidados que a língua merece, original na criação, grande na sua humanidade, espectacular na sarabanda de episódios, personagens e enredos"
... não hesitei, li, gostei, invejei-lhe a escrita e passei a seu seguidor no Circo da Lama!
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
As varizes
Conheço-a há mais de dez anos. Talvez, nessa altura, fosse uma mulher vistosa, mas a esta distância, lembro-me mais das suas análises e das dificuldades no tratamento, que do seu aspecto físico. Embora habitualmente venha arrumada, topo-lhe na pele e nos modos nuances que me fazem lembrar o dia em que veio à consulta com a voz entaramelada pelo vinho. Tem ainda muito caminho a percorrer, e a esperança de ir a tempo de encarrilar a vida.
É mãe solteira de uma gravidez diagnosticada aos seis meses, quando se queixou de “uma cobra a rabiar-lhe na barriga”. Depois surgiram os “ai meu deus!” com as suas doenças agravadas pelas do companheiro, também ele um desgraçado às voltas com dúzias de comprimidos.
A irmã, que usualmente a acompanha, faz de mãe e lamenta-lhe a falta de regra. É mais nova e mais forte de carnes. Brilha-lhe o ouro no pescoço e nos pulsos, principalmente quando projecta a voz pela sala, contando-lhe as misérias. –“Não tem juízo, esta minha irmã! Olhe Dra.! Eu pago-lhe a mercearia, para ela andar bem alimentada. E a conta cada vez é maior, por causa do vinho! Tem jeito?”, questiona-me, enquanto a fixa de olhos no chão. Às vezes, vem só ela para levantar os medicamentos. -“A minha irmã está com vómitos, Sra. Dra.! Voltou a beber! Anda perturbada por ter de voltar à escola, para lhe darem o rendimento mínimo.”
Mas hoje vem a acompanhar um homem de 72 anos à primeira consulta, porque “ele não conhece as voltas do Hospital”.
Está toda "produzida". Salto alto, casaco de couro azul cobalto, pulseira de ouro a deslizar até à mão, um traço forte a rasgar o olho e com um despacho que eu nunca lhe conheci. Sentam-se.
O computador informa: ...teste HIV positivo, pedido porque … “o senhor anda com uma mulher de maus comportamentos!”.
Peço para ela aguardar lá fora, para dar lhe privacidade e pergunto por doenças sexualmente transmissíveis, e mais especificamente por infecção pelos vírus da SIDA.
Fica atrapalhado. Fala da disponibilidade dela para o arranjo da casa, já antes da mulher lhe morrer, e de o terem avisado que ela não era de confiança. Mas nunca teve doença “nas partes”. Lembra-se de um "esquentamento" em Lisboa, causado por uma ida descalço a uma sanita, ... há muitos anos.
Esclarecida, continuo. Dou as orientações e despeço-me.
Mal a porta se fecha, logo se abre para ela entrar de lágrima no olho, preocupada por se sentir culpada por aquela doença.
-“Sabe senhora. Dra.! Aqui há uns tempos, quando ele foi operado às varizes, eu fui lá a casa fazer-lhe os pensos e, com certeza, passei-lhe a minha doença ao sangue!”
- “Só pode ter sido, Judite! Só pode!”, respondi.
É mãe solteira de uma gravidez diagnosticada aos seis meses, quando se queixou de “uma cobra a rabiar-lhe na barriga”. Depois surgiram os “ai meu deus!” com as suas doenças agravadas pelas do companheiro, também ele um desgraçado às voltas com dúzias de comprimidos.
A irmã, que usualmente a acompanha, faz de mãe e lamenta-lhe a falta de regra. É mais nova e mais forte de carnes. Brilha-lhe o ouro no pescoço e nos pulsos, principalmente quando projecta a voz pela sala, contando-lhe as misérias. –“Não tem juízo, esta minha irmã! Olhe Dra.! Eu pago-lhe a mercearia, para ela andar bem alimentada. E a conta cada vez é maior, por causa do vinho! Tem jeito?”, questiona-me, enquanto a fixa de olhos no chão. Às vezes, vem só ela para levantar os medicamentos. -“A minha irmã está com vómitos, Sra. Dra.! Voltou a beber! Anda perturbada por ter de voltar à escola, para lhe darem o rendimento mínimo.”
Mas hoje vem a acompanhar um homem de 72 anos à primeira consulta, porque “ele não conhece as voltas do Hospital”.
Está toda "produzida". Salto alto, casaco de couro azul cobalto, pulseira de ouro a deslizar até à mão, um traço forte a rasgar o olho e com um despacho que eu nunca lhe conheci. Sentam-se.
O computador informa: ...teste HIV positivo, pedido porque … “o senhor anda com uma mulher de maus comportamentos!”.
Peço para ela aguardar lá fora, para dar lhe privacidade e pergunto por doenças sexualmente transmissíveis, e mais especificamente por infecção pelos vírus da SIDA.
Fica atrapalhado. Fala da disponibilidade dela para o arranjo da casa, já antes da mulher lhe morrer, e de o terem avisado que ela não era de confiança. Mas nunca teve doença “nas partes”. Lembra-se de um "esquentamento" em Lisboa, causado por uma ida descalço a uma sanita, ... há muitos anos.
Esclarecida, continuo. Dou as orientações e despeço-me.
Mal a porta se fecha, logo se abre para ela entrar de lágrima no olho, preocupada por se sentir culpada por aquela doença.
-“Sabe senhora. Dra.! Aqui há uns tempos, quando ele foi operado às varizes, eu fui lá a casa fazer-lhe os pensos e, com certeza, passei-lhe a minha doença ao sangue!”
- “Só pode ter sido, Judite! Só pode!”, respondi.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
sábado, 26 de outubro de 2013
Bidentes do Minho
- Dr. Fernando! Ontem internei, no serviço, outro bidente!
- Engraçado, Dra. Edite! Dois numa semana! ... E esse de que fala, também tem loja aberta na cidade, ou é um vulgar bruxo de aldeia?
- Não Dr.! Este é bidente, ... porque só tem os dois incisivos inferiores!
- Ahhhh! ... Um berdadeiro bidente!
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Testes de Stress
É notícia de 23-10-2013:
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou que quatro bancos portugueses vão ser sujeitos a testes de stress: BPI, BCP, CGD e Grupo Espírito Santo.
A análise, a estes e outros bancos europeus, vai durar um ano e pretende avaliar a qualidade dos activos e a transparência dos balanços dos bancos «como preparação para assumir em pleno a responsabilidade pela supervisão, no âmbito do mecanismo único de supervisão».
Em comunicado, o BCE, que prepara a supervisão única europeia, indica quase 130 entidades financeiras de grande dimensão de vários países da Zona Euro vão ser examinadas. Os testes começam já em Novembro.
Genesis 22:10-13: Resumo
Deus chamou Abraão e disse-lhe: “Pega no teu filho único Isaac e oferece-mo em sacrifício”.
Abraão, carregou o burro com lenha e partiu com o rapaz mais dois servos para o lugar ordenado. Ao 3º dia de viagem parou e disse aos servos: “Esperai aqui com o jumento, que nós vamos àquele monte fazer um sacrifício e vimos já!” Pôs a lenha às costas de Isaac, pegou no fogo e no cutelo e iniciou a subida. Isaac estranhou não levarem nenhum animal, mas Abraão tranquilizou-o, dizendo: “Deus deparará uma vítima para o seu holocausto!”, e continuaram.
Ao chegarem ao lugar, Abraão levantou um altar, pôs a lenha sobre ele, atou o filho e pô-lo por cima. De seguida foi buscar o cutelo, e quando lhe ia lhe dar o golpe fatal, apareceu um anjo que lhe segurou no braço, e lhe disse: “Passaste no teste de stress! Desamarra o rapaz que eu trouxe-te um carneiro!” e, como prémio concluiu: “Eu multiplicarei a tua estirpe e farei com que a tua descendência possua as portas dos seus inimigos!” ... e todas as mulheres do seu clã tiveram filhos e até a sua concubina Roma pariu quatro vezes.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
António Arnaut
In Jornal Médico de 27-09-2013
SNS à mercê de uma oligarquia financeira sem rosto que controla o Governo e a Lei
"Tenho de vos dizer, sem rodeios nem eufemismos: há em Portugal certa gente que, servindo certos interesses, quer destruir o Estado Social e fazer da Saúde um negócio, parasitando e degradando o SNS até o reduzir a um serviço de tipo assistencial para os mais pobres". A acusação é de António Arnaut e foi feita hoje em Lisboa, na sessão de abertura do 1º Congresso do Serviço Nacional de Saúde "SNS - Património de Todos", que contou, entre outras figuras-chave do sector, com a presença do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira.
Ressalvando nada o mover contra o sector privado, que "deve desempenhar um papel importante na prestação de cuidados", Arnaut alerta para o que considera ser "o engodo da livre escolha" que está a ser utilizado para "obter um novo financiamento do Estado para salvar certas unidades em situação deficitária, que não têm procura para a capacidade instalada". Apoiando-se em números divulgados pelo nosso jornal, o antigo ministro dos assuntos sociais do segundo governo constitucional, avançou com dados concretos que no seu entender sustentam a acusação: "O sector privado já é hoje financiado em 30% pelo SNS, através do SIGIC, das convenções e dos subsistemas de saúde. Acresce que a ADSE lhe pagou, em 2011, conforme reconheceu a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, 492milhões de euros".
Segundo Arnaut, os ataques contra o SNS não são de hoje: surgiram logo que foi anunciada a sua criação"... Sem no entanto terem surtido efeito, dados os bons resultados alcançados, "à dedicação dos profissionais, ao apoio dos portugueses, das forças progressistas, e até da direita que preza a doutrina social da Igreja. Apoios que fizeram do SNS "o melhor serviço público português" que permitiu ao nosso país um "lugar cimeiro na efectivação e na qualidade dos cuidados de saúde, com uma despesa per capita das mais baixas da Europa".
A investida neoliberal
Se ao longo dos seus já 34 anos de existência o SNS sempre resistiu aos ataques de que foi sendo alvo, hoje enfrenta a investida de um inimigo com poderes reforçados, aponta o co-fundador do Partido Socialista: "a direita dos interesses, aproveitando os ventos neoliberais que sopram da Europa". Um inimigo que segundo o advogado "não desistiu do seu projecto de destruição do Estado Social de que o SNS é a trave-mestra", apontou, para logo acrescentar: "os privilegiados e o grande capital pensam que o mundo é a sua coutada e os trabalhadores e os pobres o seu rebanho.
Luta de classes... Pelo Estado Social
Para Arnaut, a luta de classes continua a existir, sendo o objecto que divide os beligerantes, a vontade da maioria de construir um Estado Social de Direito. Para Arnaut, o Estado Social "é a democracia vivida na sua tripla dimensão política, económica e social, que faz do indivíduo uma pessoa, da pessoa um cidadão livre e do cidadão um elo activo da mesma comunidade fraterna.
Para o antigo responsável da pasta da saúde do segundo governo de Mário Soares, "a luta de classes continua a existir, já não entre senhores e servos, aristocratas e plebeus, patrões e operários, mas entre as duas classes a que o capitalismo selvagem reduziu a nossa sociedade: os magnatas da alta finança e seus serventuários, e a generalidade dos cidadãos que vive do seu trabalho ou da sua reforma". Segundo Arnaut, o que existe hoje é um "interclassismo nivelador, com a progressiva extinção da classe média, a precarização do trabalho, a redução das prestações sociais e o empobrecimento geral, face a uma oligarquia financeira sem rosto nem rasto, que criou paraísos fiscais e outros caminhos de fraude". Uma criação só possível, afirma o advogado, através do controlo dos governos e da produção legislativa. "Há, como sabemos, um sistema de vasos comunicantes, entre os governos e os grandes empórios que, além de lesiva para o bem-comum, se tornou obscena e mesmo insultuosa, porque parece, às vezes, que são todos da mesma família", acusa.
Na pirâmide de culpados pela investida contra o Estado Social e assim contra o SNS, António Arnaut encontra, no vértice, a União Europeia, à qual acusa de ser a cúpula do neoliberalismo desbragado "reduzindo os cidadãos a meros consumidores, mercantilizando a vida e capturando a soberania dos estados com as suas directivas encomendadas pelos grandes grupos económico-financeiros".
Sem papas na língua, o antigo governante acusa: "Portugal está a ser vendida a retalho às multinacionais e a gente sem escrúpulos, por vezes mesmo, aos especuladores que causaram a crise e agora se locupelam com o património dos países em dificuldade, sem compaixão nem vergonha". Para Arnaut, "são estes especuladores que querem destruir a escola pública, a segurança social e o próprio SNS, privatizando os direitos sociais."
Taxas moderadoras... Imorais
Referindo-se às taxas moderadoras, António Arnaut considera que estas alcançaram um valor que dificulta e impede o acesso universal dos cidadãos aos cuidados de saúde. E depois, aponta, a sua aplicação conduz a violações grosseiras dos princípios humanistas que orientam o SNS. Em Lisboa, Arnaut apresentou dois exemplos dos efeitos negativos do valor excessivo das taxas moderadoras: "Uma urgência num hospital central paga 20 euros de taxa, podendo alcançar os 50 no caso de exames auxiliares de diagnóstico. Sei de hospitais privados que fixaram em 40 euros o preço de uma urgência, incluindo uma radiografia ou equivalente. Este facto, conjugado com a subida generalizada de todas as taxas moderadoras e a criação de novas taxas, provocou uma significativa redução da procura das unidades do SNS e fez aumentar a procura do sector privado em números preocupantes".
O segundo exemplo apresentado pelo fundador do SNA é, segundo o mesmo, ainda mais chocante: "diz-me pessoalmente respeito, mas é claro que não a refiro por mim, mas por causa daqueles que não têm voz e me pedem que denuncie esta grave injustiça. Até à publicação do DL 113/2011, os doentes oncológicos beneficiavam de isenção geral de taxas moderadoras, mas agora só estão isentos nos tratamentos de quimio e radioterapia. Quando fazem outros tratamentos ou vão a consultas específicas da própria doença pagam a respectiva taxa, salvo se estiverem isentos por carência económica ou solicitarem ao centro de saúde uma junta médica que lhes atribua uma incapacidade igual ou superior a 60%".
Para Arnaut, para além de chocante, esta situação "revela uma incompreensível desumanidade e rompe com o conceito de taxa moderadora".
A desumanização alastra...
Na Aula Magna, em Lisboa, António Arnaut apontou também exemplos do que diz ser a desumanização que vai alastrando, como doença crónica, no SNS. "há hospitais onde os doentes se amontoam nos corredores, outros que não administram certos medicamentos e há terapias para o cancro recusadas no SNS que são pagas na ADSE em hospitais privados.
O défice não é culpa do Estado Social
Citando a obra "Quem paga o Estado Social em Portugal", coordenada pela historiadora Raquel Varela (Bertrand, 2012), António Arnaut afirma: "os défices dos Estado não podem ser imputados aos gastos sociais e na maioria dos anos há mesmo um excedente, porque os trabalhadores entregam mais ao Estado do que recebem dele". Para o antigo ministro, os défices devem ser procurados "na corrupção, no desperdício, nos negócios ruinosos como as PPP e os SWAPS, nas isenções fiscais privilegiadas, como os fundos de investimento imobiliário, na fuga à tributação para paraísos fiscais e até para a Holanda e Luxemburgo, países membros da União Europeia, de cerca de 30 mil milhões de euros por ano".
Estimular os profissionais
Estando convencido de que a sustentabilidade do SNS é, não um problema financeiro, mas, isso sim, político, António Arnaut deixou em Lisboa alguns conselhos: "Se a carreira dos profissionais de saúde for garantida, mediante boas condições de trabalho, estabilidade, formação permanente remuneração condigna, talvez se consiga, sem aumento de despesa, trazer gradualmente para o regime de exclusividade a maior parte dos trabalhadores do SNS, melhorando a qualidade e a produtividade, sobretudo se forem concedidos, além dos justos incentivos materiais, o reconhecimento moral pela relevante função que desempenham". E que forma poderia assumir esse reconhecimento? Arnaut deixa uma ideia: um profissional que se tenha dedicado 20 ou 30 anos ao SNS, com assiduidade, competência e devoção, devia ver publicamente reconhecido o seu mérito e a gratidão do Estado. Um diploma de honra poderia constituir uma forte motivação moral".
SNS à mercê de uma oligarquia financeira sem rosto que controla o Governo e a Lei
"Tenho de vos dizer, sem rodeios nem eufemismos: há em Portugal certa gente que, servindo certos interesses, quer destruir o Estado Social e fazer da Saúde um negócio, parasitando e degradando o SNS até o reduzir a um serviço de tipo assistencial para os mais pobres". A acusação é de António Arnaut e foi feita hoje em Lisboa, na sessão de abertura do 1º Congresso do Serviço Nacional de Saúde "SNS - Património de Todos", que contou, entre outras figuras-chave do sector, com a presença do Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira.
Ressalvando nada o mover contra o sector privado, que "deve desempenhar um papel importante na prestação de cuidados", Arnaut alerta para o que considera ser "o engodo da livre escolha" que está a ser utilizado para "obter um novo financiamento do Estado para salvar certas unidades em situação deficitária, que não têm procura para a capacidade instalada". Apoiando-se em números divulgados pelo nosso jornal, o antigo ministro dos assuntos sociais do segundo governo constitucional, avançou com dados concretos que no seu entender sustentam a acusação: "O sector privado já é hoje financiado em 30% pelo SNS, através do SIGIC, das convenções e dos subsistemas de saúde. Acresce que a ADSE lhe pagou, em 2011, conforme reconheceu a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada, 492milhões de euros".
Segundo Arnaut, os ataques contra o SNS não são de hoje: surgiram logo que foi anunciada a sua criação"... Sem no entanto terem surtido efeito, dados os bons resultados alcançados, "à dedicação dos profissionais, ao apoio dos portugueses, das forças progressistas, e até da direita que preza a doutrina social da Igreja. Apoios que fizeram do SNS "o melhor serviço público português" que permitiu ao nosso país um "lugar cimeiro na efectivação e na qualidade dos cuidados de saúde, com uma despesa per capita das mais baixas da Europa".
A investida neoliberal
Se ao longo dos seus já 34 anos de existência o SNS sempre resistiu aos ataques de que foi sendo alvo, hoje enfrenta a investida de um inimigo com poderes reforçados, aponta o co-fundador do Partido Socialista: "a direita dos interesses, aproveitando os ventos neoliberais que sopram da Europa". Um inimigo que segundo o advogado "não desistiu do seu projecto de destruição do Estado Social de que o SNS é a trave-mestra", apontou, para logo acrescentar: "os privilegiados e o grande capital pensam que o mundo é a sua coutada e os trabalhadores e os pobres o seu rebanho.
Luta de classes... Pelo Estado Social
Para Arnaut, a luta de classes continua a existir, sendo o objecto que divide os beligerantes, a vontade da maioria de construir um Estado Social de Direito. Para Arnaut, o Estado Social "é a democracia vivida na sua tripla dimensão política, económica e social, que faz do indivíduo uma pessoa, da pessoa um cidadão livre e do cidadão um elo activo da mesma comunidade fraterna.
Para o antigo responsável da pasta da saúde do segundo governo de Mário Soares, "a luta de classes continua a existir, já não entre senhores e servos, aristocratas e plebeus, patrões e operários, mas entre as duas classes a que o capitalismo selvagem reduziu a nossa sociedade: os magnatas da alta finança e seus serventuários, e a generalidade dos cidadãos que vive do seu trabalho ou da sua reforma". Segundo Arnaut, o que existe hoje é um "interclassismo nivelador, com a progressiva extinção da classe média, a precarização do trabalho, a redução das prestações sociais e o empobrecimento geral, face a uma oligarquia financeira sem rosto nem rasto, que criou paraísos fiscais e outros caminhos de fraude". Uma criação só possível, afirma o advogado, através do controlo dos governos e da produção legislativa. "Há, como sabemos, um sistema de vasos comunicantes, entre os governos e os grandes empórios que, além de lesiva para o bem-comum, se tornou obscena e mesmo insultuosa, porque parece, às vezes, que são todos da mesma família", acusa.
Na pirâmide de culpados pela investida contra o Estado Social e assim contra o SNS, António Arnaut encontra, no vértice, a União Europeia, à qual acusa de ser a cúpula do neoliberalismo desbragado "reduzindo os cidadãos a meros consumidores, mercantilizando a vida e capturando a soberania dos estados com as suas directivas encomendadas pelos grandes grupos económico-financeiros".
Sem papas na língua, o antigo governante acusa: "Portugal está a ser vendida a retalho às multinacionais e a gente sem escrúpulos, por vezes mesmo, aos especuladores que causaram a crise e agora se locupelam com o património dos países em dificuldade, sem compaixão nem vergonha". Para Arnaut, "são estes especuladores que querem destruir a escola pública, a segurança social e o próprio SNS, privatizando os direitos sociais."
Taxas moderadoras... Imorais
Referindo-se às taxas moderadoras, António Arnaut considera que estas alcançaram um valor que dificulta e impede o acesso universal dos cidadãos aos cuidados de saúde. E depois, aponta, a sua aplicação conduz a violações grosseiras dos princípios humanistas que orientam o SNS. Em Lisboa, Arnaut apresentou dois exemplos dos efeitos negativos do valor excessivo das taxas moderadoras: "Uma urgência num hospital central paga 20 euros de taxa, podendo alcançar os 50 no caso de exames auxiliares de diagnóstico. Sei de hospitais privados que fixaram em 40 euros o preço de uma urgência, incluindo uma radiografia ou equivalente. Este facto, conjugado com a subida generalizada de todas as taxas moderadoras e a criação de novas taxas, provocou uma significativa redução da procura das unidades do SNS e fez aumentar a procura do sector privado em números preocupantes".
O segundo exemplo apresentado pelo fundador do SNA é, segundo o mesmo, ainda mais chocante: "diz-me pessoalmente respeito, mas é claro que não a refiro por mim, mas por causa daqueles que não têm voz e me pedem que denuncie esta grave injustiça. Até à publicação do DL 113/2011, os doentes oncológicos beneficiavam de isenção geral de taxas moderadoras, mas agora só estão isentos nos tratamentos de quimio e radioterapia. Quando fazem outros tratamentos ou vão a consultas específicas da própria doença pagam a respectiva taxa, salvo se estiverem isentos por carência económica ou solicitarem ao centro de saúde uma junta médica que lhes atribua uma incapacidade igual ou superior a 60%".
Para Arnaut, para além de chocante, esta situação "revela uma incompreensível desumanidade e rompe com o conceito de taxa moderadora".
A desumanização alastra...
Na Aula Magna, em Lisboa, António Arnaut apontou também exemplos do que diz ser a desumanização que vai alastrando, como doença crónica, no SNS. "há hospitais onde os doentes se amontoam nos corredores, outros que não administram certos medicamentos e há terapias para o cancro recusadas no SNS que são pagas na ADSE em hospitais privados.
O défice não é culpa do Estado Social
Citando a obra "Quem paga o Estado Social em Portugal", coordenada pela historiadora Raquel Varela (Bertrand, 2012), António Arnaut afirma: "os défices dos Estado não podem ser imputados aos gastos sociais e na maioria dos anos há mesmo um excedente, porque os trabalhadores entregam mais ao Estado do que recebem dele". Para o antigo ministro, os défices devem ser procurados "na corrupção, no desperdício, nos negócios ruinosos como as PPP e os SWAPS, nas isenções fiscais privilegiadas, como os fundos de investimento imobiliário, na fuga à tributação para paraísos fiscais e até para a Holanda e Luxemburgo, países membros da União Europeia, de cerca de 30 mil milhões de euros por ano".
Estimular os profissionais
Estando convencido de que a sustentabilidade do SNS é, não um problema financeiro, mas, isso sim, político, António Arnaut deixou em Lisboa alguns conselhos: "Se a carreira dos profissionais de saúde for garantida, mediante boas condições de trabalho, estabilidade, formação permanente remuneração condigna, talvez se consiga, sem aumento de despesa, trazer gradualmente para o regime de exclusividade a maior parte dos trabalhadores do SNS, melhorando a qualidade e a produtividade, sobretudo se forem concedidos, além dos justos incentivos materiais, o reconhecimento moral pela relevante função que desempenham". E que forma poderia assumir esse reconhecimento? Arnaut deixa uma ideia: um profissional que se tenha dedicado 20 ou 30 anos ao SNS, com assiduidade, competência e devoção, devia ver publicamente reconhecido o seu mérito e a gratidão do Estado. Um diploma de honra poderia constituir uma forte motivação moral".
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Promessas
Isaac chamou o seu filho Jacob e disse-lhe: Vai a casa do teu tio Labão, irmão da tua mãe, que vive em Haran, na Síria, e desposa uma das suas filhas.
Jacob foi buscar as mulheres que já tinha e meteu-se ao caminho (885km). Numa noite, teve um sonho em que Deus lhe disse “eu te darei a ti e à tua descendência a terra em que dormes” (estaria no Monte Moriá - Jerusalém, e foi a 3ª vez que Deus prometeu essa terra aos Judeus. A primeira foi a Abraão, a 2ª a Isaac). Com a pedra que lhe servia de almofada, Jacob fez um altar e confiante voltou ao caminho, até encontrar um poço onde pastores davam de beber aos rebanhos. Com um deles chegava a linda Raquel, filha mais nova de Labão. Foi amor à primeira vista. Jacob apresentou-se, e ela foi anunciá-lo ao pai que ficou feliz ao saber ao que ele ia. Fechou-se o negócio: uma filha a troco de sete anos de trabalho na sua casa. Jacob pensava em Raquel, mas no dia do casamento Labão meteu-lhe na câmara a sua filha mais velha – a remelosa Lia, argumentando que o costume era casar primeiro a mais velha, mas que, se ele quisesse muito a Raquel, com outros sete anos, também a podia levar.
Raquel, cheia de inveja, para resolver a sua infertilidade, chamou a sua criada Bala, pô-la ao jeito de Jacob, e fez com que ela parisse sobre os seus joelhos, para assim ter filhos dela. E por este processo teve 2 filhos. Lia apercebendo-se desta nova técnica, resolveu a falta de assiduidade de Jacob, chamou a sua escrava Zelfa e submeteu-a ao mesmo tratamento, o que lhe deu mais 2 filhos.
A coisa tomou foros de competição. Um dia em que um filho de Lia levou para casa da mãe um molho de mandrágoras, Raquel pediu-lhe uma manadita. Como Jacob não se ia a ela havia tempo, Lia propôs-lhe um pequeno negócio: Deixa-o passar esta noite comigo e eu dou-tas! Dito e feito. Lia não só engravida, como o entende como uma paga de Deus, por ter dado a escrava ao marido para que ele a engravidasse. Jacob deve ter ficado alerta com a facilidade com que Lia engravidava e numa nova volta, surgiu um sexto filho. Lia ficou a ganhar a Raquel por 8-2.
Então Deus lembrou-se de Raquel e f
Depois Jacob disse ao sogro: “Deixa que vá para a minha terra. Dá-me as minhas mulheres e os meus filhos, pelos quais te tenho servido, para ir daqui!”.
E depois de umas estranhas partilhas, voltou Jacob sobremaneira rico, como muitos rebanhos e um grande número de escravos e escravas.
Génesis 28, 29, 30
...
Resumi a história, que aparentemente pouco tem a ver com a actualidade, mas ela é fundamento do conflito israelo-árabe, onde Israel reclama os territórios que Deus lhes prometeu.
domingo, 20 de outubro de 2013
sábado, 19 de outubro de 2013
Tântalo
Tântalo, rei da Frígia, filho de Zeus e da princesa Plota, era um semideus, como Aquiles, Hércules e muitos outros da mitologia grega, pois Zeus estava constantemente a apaixonar-se, mulher após mulher, recorrendo a toda a espécie de subterfúgios para as ludibriar ou coagir, para desespero da sua esposa Hera.
Tântalo, embora mortal, convivia com os deuses e, apercebendo-se das suas fragilidades, movido por uma paixão/ódio, decidiu pôr à prova a sua omnisciência. Sacrificou o seu filho Pélope, mandou cozinhá-lo e servi-lo aos deuses que honravam um banquete no seu palácio.
Descoberto, puniram-no exemplarmente, para que mais nenhum humano os desafiasse. Foi colocado num poço, no Hades, condenado a não poder saciar nem sede nem fome. Atormentado, sempre que se inclinava para beber, via a água infiltrar-se no chão, para reaparecer quando se levantava, e quando esticava a mão para apanhar os frutos que pendiam sobre o poço, via os ramos serem levados para fora do seu alcance, pelo vento.
Quanto a Pélope, os deuses restituíram-lhe a vida, mas tiveram de lhe moldar um ombro em marfim, porque uma das deusas, Deméter, o teria comido inadvertidamente.
São histórias que, de um modo ou outro, nos moldam e nos fazem temer quem gravita na esfera celestial.
Job
Há um quê de irracional que me leva a acreditar que todo o crime tem castigo e a recusar o sofrimento dos inocentes e dos justos. Mas os deuses sempre jogaram aos dados com o mundo e, mesmo que nos dêem alguma capacidade de intervir, será deles a decisão final.
Job era íntegro e temente a Deus. Tinha sete filhos, três filhas, sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois, quinhentas jumentas e muitos servos, e quando Satanás questionou a sua fidelidade a Deus, este permitiu que ele lhe matasse a família e os animais, que lhe destruísse os bens e o cobrisse de chagas, só para testar a constância da sua fé.
Pobre Job, joguete numa disputa de poderosos, sem plano B para conquistar o Céu.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
64
When I get older losing my hair,
Many years from now,
Will you still be sending me a valentine
Birthday greetings bottle of wine?
If I'd been out till quarter to three
Would you lock the door,
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?
oo oo oo oo oo oo oo oooo
You'll be older too, (ah ah ah ah ah)
And if you say the word,
I could stay with you.
I could be handy mending a fuse
When your lights have gone.
You can knit a sweater by the fireside
Sunday mornings go for a ride.
Doing the garden, digging the weeds,
Who could ask for more?
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?
Every summer we can rent a cottage
In the Isle of Wight, if it's not too dear
We shall scrimp and save
Grandchildren on your knee
Vera, Chuck, and Dave
Send me a postcard, drop me a line,
Stating point of view.
Indicate precisely what you mean to say
Yours sincerely, Wasting Away.
Give me your answer, fill in a form
Mine for evermore
Will you still need me, will you still feed me,
When I'm sixty-four?
domingo, 13 de outubro de 2013
Carta aberta a Maria
Bom dia! Maria!
Há anos que ando para te escrever, mas com tanto para te dizer, inibo-me. Hoje, como enches o audiovisual nacional, senti um pequeno impulso e vim para este teclado dar-te notícia dos meus tormentos.
Primeiro quero dizer-te que gosto das tuas imagens e da beleza calma com que os santeiros, ao longo dos anos, te têm representado. Também gosto do conceito de mulher/mãe, preocupada com a paz da sua família, que te está associado, pois esse conceito é fundamental para a organização de qualquer sociedade, o que, só por si, faz de ti um ícone.
Mas, queria-te dizer que, embora nesse aspecto, mantenhas plena actualidade, devias ter forçado o clero a dar-te outros atributos que te tornassem mais socialmente interventiva ... no “seu” mundo de homens. Esse teu ar recatado, de quem espera em vez de fazer acontecer, não está muito de acordo com a vida no ocidente, onde a pílula já não confina as mulheres à esfera da família. .
Também essa “eterna juventude”, com que sistematicamente te representam, desde que o Miguel Ângelo te esculpiu na Piéta, onde os teus quase cinquenta anos foram retratados como se estivesses ainda na adolescência, não ajuda ... sempre. Não se estranha, pois a mitologia cristã, à semelhança da mitologia greco-romana, manteve as deusas representadas como jovens capazes de provocar êxtases a frades votados à clausura, e os santos e deuses como homens bem para lá dos quarenta anos.
Mas adiante. Agora, como o turismo religioso é fonte de rendimento para o país e para o clero, meia dúzia de idólatras, transformou-te num “bezerro de ouro”, alvo de culto, à revelia do primeiro mandamento.
Os tempos que correm exigem mais de ti. Primeiro que abandones o epíteto de “Virgem”, porque no ocidente desenvolvido já poucos ligam a esses malabarismos de ter partos eutócicos e ficar tudo na mesma. Depois que se deixe de falar da tua "ascenção", porque também ninguém percebe porque é que havias de levar o corpo para o Céu, onde só te traria preocupação. Por fim, devias recriar a tua imagem, apresentando-te também de manga arregaçada a defender publicamente uma carta de direitos das mulheres. Isso é que era uma boa jogada! Agora só te disponibilizares para ouvir “Avés” e as tretas de um clero intencionalmente disposto a distrair os aflitos das suas aflições, parece-me muito pouco.
O “Culto Mariano” devia dar bases para a qualidade da maternidade, da luta contra a violência doméstica e para o enquadramento da mulher no mercado de trabalho, de modo a que o emprego considerasse o seu imprescindível papel de mãe. Mas no Clero há muitos que só lutam pelo seu próprio bem-estar e, sob a pele de cordeiros, associam-se ao poder, enredando os mais frágeis (onde as mulheres frequentemente se encontram) em historietas e falsas esperanças, inviabilizando os movimentos que conflituam com os interesses dos poderosos.
Queres um conselho, Maria? Associa-te a este Papa. Ele já começou a mexer na Cúria e no Clero e a preocupar-se mais com o que se passa com quem o ouve.
Não te envaideças com as praças cheias em Fátima, nem com o lucro dos garrafões de água e das velas em Lourdes, que isso pode ser sol de pouca dura, se te mantiverem neste registo, pois já deve haver outros ícones prontos para competir contigo, uns “Made in China”, outros, “in South Chorea” e, se não lutares por este nicho de mercado, entras rapidamente em falência.
Agora adeus, que eu tenho que calçar as botas e tratar da horta, que o Borda d’Água manda, e eu tenho de ir plantar a tronchuda para o Natal e semear cenouras e nabiças.
Até sempre, Maria!
Fernando
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Exame de Geografia Política
- Menino Rochinha, por favor, diga-me o nome das cidades de Portugal na Idade Média?
- Braga, Porto, Viseu, Lamego, Guarda, Coimbra, Lisboa, Évora e Silves.
- Muito bem! E quantas havia em 1974, antes do 25 de Abril?
- Quarenta e três!
- Muito bem! E depois da lei nº 11/82, quantas vilas passaram a cidade?
- Cento e treze. Agora temos cento e cinquenta e seis cidades em Portugal!
- Já vi que tem os números decorados. Pode-me dizer então as vantagens de uma vila passar a Cidade.
- Ser cidade influencia as transferências financeiras que o município recebe da administração central.
- E o que é preciso para ser considerado cidade?
- A lei nº 11/82 exige mais de oito mil eleitores, um aglomerado populacional urbanizado contínuo, e pelo menos metade dos seguintes equipamentos colectivos: Instalações hospitalares com serviço de permanência, farmácias, corporação de bombeiros, casa de espectáculos e centro cultural, museu e biblioteca, instalações de hotelaria, estabelecimento de ensino preparatório e secundário, estabelecimento de ensino pré-primário e infantários, transporte público (urbano e inter-urbano) e/ou parques ou jardins públicos.
- Muito bem! E o menino sabe o que esses equipamentos nos custam?
- Sim! Esses equipamentos têm custos de construção e de manutenção. Atendendo a que se permitiram cidades com menos eleitores que o previsto e que na maioria das vilas foi possível construir a metade daqueles equipamentos com gestão pouco eficiente, o resultado são os grandes encargos municipais que actualmente se reflectem em impostos directos e indirectos, e na progressiva diminuição do salário dos funcionários públicos e das reformas dos pensionistas.
-Oh Rochinha! Já tem um vinte! Mas antes de ir embora responda-me, por favor, a mais esta pergunta: Acha possível desqualificar cidades como Borba, Gandra, Mealhada, Mêda, Moura, Oliveira do Bairro, Oliveira do Hospital, Passos de Ferreira, Pinhel, Reguengos de Monsaraz, Sabugal ou Vila Nova de Foz Coa?
- Não Sr. Professor. Temos é de dar graças a Deus por Macinhata do Vouga não se ter candidatado.
- Estou satisfeito.
- Braga, Porto, Viseu, Lamego, Guarda, Coimbra, Lisboa, Évora e Silves.
- Muito bem! E quantas havia em 1974, antes do 25 de Abril?
- Quarenta e três!
- Muito bem! E depois da lei nº 11/82, quantas vilas passaram a cidade?
- Cento e treze. Agora temos cento e cinquenta e seis cidades em Portugal!
- Já vi que tem os números decorados. Pode-me dizer então as vantagens de uma vila passar a Cidade.
- Ser cidade influencia as transferências financeiras que o município recebe da administração central.
- E o que é preciso para ser considerado cidade?
- A lei nº 11/82 exige mais de oito mil eleitores, um aglomerado populacional urbanizado contínuo, e pelo menos metade dos seguintes equipamentos colectivos: Instalações hospitalares com serviço de permanência, farmácias, corporação de bombeiros, casa de espectáculos e centro cultural, museu e biblioteca, instalações de hotelaria, estabelecimento de ensino preparatório e secundário, estabelecimento de ensino pré-primário e infantários, transporte público (urbano e inter-urbano) e/ou parques ou jardins públicos.
- Muito bem! E o menino sabe o que esses equipamentos nos custam?
- Sim! Esses equipamentos têm custos de construção e de manutenção. Atendendo a que se permitiram cidades com menos eleitores que o previsto e que na maioria das vilas foi possível construir a metade daqueles equipamentos com gestão pouco eficiente, o resultado são os grandes encargos municipais que actualmente se reflectem em impostos directos e indirectos, e na progressiva diminuição do salário dos funcionários públicos e das reformas dos pensionistas.
-Oh Rochinha! Já tem um vinte! Mas antes de ir embora responda-me, por favor, a mais esta pergunta: Acha possível desqualificar cidades como Borba, Gandra, Mealhada, Mêda, Moura, Oliveira do Bairro, Oliveira do Hospital, Passos de Ferreira, Pinhel, Reguengos de Monsaraz, Sabugal ou Vila Nova de Foz Coa?
- Não Sr. Professor. Temos é de dar graças a Deus por Macinhata do Vouga não se ter candidatado.
- Estou satisfeito.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Quarta Idade
O meu tio Manuel está para lavar e durar. Anda todos os dias para cima de 5 Km, tem a cabeça escorreita e não se conhece uma artrose no seu metro e sessenta e cinco.
Quando fez 100 anos, a família fez-lhe uma grande festa e ele andou de mesa em mesa a oferecer fotografias suas autografadas.
No fim da refeição, quando já estava tudo mais calmo, para lhe fazer um carinho, disse-lhe: - “Oh tio! Daqui a dez anos, vamos estar cá outra vez para festejar!”
Aí, ele pôs um ar grave, como convém quando se fala com um médico, e respondeu-me: - “Não sei como vai ser a minha vida, Judite! A minha filha está velha. O meu genro, … velhíssimo! Um destes dias morrem! … E o que é que vai ser de um homem?”
…
Ele disse aquilo preocupado, sem um laivo de ironia. E olha que não está longe da verdade!
História de J.Q.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Elas
Talvez eu esteja enganado, mas está “na moda” pôr as mulheres a mandar.
Quando há necessidade em arrumar a casa, para que possamos dar novos passos em segurança, o “X” ajuda mais que o “y”.
De facto, as novidades da última metade do século foram tantas que, para que a população possa usufruir delas, sem a ajuda daqueles técnicos que resolvem um problema e criam dois, há que meter as mulheres ao barulho.
Claro que há homens com um “X” grandioso, arrumadinhos e disponíveis, mas na maioria deles, o “X” é pouco activo e o pequeno “y” anda eternamente a testar novos limites com pouca disponibilidade para esse recado.
O “y” tem os genes ocupados “a mostrar quem se é” – para os automóveis, para o futebol, para os relógios e roupa de "marca" e os que sobram, para “arrotar umas postas de pescada” em futurices desmedidas e para uns arrancos directos à concupiscência e à procriação da espécie.
Os homens de X grandioso, são habitualmente homo ou metrossexuais, facilmente identificáveis pelos trejeitos. É a necessidade de adulação que os move e, como tal, são erráticos e com laivos maníaco-depressivos. São abundantes na política e nos círculos que lhe estão afectos. Gabam-se do jogo de cintura e estão sempre disponíveis para defender hoje uma causa e amanhã o seu contrário, desde que não os tirem do palco.
Quando há necessidade em arrumar a casa, para que possamos dar novos passos em segurança, o “X” ajuda mais que o “y”.
De facto, as novidades da última metade do século foram tantas que, para que a população possa usufruir delas, sem a ajuda daqueles técnicos que resolvem um problema e criam dois, há que meter as mulheres ao barulho.
Claro que há homens com um “X” grandioso, arrumadinhos e disponíveis, mas na maioria deles, o “X” é pouco activo e o pequeno “y” anda eternamente a testar novos limites com pouca disponibilidade para esse recado.
O “y” tem os genes ocupados “a mostrar quem se é” – para os automóveis, para o futebol, para os relógios e roupa de "marca" e os que sobram, para “arrotar umas postas de pescada” em futurices desmedidas e para uns arrancos directos à concupiscência e à procriação da espécie.
Os homens de X grandioso, são habitualmente homo ou metrossexuais, facilmente identificáveis pelos trejeitos. É a necessidade de adulação que os move e, como tal, são erráticos e com laivos maníaco-depressivos. São abundantes na política e nos círculos que lhe estão afectos. Gabam-se do jogo de cintura e estão sempre disponíveis para defender hoje uma causa e amanhã o seu contrário, desde que não os tirem do palco.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Bonecas
Desde a antiguidade mais remota que as bonecas nos servem, nos rituais magico-religiosos e como brinquedos.
Inspiram as meninas para a maternidade, ensinam-lhes um modo de estar, vivem-lhes as angústias, sofrem com elas e morrem esquecidas a um canto, quando perdem utilidade.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
Carta a S. José
Antes de mais, desejo sinceramente que andes feliz pelo Céu, na companhia dos teus, porque há anos que te admiro.
Quando eu era jovem, fiz do Robin dos Bosques, do Superman e do Lone Ranger os meus heróis, mas quando o cabelo me ficou branco e me deu para analisar a tua história, arrumei com eles e dei-te primazia pela tua coragem em não pactuar com o estar dessa época que, brutalmente, sacrificava inocentes à mínima suspeita de irreverência para com os supostos deveres socio-religiosos.
Tu já deves ter entendido onde quero chegar. Quero falar da Maria. Essa miúda que decidiste proteger da lapidação, quando já não estavas em idade de entrar em guerras nem em conflitos com o poder.
A malta agora conta a tua história como um conto da carochinha, mas eu decidi-me a montar os factos de outro modo, para a tornar lógica, e foi aí que me surgiste como um homem a ter em consideração.
Vamos aos factos:
1: Nos Hebreus, como em todas a civilizações da antiguidade, a religião ditava as bases da sociedade e obrigava a padrões morais muito rígidos.
2: As mulheres eram educadas especialmente para o casamento e, depois de casadas viviam para a casa e para os filhos, que geralmente eram muitos. A virgindade era um valor.
3: Tu nasceste em Bethlehem e estabeleceste-te de carpinteiro em Nazareth e um carpinteiro naquela sociedade não era um “qualquer”. Devias pertencer à “nata” da cidade. Eras viúvo e tinhas uma família. Eras o terceiro de seis irmãos e pai de vários filhos.
4: Falam de ti como um “velho” entre os 45 e os 50 anos, certamente com experiência de vida suficiente para conhecer a natureza humana, sempre disponível a atirar pedras ao vizinho à mínima suspeita, para se afirmarem “defensores da moral e dos bons costumes”.
5: Quanto a Maria, o pouco que se diz da sua genealogia não tem consistência. Na época e no local, as mulheres não tinham relevância político-social. Maria pouco mais seria que “uma mercadoria” a negociar num casamento que trouxesse alguma vantagem ao clã.
6: O teu encontro com ela deve ter sido despertado por essa gravidez sem casamento nem pai identificado. O mais provável é nunca a teres visto antes, e teres-te sensibilizado com a notícia de que a lei determinava que a "adúltera fosse lapidada e o filho do pecado morresse com ela".
E é aqui que tu apareces a pôr um travão àquelas mortes, argumentando contra quem duvidava da tua paternidade, numa Nazareth onde todos se vigiavam e te via mais preocupado com as tábuas do que atrás de jovenzitas púberes a dar largas a um cio tardio.
Ainda bem que não falaste no “Espírito Santo”, em avatares ou em semideuses como o grego Hércules, filho de Zeus e da mortal Alcmena, para justificar o fenómeno. Por imperativo de consciência, afirmaste-te pai, mas não deves ter resolvido o problema com a veemência das palavras e ficaste fragilizado ao contrariar a lei e os costumes.
6: Deves ter visto o caso tão mal parado que pegaste na miúda e no burro e fugiste à procura do apoio da tua família original em Bethlehem, numa viagem louca de 16Km. Só um enorme perigo justifica teres saído sozinho com uma adolescente grávida de termo, em cima de um burro. Nem uma carroça aparelhaste, nem procuraste ajuda numa das mulheres da família para ajudar no parto - uma das principais causas de morte das mulheres. Deves ter andado de sol a sol, arriscando chegar tarde aos caravançarais, como foi o caso no dia do nascimento da criança, quando só encontraste dormida numas grutas à mercê de tudo o que é bicho.
7: Voltaste quando a maledicência acalmou, para te dedicares a Yeshua e lhe ensinar a tua arte e o “estar”, e foi esse “estar diferente” fundamentado no afecto, que lhe marcou as opções e deu origem a uma nova ordem moral.
8: Mas a coisa não deve ter ficado esquecida. É provável que tivesses levado Yeshua aos 12 anos para Alexandria, a cuna dos grandes pensadores de então, fugindo a um mau ambiente. Depois ... desapareceste.
Se fosses mais novo, não tinhas esta lucidez, mas isso em nada te desmerece, pois aquilo que eu mais vejo é gente muito vigorosa a defender “princípios” enquanto procura o tacho, mas que, quando o atinge, passa a pactuar com as maiores injustiças.
Tu foste a terreiro por alguém fragilizado e puseste em risco o teu bem-estar. Depois, assumiste a educação de uma criança, inculcando-lhe os valores certos, num ambiente cruel e androcêntrico.
Por tudo isto, és o meu herói! Bem hajas!
Quando eu morrer quero andar na tua nuvem!
Fernando
domingo, 15 de setembro de 2013
Vende-SE
terreno para construção para 4 vivendas germinadas com três fretes cada a 2 minutos da cidade
Metros quadrados: 2000 ; Preço: € 250.000,00 - Negociável
Tipo: Vende-se
Concelho: Viana do Castelo
Freguesia: Meadela
Gosto destes anúncios sem pontos nem vírgulas.
Primeiro porque o preço é “negociável” (que pode ser objecto de permutação ou de transacção comercial), depois porque dá direito a "fretes" a 2 minutos da cidade e à possibilidade de uma "germinação". Isto é: se criarmos condições ambientais favoráveis, podemos fazer "germinar" e em vez de 4 vivendas, obter um prédio de 10 andares - esquerdo/direito. Além disso o terreno é do tipo “Vende-se” e eu gosto de tudo o que seja do tipo “tipo”.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
Wilson Simonal
Ahahahahahaha!
-"Vamos voltar a pilantragem.
Xá comigo, uma musiquinha
Prá machucar os corações"
Nem Vem Quem Não Tem
Nem vem de garfo
Que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro
Passa a minha roupa
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem Quem Não Tem
Nem vem de escada
Que o incêndio é no porão
Tira o tamanco
Tem sinteco no chão
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem!
Numa casa de caboclo
Já disseram um é pouco
Dois é bom, três é demais
Nem Vem!
Guarda teu lugar na fila
Todo homem que vacila
A mulher passa prá trás...
Nem Vem Quem Não Tem
Prá virar cinza
Minha brasa demora
Michô meu papo
Mas já vamos'imbora
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem Que Não Tem!
-"Vamos voltar a pilantragem.
Xá comigo, uma musiquinha
Prá machucar os corações"
Nem Vem Quem Não Tem
Nem vem de garfo
Que hoje é dia de sopa
Esquenta o ferro
Passa a minha roupa
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem Quem Não Tem
Nem vem de escada
Que o incêndio é no porão
Tira o tamanco
Tem sinteco no chão
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem!
Numa casa de caboclo
Já disseram um é pouco
Dois é bom, três é demais
Nem Vem!
Guarda teu lugar na fila
Todo homem que vacila
A mulher passa prá trás...
Nem Vem Quem Não Tem
Prá virar cinza
Minha brasa demora
Michô meu papo
Mas já vamos'imbora
Eu nesse embalo
Vou botar prá quebrar
Sacudim, sacundá
Sacundim, gundim, gundá!...
Nem Vem Que Não Tem!
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
Férias
Primeira etapa Pamplona, num fim da tarde cheio de jovens de telemóvel em punho, nos primeiros dias de aulas. Muitas de shorts rendados, eles numa de "negligé cuidado". O comum de uma cidade universitária moderna.
No dia seguinte o destino - Pirenéus Atlânticos, pelo país Basco, de um lado e de outro da fronteira, com tempo para discernir aquela coerência de pintura, dos campos e das aldeias, sem "casas de emigrantes", nem arquitectos por conta própria. Não há evidência de abandono dos campos nem do património edificado. Não se percebem luxos e conservar parece ser a palavra de ordem.
O plano dá margem para o imprevisto.
Num dia, uma visita à Passerelle d´Holzarte, noutro, um trilho pelas Gorges de Kakuetta, com passagem por Saint-Jean-Pied-Port onde a GR 10 se cruza com o caminho de Santiago Francês. Dá vontade de nos equiparmos e seguir um dos muitos caminheiros/peregrinos, mas rapidamente caímos na realidade ao pensar nos 26Km, com um desnível de 1200 metros, da primeira etapa do caminho de Santiago até Roncesvalles, mesmo que nos prometam as mais lindas paisagens atlânticas. Quanto ao GR10 - dois meses a percorrer os seus 900km, da costa do atlântico à do mediterrâneo, pelos Pirenéus, deve ser trabalho para campeões.
Passamos por Ainhoa porque alguém disse que era a mais bonita, por Espelette para ver os pimentos, por Oleron, porque Bidos fica ao lado e há que levar as senhoras às compras, pela fama de Lartigue 1910, e na Hostellerie du Chateau em Mauléon-Licharre comemos como uns príncipes. Em Larressore ouvimos os porquês do Makhila e em todo o lado bebemos vinho e comemos o queijo da região.
Na despedida de França quisemos matar saudades de 30 anos e, em Cambo-les-Bains, fomos ao “Hotel de Charme” de então. Mais uma vez se prova que “nunca devemos voltar aos locais onde já fomos felizes”, o meu quarto tinha a entrada pelo quarto de banho.
Regresso por S. Sebastian. Visita à cidade e ao Museu de S. Telmo, recentemente modernizado. Por fim o inevitável Gugenheim em Bilbao.
2.000 km. Algumas fotos. Muita conversa.
No dia seguinte o destino - Pirenéus Atlânticos, pelo país Basco, de um lado e de outro da fronteira, com tempo para discernir aquela coerência de pintura, dos campos e das aldeias, sem "casas de emigrantes", nem arquitectos por conta própria. Não há evidência de abandono dos campos nem do património edificado. Não se percebem luxos e conservar parece ser a palavra de ordem.
O plano dá margem para o imprevisto.
Num dia, uma visita à Passerelle d´Holzarte, noutro, um trilho pelas Gorges de Kakuetta, com passagem por Saint-Jean-Pied-Port onde a GR 10 se cruza com o caminho de Santiago Francês. Dá vontade de nos equiparmos e seguir um dos muitos caminheiros/peregrinos, mas rapidamente caímos na realidade ao pensar nos 26Km, com um desnível de 1200 metros, da primeira etapa do caminho de Santiago até Roncesvalles, mesmo que nos prometam as mais lindas paisagens atlânticas. Quanto ao GR10 - dois meses a percorrer os seus 900km, da costa do atlântico à do mediterrâneo, pelos Pirenéus, deve ser trabalho para campeões.
Passamos por Ainhoa porque alguém disse que era a mais bonita, por Espelette para ver os pimentos, por Oleron, porque Bidos fica ao lado e há que levar as senhoras às compras, pela fama de Lartigue 1910, e na Hostellerie du Chateau em Mauléon-Licharre comemos como uns príncipes. Em Larressore ouvimos os porquês do Makhila e em todo o lado bebemos vinho e comemos o queijo da região.
Na despedida de França quisemos matar saudades de 30 anos e, em Cambo-les-Bains, fomos ao “Hotel de Charme” de então. Mais uma vez se prova que “nunca devemos voltar aos locais onde já fomos felizes”, o meu quarto tinha a entrada pelo quarto de banho.
Regresso por S. Sebastian. Visita à cidade e ao Museu de S. Telmo, recentemente modernizado. Por fim o inevitável Gugenheim em Bilbao.
2.000 km. Algumas fotos. Muita conversa.