quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Marca



Uma “marca” é um rótulo aplicado a um produto, que conta uma história sobre ele, que até pode ter pouco a ver com as suas especificidades, mas, ainda assim, o público habitua-se a associar um ao outro. 

José Estaline, polo agregador de um dos maiores cultos da personalidade a que a História assistiu, sabendo que Vassili, o seu filho problemático, se aproveitava do apelido para atemorizar e intimidar, repreendeu-o. - Mas eu também sou um Estaline!, respondeu Vassili. 
- Não! Não és!, respondeu o ditador. – Eu próprio não sou Estaline. Estaline é o poder soviético, é o seu rosto nos jornais e nos retratos; não és tu nem sou eu! 

José Estaline sabia que os indivíduos, à imagem dos produtos, também se podem constituir como “marca”. Um bilionário corrupto pode ser rotulado como defensor dos pobres; o maior imbecil pode ser vendido como génio; um guru que abusa sexualmente de seguidores pode ser apresentado ao mundo como um santo casto. O público crê estar conectado ao indivíduo, mas está ligado à história que lhe contaram sobre o ele e, o mais das vezes, a distância que vai de uma coisa à outra é gigantesca. 

In “Nexus” de Yuval Noah Harari 

“No man is a hero to his valet”, dita um velho provérbio inglês.
Como “não há grandes homens para o seu criado de quarto”, há que criar uma “marca” para aqueles que se quer promover.

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