Qualquer modo de ver a realidade é necessariamente limitado. Estas são algumas das histórias que definem o meu olhar.
sábado, 31 de dezembro de 2011
De olhos nos olhos
Os interesses estão tão instalados dentro dos partidos, que é impossível qualquer saída com eles e com quem os seguiu para ter um pequeno poleiro.
De "Olhos nos Olhos" a totalidade aqui!
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
O Natal dos pequeninos
-Diga lá, então! Mas não se zangue por ter estado à espera, que isto está mau para os dois lados.
-Sr. Dr. Eu tenho as minhas morrinhas. A diabetes, a tensão e os ossos que, às vezes, nem me deixam mexer. Mas ontem à noite foi demais. Foi como se tivesse levado um tiro. Era uma dor que começava nas costas e ia até aos ouvidos. Oh meu pai do céu, que dor! Já durante a tarde, quando andei a podar, ela ameaçou, mas nada como à noite!
Sabe Dr.! Eu, no Natal, fui muito lambona. Comi duas rabanadas! Mas não bebi álcool! Se calhar foi disso!
...
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Gastos nos Hospitais
Os hospitais do Serviço Nacional de Saúde desperdiçam dois milhões de euros por dia, revela uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas que aponta para um desperdício de 745 milhões de euros em 2008.
"Apurou-se que as ineficiências resultantes do excesso de utilização de recursos humanos, de medicamentos e de meios complementares de diagnóstico e terapêutica, parte substancial dos custos operacionais das unidades hospitalares, com destaque para os recursos humanos, representam cerca de 67% das ineficiências apuradas na actividade de Internamento e cerca de 72% das ineficiências identificadas nas actividades de Ambulatório", refere ainda o documento.
O relatório final, após esta análise, arrasa a gestão hospitalar feita em Portugal.
Mas quem neste período tentou ir contra esta corrente, há muito que foi marginalizado.
É que há interesses "por todo o lado", que nada têm a ver com a suposta missão de
“identificação e resposta às necessidades de saúde da população, garantindo padrões elevados de desempenho técnico-científico e de eficaz e eficiente gestão de recursos”
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Prenda de Natal
-Esta é a minha prenda. Um marcador para os livros! És tu a andar de moto 4, e os teus netos a ver!
-Mas tu aqui estás muito grande e eu tenho o cabelo preto?!
-Tive de me desenhar assim, porque desenhei primeiro a Rita e eu tinha de ser mais alto. Tu tens na cabeça um capacete! É obrigatório!
-Ahhhh!
segunda-feira, 26 de dezembro de 2011
Velhos
Tem mais de 80 anos. Há 3 dias que se arrasta até ao Hospital para visitar a mulher. Vem de uma aldeia distante e sabe Deus que trabalhos venceu para chegar aqui. Hoje desesperou.
- Sr. Enfermeiro! A minha mulher não está nada melhor! No primeiro dia ainda disse qualquer coisa, mas ontem e hoje nem dá pela minha presença. Faço-lhe festas e tudo, e ela nada! Entrou aqui pelo seu pé e a conversar. Disseram que era só uma pequena operação e ela está tão mal!
- E como é que se chama a sua senhora?
- Maria do Carmo ...!
- Um momento!
...
- Deve haver engano. Neste serviço não está nenhuma senhora com esse nome!
- Então não está!??! Está ali naquela cama junto à janela!, insiste, enquanto se aproxima da enfermaria, para a mostrar.
...
- Venha cá! Essa não é a sua senhora! A sua está no serviço aqui por cima. Eu levo-o lá!
...
- Esta é que a sua esposa! Vê! Ela está bem!
- Ahhh! Obrigado! É que eu não vejo nada deste olho e do outro só vejo 10%. Como ela não falava, julguei que fosse da anestesia.
- E a Sra. não estranhou que o seu marido a não viesse visitar?
- Oh Sr. Enfermeiro, ele é tão velhinho, vê tão mal, e ainda por cima tem estado tão mau tempo, que eu pensei que ele não conseguisse chegar até cá!
domingo, 25 de dezembro de 2011
sábado, 24 de dezembro de 2011
Bom Natal aos amigos
Neste postal quero englobar os amigos. A Susana, a Andreia, o Rui, a Isabel, o Armando, o Luís, o José, o Artur, o João, o Hernâni, a Fátima, a Margarida, a Teresa, a Adriana, a Ana, a Catarina, a Manuela, a Lúcia, o Paulo ... aqueles de quem guardo boa memória e também os leitores que me sintonizam neste Blog:
A todos desejo que combatam a solidão, que se sintam bem consigo próprio, que não reajam ao momento e procurem ver para além do óbvio, pois há sins que se pagam caro e nãos que nos dão paz.
A todos um
Bom Natal!
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Ave Maria
... De resto, já Santo Agostinho falara do dissídio interior do homem de fé que continuamente teme ser seduzido durante a oração pela beleza da música sacra; e S. Tomás desaconselhava o uso litúrgico da música instrumental porque provocava um deleite tão intenso que perturbava a concentração dos fiéis.
in "Idade Média", de Umberto Eco
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Maria João Ruela
Vens cá ao burgo no próximo dia 12 de Janeiro de 2012, apresentar o livro "Viagens Contadas".
Viajei contigo três noites, seguindo-te por esses lugares remotos, onde procuravas alguma verdade escondida e tropeçavas em encantos e desencantos.
Adormeci a meio da Patagónia, saltei do exótico Marrocos para a organizada Noruega, enquanto ajeitava a almofada, aconcheguei os cobertores durante os trekkings pelos Alpes e senti os aromas dos vinhos que bebeste, enquanto mudava a posição na cama.
Fiquei com a ideia que, até essas paragens me apetecerem, tenho de fazer a totalidade do caminho francês de Santiago.
Até Janeiro!
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
Carta aberta ao Rentes
Caro Rentes de Carvalho:
C’um caraças! Esfregaste mesmo o sal!
Tu, que conheceste o Portugal do pé descalço e da meia sardinha, que esperavas? Que o cego dissesse que não queria ver? Que o pobre, por uma vez não pensasse na solidariedade do rico, a quem nada falta, e que já está a amealhar para os bisnetos? Que ninguém aproveitasse o maná que lhe estava à mão?
Eu, que nada sei de economia, só empresto a quem tem possibilidade de me pagar. Se acho que o pobre não o vai conseguir, … ofereço (pouco), … e esqueço! Emprestar a quem, para pagar, tem de vender a roupa é de sacripanta.
Essa malta que andou a promover o consumo nestas paragens é que devia penar, e não quem consumiu. Havia que ir primeiro aos políticos responsáveis e aos gestores das empresas públicas que incumpriram ou que embarcaram em negócios ruinosos, e retirar-lhes o património adquirido nestes últimos vinte anos. Só depois é que se havia de chegar aos bens públicos.
Coitados dos governados pelintras que sonham com o país da Cocanha! O problema não está neles, está nessa gente que parece séria e competente e cuja única filosofia é o calculismo por uma vaidade.
Sabes!? Agora, quando os vejo na TV, mudo para um canal de desporto. Ali parece que se cumprem regras e se penalizam os infractores!
Um abraço!
terça-feira, 20 de dezembro de 2011
À espera no centeio
O livro conta “a cabeça” de um rapaz de 16 anos, oriundo de uma família abastada de Nova Iorque, nos três dias que medeiam a saída do colégio interno, após a expulsão por maus resultados académicos, até ao dia em que decide enfrentar a fúria dos pais.
Foi publicado em 1951, mas mantém actualidade.
Está escrito na primeira pessoa e expressa primorosamente a confusão, a insegurança e a fragilidade da adolescência.
É considerado um dos 100 melhores livros da língua inglesa do século 20.
Jerome David Salinger (N.Y. – USA -1919 - 2010)
Já no fim surge uma frase atribuída a Wilhelm Stekel (psicanalista): "O que caracteriza o homem imaturo é que deseja morrer nobremente por uma causa, enquanto o homem maduro se caracateriza por desejar viver humildemente por ela."
... deixou-me a pensar!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Recibo
O valor do trabalho tem muito que se lhe diga.
Há que estudar os materiais, os lugares, os clientes e saber fazer contas.
O total refere-se à correcção de uma impermeabilização deficiente de uma varanda, onde as telas permitiam a entrada de água para dentro de casa.
Nota: O vencimento inicial da Carreira Técnica Superior da Administração Pública é de 1201,48 Euros/mês, cerca de 9 Euros/hora, ainda sem impostos.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
O Enes
- Remédios caros, de 1000mg! E não fazem nada!?. ... Sr. Dr.! Como é???? ... Eu às consultas não falho! Não perco nenhumas! Nem as da fisioterapia. Já fiz 80. Com aquelas pomadas e tudo! E a Dra. disse que já chega?! ... Para este ano. Que tenho de dar lugar aos outros!! Como é????
Só quero que me tratem! Isto não pode ser! Esta dor sempre aqui no enes! Continuada! ... Já fui a Urologia, a Cirurgia, à Reumatologia, à Neurologia, à Psiquiatria, exames e mais exames e ... nada!!!! Nem consigo dormir!!!!! E olhe que eu tomo 15 gotas, mais 150mg e outro pequenino! E nada!...
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Goethe
- ESTOU PERDIDO! DEVO PARAR?
- NÃO! SE PÁRAS, ESTÁS PERDIDO! Goethe
Roubei esta frase daqui. Tanto que ela me diz, neste tempo de névoa, em que caminhamos envoltos numa turba que nos trucida se a tentarmos suster.
A uns permitem-se "cinco minutos de estupidez". Outros atribuem-se muitos mais.
Pobre Estilicão.
...
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Dez mil guitarras
É um romance.
Ficciona D. Sebastião (O Desejado, O Encoberto) e Alcácer Quibir. Mais os Habsburgo, as guerras religiosas, a loucura do Imperador da Áustria e as irreverencias da rainha Cristina da Suécia.
O elo de ligação é um rinoceronte que veio da Índia para Portugal, para deleite exótico de D. Sebastião, e que a morte atira para aquelas mãos (1578 a 1689) na forma de taça feita com o seu corno, a que eram atribuídos poderes antiveneno e afrodisíacos.
Fundamenta-se na História que se não conta, mas que é determinante, pois tem por base o ideário e as fantasias dos seus personagens.
A autora é uma "of the brightest specialists currently working in the fields of anthropology and psychoanalysis".
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
A board
- Está lá?
- Sim! Diga!
- É por causa da reparação do seu televisor. Tem de levar uma board nova. São 210 Euros. É para arranjar?
É-me difícil duvidar da necessidade daquele arranjo. É gente que tenho por honesta, mas nos tempos que correm, empolar uma avaria é uma "oportunidade" a que muitos não resistem.
Dou o meu "sim" ao mesmo tempo que me assalta à memória a história (contada) de um cirurgião, dado a expedientes, que interrompeu uma cirurgia ginecológica para se dirigir à família, com as luvas sujas calçadas, dizendo: "Surgiu uma complicação! Vamos ter de tirar o apêndice. ... São mais 10 contos. Está bem?"
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Reality show
"O futuro já não é o que era!”. Hoje ele é de quem se projecta cheio da “boa química”.
Há que estar “muito na moda” e irradiar “a boa energia”.
Se souber fazer qualquer coisa de útil, melhor.
domingo, 11 de dezembro de 2011
Valores
Os nossos “valores”, bloqueiam-nos ou despertam-nos, e fazem de nós aquilo que somos. São sensibilidades que nos choca ver ausentes nos outros.
Julgamos universais o respeito pelo outro, pelos animais, plantas e pelo ambiente, e pasmamos diariamente quando os vemos a toda a hora desrespeitados.
Digo “nossos” porque quero pertencer ao grupo que resiste à banalização da indignidade, principalmente por aqueles que deviam ser exemplo e usam o acesso aos púlpitos para se justificarem pela “necessidade de um momento”, que até se compreende, mas que não se pode deixar de punir.
Lembro-me de numa consulta, numa aldeia de Trás-os-Montes, ter perguntado à mulher, do outro lado da secretária, se era casada e de ter ouvido como resposta um sim, complementado por “Mas o meu marido está preso!”, rapidamente corrigido por “Mas é por matar, não é por roubar!”, não fosse eu pensar que ele não tinha dignidade.
Julgamos universais o respeito pelo outro, pelos animais, plantas e pelo ambiente, e pasmamos diariamente quando os vemos a toda a hora desrespeitados.
Digo “nossos” porque quero pertencer ao grupo que resiste à banalização da indignidade, principalmente por aqueles que deviam ser exemplo e usam o acesso aos púlpitos para se justificarem pela “necessidade de um momento”, que até se compreende, mas que não se pode deixar de punir.
Lembro-me de numa consulta, numa aldeia de Trás-os-Montes, ter perguntado à mulher, do outro lado da secretária, se era casada e de ter ouvido como resposta um sim, complementado por “Mas o meu marido está preso!”, rapidamente corrigido por “Mas é por matar, não é por roubar!”, não fosse eu pensar que ele não tinha dignidade.
sábado, 10 de dezembro de 2011
Jacinto Lucas Pires
Ontem fui-te ouvir.
Afirmaste-te escritor, mas não disseste o teu porquê, e ficou no ar se não foi só um ganha-pão a razão desta história sem esqueleto.
Eu entendo a escrita como um desafio para clarificar um pensamento que nos surpreendeu e que registamos, para nós e para procurar sintonias. Talvez também uma vaidade.
O motivo é uma inquietação ou uma surpresa que nos fez ver para além do óbvio e nos desafia a procurar coerências, subentendendo e afirmando com o cuidado de deixar margem para que eventuais leitores possam integrar as suas experiências.
Tens 37 anos. Falaste muito. Deste uma ideia do ambiente de uma Lisboa onde o hedonismo marca os dias, longe do cerne que se sente em quem tem a terra ou a sobrevivência por perto.
Foi isto que eu li neste teu novo livro – “O verdadeiro ator” – mas eu não sou crítico literário.
Expuseste-te, e daí o meu apreço. Foi bom ouvir-te! Não perdi o meu tempo.
Obrigado!
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Nanotecnologia
A tecnologia dos últimos cinquenta anos mudou o mundo. Muitas dos benefícios em que diariamente tropeçamos têm por base o trabalho de químicos na produção de novos fármacos, novos materiais, na produção e conservação dos alimentos e no modo como se utilizam os antigos.
A química contribuiu, sem dúvida, para o bem-estar da humanidade, pese embora algumas agressões ao ambiente que, actualmente, são também fortemente consideradas.
Jaime Rocha Gomes, professor catedrático de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho venceu recentemente o Grande Prémio BES Inovação com uma tecnologia que reduz significativamente a poluição - a aplicação de nanopartículas de silício coloridas para tingir tecidos, um método que não polui, não exige sal e poupa 70% da água, para além de garantir uma cor mais intensa, uniforme e resistente à lavagem e ao atrito.
Um prémio no Ano Internacional da Química.
Boa sorte para a conquista de "mercado"!
Um abraço!
Parabéns!
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Mau feitio
É uma chatice. Nem com o futebol se aprende a dificuldade em conseguir uma equipe ganhadora, e é ouvi-los dizer, do alto dos seus pedestais, que ninguém é insubstituível.
São meias verdades como estas que nos afundam, quando servem para pôr de lado quem pugna pela qualidade, intitulando-os de "mau feitio".
"Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem." Bertolt Brecht
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
S. Crisóstomo
Rachmaninov: Liturgia de S. João Crisóstomo, Op 31. 'A Misericórdia da Paz”, pelo coro "Russian State Symphony Cappella" de Moscovo.
As imagens são da Igreja do Nosso Salvador no Sangue Derramado em St. Petersburg / Rússia.
São João Crisóstomo (349-407) teólogo e escritor, foi bispo de Constantinopla.
Quis iniciar uma restauração eclesiástica, contra os excessos e a opulência, e deparou com os muitos interesses dos privilegiados. Entrou em conflito com parte do clero que o depôs e desterrou.
Pela sua inflamada retórica, ficou conhecido como Crisóstomo - que em grego significa «boca de ouro».
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Hospitais EPE
O Fundo Monetário Internacional, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia “não são nada [favoráveis] às EPE” garante o presidente da ACSS: “2012 já vai ser um ano diferente, em que os EPE vão ter um controlo idêntico ao [dos hospitais] SPA”.
“A empresarialização dos hospitais foi uma experiência que descarrilou “Nenhum administrador hospitalar foi demitido por ser incompetente”, afirmou Adalberto Fernandes na I Conferência Economia e Financiamento em Saúde,
Miguel Gouveia, professor da Universidade Católica, sublinha que em Portugal não existe “o mecanismo de os hospitais irem a falência”. “Não vão [à falência], nem os fechamos e muitos já teriam desaparecido do mapa, porque são verdadeiras hemorragias de recursos.”
Carvalho das Neves disse que os “hospitais EPE são um saco azul”
... e ninguém fala em discricionalidade associada à correspondente subserviência, nepotismo, favorecimento, corrupção...
A culpa é sempre do "sistema"!
domingo, 4 de dezembro de 2011
Joe Berardo - Cavaco Silva: 3 - 2 (ao intervalo)
Cavaco deve "pedir a resignação"
Económico com Lusa 03/12/11 18:16
O empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o compromisso de «defender os portugueses», nem explicar o seu envolvimento em algumas situações polémicas, pelo que deve «pedir a resignação» do cargo.
"O Presidente da Republica é um pouco responsável por muita coisa que aconteceu até agora", disse o comendador à Lusa, acrescentando: "Acho que o Presidente da República devia pedir a resignação".
"O nosso Presidente da República, não sei por quanto tempo, vai ficar muito zangado, mas não estou preocupado com o PR, estou preocupado é com o que está a acontecer a Portugal, que não há maneira de dar a volta por cima", acrescentou Joe Berardo.
O empresário justifica o pedido de resignação, dizendo que Cavaco Silva está "relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos portugueses", e tinha encontros com Oliveira e Costa (antigo responsável do BPN), um "amigo de longa data e homem do fisco do tempo" dos seus governos.
"Vi o Presidente da República dizer publicamente que o Dias Loureiro (antigo ministro e responsável do BPN) era uma pessoa honesta, em quem tinha confiança, mas já saiu", referiu ainda o comendador.
Segundo Joe Berardo, enquanto governante, Cavaco Silva, defendeu também medidas que prejudicaram o sector das pescas de Portugal e «agora diz que o Governo devia lançar-se pelo mar».
Por isso, considera que Cavaco Silva é também responsável por "uma estratégia danosa para o futuro de Portugal, era tudo empréstimos e realmente pensava que não tínhamos que pagar esta dívida".
"Se alguém é responsável pelas coisas com as quais os portugueses estão a ser penalizados, não tem outro caminho senão pedir a resignação", argumenta, realçando que "uma coisa é ser economista e outra é ser dirigente".
E sustenta que Cavaco Silva, que garante que "defende os portugueses", podia começar por dar o exemplo, instando: "Senhor Presidente da República, vá ao país diga que não quer continuar aqui, arranje uma eleição, arranje alguém. Faça como a Itália, onde foram buscar profissionais para reger o país".
O empresário critica ainda Cavaco Silva, sendo "uma pessoa culta", por nunca ter visitado o Museu Berardo, uma referência nacional e internacional.
Económico com Lusa 03/12/11 18:16
O empresário Joe Berardo diz que o Presidente da República não tem conseguido manter o compromisso de «defender os portugueses», nem explicar o seu envolvimento em algumas situações polémicas, pelo que deve «pedir a resignação» do cargo.
"O Presidente da Republica é um pouco responsável por muita coisa que aconteceu até agora", disse o comendador à Lusa, acrescentando: "Acho que o Presidente da República devia pedir a resignação".
"O nosso Presidente da República, não sei por quanto tempo, vai ficar muito zangado, mas não estou preocupado com o PR, estou preocupado é com o que está a acontecer a Portugal, que não há maneira de dar a volta por cima", acrescentou Joe Berardo.
O empresário justifica o pedido de resignação, dizendo que Cavaco Silva está "relacionado com o BPN, ganhou dinheiro, e isso nunca foi bem explicado aos portugueses", e tinha encontros com Oliveira e Costa (antigo responsável do BPN), um "amigo de longa data e homem do fisco do tempo" dos seus governos.
"Vi o Presidente da República dizer publicamente que o Dias Loureiro (antigo ministro e responsável do BPN) era uma pessoa honesta, em quem tinha confiança, mas já saiu", referiu ainda o comendador.
Segundo Joe Berardo, enquanto governante, Cavaco Silva, defendeu também medidas que prejudicaram o sector das pescas de Portugal e «agora diz que o Governo devia lançar-se pelo mar».
Por isso, considera que Cavaco Silva é também responsável por "uma estratégia danosa para o futuro de Portugal, era tudo empréstimos e realmente pensava que não tínhamos que pagar esta dívida".
"Se alguém é responsável pelas coisas com as quais os portugueses estão a ser penalizados, não tem outro caminho senão pedir a resignação", argumenta, realçando que "uma coisa é ser economista e outra é ser dirigente".
E sustenta que Cavaco Silva, que garante que "defende os portugueses", podia começar por dar o exemplo, instando: "Senhor Presidente da República, vá ao país diga que não quer continuar aqui, arranje uma eleição, arranje alguém. Faça como a Itália, onde foram buscar profissionais para reger o país".
O empresário critica ainda Cavaco Silva, sendo "uma pessoa culta", por nunca ter visitado o Museu Berardo, uma referência nacional e internacional.
sábado, 3 de dezembro de 2011
Médicos Indignados
É Notícia da Página 89 da Revista Visão nº 978:
Cidadania:
Os hospitais poderão paralisar, em 2012, se o Governo não estiver disponível para negociar a criação de uma única carreira médica, acabando com as distinções entre os profissionais da Função Pública e aqueles com contratos individuais de trabalho. No grupo Médicos Unidos, criado há dias no Facebook e já com mais de 4840 especialistas agregados, o tópico mais comentado aponta para a possibilidade de avançarem com uma "greve por tempo indeterminado". Este movimento, que nasceu espontâneamente, sem ligações a sindicatos ou à Ordem, reclama a correcção das "medidas discriminatórias" inscritas no Orçamento do Estado e acusa o Governo de promover "um ataque ao Serviço Nacional de Saúde".
Já pedi para me associar!
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
A tropa
Calculo os postos por uma cantilena da infância: “Rei, capitão, soldado, ladrão, …!”. Aos sargentos associo a palavra “lateiro” e a cabo a de … “esquadra”, e a todos eles (em tempo de guerra) a palavra discricionário.
… e lembro a história que me contaram de uma autóctone africana insurgindo-se contra as intenções sexuais pouco ortodoxas de um militar português:
- “Tu mêtê a tua pila de f…, na minha boca de comê? Nem ki foras tineinte!, cabo di merda!
Em tempo de paz a tropa é outra, e, na maior parte das vezes, é possível dizer-lhes:
“Oh meu amigo! Eu já não tenho idade para beber mau vinho!"
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
O lado B
Era assim. Comprava-se o Single pela música do lado A, e raramente se tocava o lado B, pois este, por regra, tinha "fraca qualidade". Se queríamos duas músicas "boas", elas estavam necessariamente em discos diferentes, e quem se prezava raramente virava o disco.
Nós também só tocamos o nosso lado A, que é o que "nos vende" e só damos música ao Lado B quando há garantia de não interferência com as "vendas".
As instituições são Juke Boxes com discos sem Lados B registados. É necessário abri-las para que nos possamos surpreender.
Os maus lados B dos homens públicos, são o porquê de “a política não dar currículo, dar cadastro!”, enquanto o de muitos outros são o seu maior valor, apesar do Lado A agradar mais à “moda” … dos outros.
Quando os dois lados se equivalem, tanto que eu gosto deles.
Não é Dr. Jekyll/Mr Hyde?
E... viródisco!
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
Apelidos invulgares
Falamos deles, porque, em qualquer altura, hesitámos usá-los num relacionamento directo, mesmo quando vivemos no meio de Chícharos, Calazans, Gaitinhas, Caixinhas, Chibeles e Cachopos.
Lembro-me do Sr. Armário, do Sr. Engana e do Catrapona, que eu não ousava, porque, nesse tempo, um alentejano sem alcunha, era uma raridade.
Agora a Net dá-nos pistas de alguns de quem perdemos rasto. O Reinaldo Chibeles Cananão (ou o mesmo nome no filho) mantém-se em Beja, o Franganito Olho Azul chegou a Tenente-Coronel, a Maria Corália Carrajola Macara, escreveu uma monografia.
Ali andam eles a forçarem-nos um sorriso, no meio dos Arrenega, Tainha, Favinha, Pitacho, Carraça, Grilate, Caçoete, Sequinhos, Canheto, Lamoso, Casquilho, Grabulho, Fanado, Carapuchinho, Farrobo, Carrajana, …. e outras raridades.
Mas quando pai e mãe não ajudam e surgem os Coelho Canudo, Caixado Couzinho, Leite Lavado, Ribeiro Fundo, Robalo Tereso, Fadista Sêco, Protásio Poeira, Parcelas Alcobia, Rebola Santo, Pandaio Bacalhau, Ameixa Rolhas Bandeiras, ... o sorriso abre-se de orelha a orelha.
E tudo isto porque tropecei numa notícia em que a nossa cantora Adelaide Ferreira decidiu pôr na ribalta a sua filha mais nova de nome "Alexia" cujo significado é "inabilidade adquirida de compreender a linguagem escrita".
terça-feira, 29 de novembro de 2011
Em Casa
Li-o numa penada. São 500 páginas que dão uma noção rápida e clara da evolução do viver em Inglaterra, e no Ocidente, de 1800 a 1950.
A História é contada de um modo divertido, apesar dos dramas, e permite-nos dar graças a Deus pela evolução tecnológica e por se ter nascido no ocidente depois de 1950.
É um livro de divulgação que estimula outras leituras e que permite entender muitas coisas da actualidade.
domingo, 27 de novembro de 2011
Luísa Gonçalves
LUÍSA GONÇALVES (Porto, 1949)
Formada em Escultura pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, foi professora na Escola Secundária Soares dos Reis Especializada de Ensino Artístico. Directora do Departamento de Cursos da Árvore, Cooperativa de Actividades Artísticas, C.R.L., Porto.
Autora e co-autora de programas a nível nacional para o Ensino Secundário Artístico. Especialista dos Cursos Tecnológicos de Ofícios Artísticos do Ensino Secundário Artístico.
Realizou trabalho como cenógrafa para o teatro e participou em vários concertos com intervenção visual em obras do compositor Cândido Lima, sendo o último na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa.
Desde 1992 tem colaborado com a Universidade Aberta como autora de videogramas e co-autora do manual da disciplina de Tecnologia dos Ofícios Artísticos, da licenciatura em Artes Plásticas.
Expõe individualmente desde 1979 tem participado em exposições de grupo desde 1971. Tem desenvolvido trabalho de cenografia e videografia e colaborado com músicos em concertos audio/visuais.
Prémios. 1970 – Prémio de Desenho “Escultor Teixeira Lopes”; 1971 – Prémio de Escultura do Ateneu Comercial do Porto; 1993 – Prémio de Aquisição na Exposição Colectiva de Sócios da Árvore.
Este trípico está baseado na rede da estrutura de uma casca de árvore.
sábado, 26 de novembro de 2011
Desportos
Hoje, quem se preza, vai ao Ginásio suar, emagrecer, ficar “in” e criar contactos.
Já assim eram os romanos e assim se manterá nas sociedades urbanas que se afastaram dos pesados trabalhos que a terra pede.
Mas perde-se o gosto de transformar o suor em coisa a que se volte e o gosto de nos medirmos com os elementos.
Ficam as fotos.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
O mel e as abelhas
Manda o bom senso que se não coma o mel e as abelhas, mesmo quando não se promove a temperança.
As "conquistas" e o "andar para frente" dos últimos anos, foram como a saia das mulheres que ora acima ora abaixo do joelho, se defendem hoje, amanhã não se usam e voltam pouco depois.
Há duas décadas, nos países de leste era moda "o pleno emprego" e colocavam-se dezenas a produzir o que meia dúzia podia fazer, enquanto do outro lado do mundo se contabilizava o trabalho ao segundo, para obter o máximo de "rentabilidade", sem que outra sabedoria lhes contivesse essas grandes verdades.
Noutros locais esse radicalismo não foi aplicado e criou-se um Estado Social com alguma harmonia e desenvolvimento, que a globalização veio destruir com os "novos paradigmas" que convenceram os nossos políticos de pacotilha a abandonar as pescas, a agricultura, os têxteis e todas as indústrias básicas, pondo o país a “receber para não fazer" e a comprar o "made in China".
Sem projecto de crescimento harmonioso, secundarizaram as pessoas a essa "economia", e obrigaram quem estava tradicionalmente ligado aos recursos naturais a iludir-se com "Politécnicos e Universidades" para aprender o que dá acesso ao desemprego, desertificando as aldeias e desestruturando o interior.
Não houve lucidez para entender as “âncoras” do país e defender a relação da população com a terra e com o mar, até que a "União Europeia" garantisse uma verdadeira união monetária, política e económica.
O resultado é sermos governados por fluxogramas de Bruxelas para voltarmos "ao bom caminho", enquanto ruminamos as "problemáticas", porque acreditámos que podíamos comer o mel e as abelhas.
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Assédio
- Só tenho pena da doença que tenho, que me atrapalha!
O Sr. Dr. é que está bom! Dou-lhe os meus sentimentos! Trabalha bem, é lindo, bem ajeitado e muito fresco! E veio para um sítio muito bom! Quantos anos é que tem? O Sr. Dr. vem sempre sozinho? A que horas sai? Estou varada com o Sr. Dr.! É muito lindo!
Nem cinco minutos demorou a dizer-me tudo isto.
Não tivesse ela 72 anos e eu já estivesse avisado do seu discurso com parafasias, perseveração e defeitos de reconhecimento e saía dali rejuvenescido!
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
A gota
É analfabeta. A filha, professora do 2º ciclo, é que sabe de tudo!
Tem médico de família, mas nunca o consultou. Vai sempre ao cardiologista da Clínica, que o marido foi GNR.
Há três dias que não consegue andar. Eram precisas três pessoas para a levar ao quarto de banho e não podia "turrar" com os pés em nada! Não sabe se teve febre. Tem as "atenções" altas, mas não quer "andar sempre a medir", porque se enerva. Ontem foi à Clínica.
- O Sr. Dr. fez o trabalho dele. Auscultou-me, fez uma análise à urina, ... e disse que era grave! Deu-me um antibiote para matar o visgo, um comprimido pequeno para tossir e uns pós para desfazer em água que eram para escarrar!
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Cenas dos próximos capítulos
- "Porque é que ele fez?"
- “Porque pôde!”
O problema surge quando, por uma qualquer circunstância, passa a “não poder”, e não consegue convencer da necessidade de uma conjuntura de momento.
A malta da pedofilia “teve azar” porque deixou de “poder”, pois, até então, podiam “na máxima segurança”.
O BPN, fruto do Chico-espertismo mais básico, só foi possível por elegermos repetidamente "gente que se mexe bem" no submundo onde os expedientes valem mais que as competências.
Agora os países do norte, que há anos assistem a este triste espectáculo, apertados por uma conjuntura internacional, decidem pôr ordem na nossa casa.
O problema não é de hoje e tem a ver com o imaginário colectivo.
Quando, há 500 anos, Lutero se rebelou contra a Igreja Romana (onde a artimanha era o dia a dia) e "libertou" os protestantes, eles inventarem uma sociedade mais responsável, enquanto a sul se continuou a viver de expedientes, facilitando a vida a arrivistas e sucedâneos.
O primeiro episódio, que está longe de terminar, tem por título – Reajustamento. O próximo, mais curto, - Enriquecimento ilícito. O terceiro, é o mais longo, tem o guião ainda em esboço e chama-se: -A fuga aos impostos.
Como sempre, quem estiver no poder não aparecerá (durante algum tempo) na fotografia. A plebe irá “safar-se”, e a classe média irá suportar "presunções" a que não conseguirá escapar.
- “Porque pôde!”
O problema surge quando, por uma qualquer circunstância, passa a “não poder”, e não consegue convencer da necessidade de uma conjuntura de momento.
A malta da pedofilia “teve azar” porque deixou de “poder”, pois, até então, podiam “na máxima segurança”.
O BPN, fruto do Chico-espertismo mais básico, só foi possível por elegermos repetidamente "gente que se mexe bem" no submundo onde os expedientes valem mais que as competências.
Agora os países do norte, que há anos assistem a este triste espectáculo, apertados por uma conjuntura internacional, decidem pôr ordem na nossa casa.
O problema não é de hoje e tem a ver com o imaginário colectivo.
Quando, há 500 anos, Lutero se rebelou contra a Igreja Romana (onde a artimanha era o dia a dia) e "libertou" os protestantes, eles inventarem uma sociedade mais responsável, enquanto a sul se continuou a viver de expedientes, facilitando a vida a arrivistas e sucedâneos.
O primeiro episódio, que está longe de terminar, tem por título – Reajustamento. O próximo, mais curto, - Enriquecimento ilícito. O terceiro, é o mais longo, tem o guião ainda em esboço e chama-se: -A fuga aos impostos.
Como sempre, quem estiver no poder não aparecerá (durante algum tempo) na fotografia. A plebe irá “safar-se”, e a classe média irá suportar "presunções" a que não conseguirá escapar.
quarta-feira, 16 de novembro de 2011
Estacionamento
Não tarda que no parque, um lugar seja uma felicidade.
Encosto-me ao da direita, calculando o espaço de uma porta, enquanto a "semi-jovem" que me segue no Mercedes, o coloca a dois metros do meu lado esquerdo, e sai desempoeirada atirando os cabelos e as malas para trás. Os afazeres devem ser muitos e há que dar corda às longas pernas que a curta saia avantaja.
Será médica, enfermeira, administrativa, auxiliar bem casada? ...
Usa o que tem à mão, sem se perder com minudências. Só não o pôs em segunda fila porque não foi necessário.
P'rá frente que se faz tarde, que a Mercedes não vende só a quem é capaz de se exprimir em duas línguas.
sábado, 12 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Conversas marginais
Se antes de casar era o que era, agora, que a mulher meteu baixa e “tem dias que nem sai da cama”, está pior.
Diz que ela anda no estomatologista por causa das mandíbulas, vai ao neurocirurgião por causa da coluna, ao ortopedista pelas dores nos ombros e joelhos e ao ginecologista porque queria ficar grávida e pelas dores de barriga. A ADSE facilita-lhe as andanças.
Entra e senta-se. Sempre distante, de poucas falas, com ar de quem não faz mal a uma mosca. Não falha às consultas e faz as análises pedidas mas, desde que chegou a hora do tratamento, nunca o cumpriu com regularidade.
O casamento, de há dois anos, ainda deu uma esperança, com as promessas do amor dela na doença e na morte, quando o acompanhava dengosa.
É a terceira vez que vem só, sempre desfocado, com o pensar perdido sabe-se lá em quê. A roupa, mais arrumada, é o único sinal da vida a dois.
-Sr. Domingos! As análises estão cada vez pior. Afinal como é que a sua mulher trata de si? Ela tem-lhe dado os medicamentos?
-Ela tem estado doente! Cozinha e passa-me as camisas! Eu, as mais das vezes, lavo-lhe a louça!
-E você não é capaz de tomar os remédios sozinho?
-Às vezes tomo, outras … não tomo!, diz, sem entender que joga com a vida, nem o esforço que a comunidade faz para o manter (o seu tratamento custa ~700€ /mês).
-Sr. Domingos! Não vale a pena este faz de conta. Não lhe vou passar mais medicamentos hospitalares! Está a entender?
Aumenta-lhe o pasmo, e diz:
-Também não precisa, porque eu ainda tenho alguns!
-Ainda tem alguns? Deve ter é muitos! Você não os toma!, exclamo incrédula com aquela resposta, mas ele não entende o meu desconforto e insiste, dando ênfase ao cabelo espetado e seco.
-Mas então? Levanto a receita que tenho lá em casa?!
-Mas levanta para quê, se não vai tomar?, contraponho, sem ajuizar que não vale a pena continuar a conversa.
- É que já tenho poucos comprimidos e ainda tenho uma receita por levantar!
- Se não os toma, deve lá ter a receita e os medicamentos!
- É que eu não os tomo, mas deito-os ao lixo. Não fico lá com eles!
…
Olho-o, como a medi-lo. Está mais gordo, mais bem vestido naquele pullover de lã castanha, por cima da camisa bem passada. Relembro os exames anteriores que excluem qualquer processo neurológico em evolução a justificar aquele estar, e digo-lhe, definitiva:
- Sr. Domingos! Vamos ficar assim! Eu não lhe passo mais medicação até que decida o que quer fazer da sua vida. Venha daqui a um mês e traga alguém consigo! E à saída, bata à porta em frente e fale com a assistente social. Está bem?
Pensares do Minho
-Então sr. Valentim como está?
-Pior não estou! Sr dr.!
São assim metade das respostas nas consultas, neste Minho muito dado às seriedades da vida.
"Graças a Deus muitas, graças com Deus poucas!" e outros repetidos ditos, são a água corrente destes pensares, onde o humor é oásis, e os sofrimentos o pão nosso de cada dia, de uma ruralidade que persiste entranhada nos que já vivem nas cidades.
Só o vinho os consegue libertar.
-Pior não estou! Sr dr.!
São assim metade das respostas nas consultas, neste Minho muito dado às seriedades da vida.
"Graças a Deus muitas, graças com Deus poucas!" e outros repetidos ditos, são a água corrente destes pensares, onde o humor é oásis, e os sofrimentos o pão nosso de cada dia, de uma ruralidade que persiste entranhada nos que já vivem nas cidades.
Só o vinho os consegue libertar.
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Intrusos
Assaltaram-no em casa, às 21:30h do passado dia 3. A mulher estava a trabalhar. Foi ao quarto da garota, fechar a persiana antes de a deitar. Espreitou para fora e viu o labrador a abanar a cauda virado para o muro, e um vulto agachado, como a controlar a entrada da cozinha onde a luz se mantinha acesa.
Deitou a mão ao puxador da porta, simulando que a ia abrir, e no segundo seguinte viu surgir do outro lado do vidro, um outro encapuçado, a pontapear a porta, para a escancarar.
Saltou a cama e gritou ao filho mais velho para ligar o 112. Lembrou-se do arpão de pesca submarina no armário do corredor e armou-o. Pegou no telefone e gritou: “Estou a ser assaltado! E estou com duas crianças!”, e assumiu posição, de arpão em punho.
“Um momento!”
Aguarda a transferência da chamada de secção em secção, até à Polícia da zona. Perguntam a morada e aconselham calma: “Terá que aguardar 1 hora, pois a única brigada disponível, foi acorrer a dois assaltos do outro lado do rio!”
Respondeu que arpoava o primeiro que lhe entrasse em casa. Ouviu conselho para não o fazer porque “isso tem um grave enquadramento legal e penal”. Pedem-lhe para não desligar e se acalmar!
Desligou. Esperou uns minutos. Rondou as janelas a certificar-se do desaparecimento dos intrusos.
A brigada GNR, de uma vila próxima, surge meia hora depois, para tomar conta da ocorrência.
Solução de um vizinho:
- Logo que dissessem aquele tempo de demora, desligavas o telefone e passados minutos voltavas a ligar 112 e informavas:
-"Eu sou o de há bocado! E era só para dizer, que escusam de ter pressa. Mas quando vierem, tragam também o INEM, porque um dos assaltantes já se encontra estendido na parte de trás do quintal, e é capaz de precisar de alguns cuidados!"
Em minutos tens a GNR e o INEM à porta!
Agora uma anedota:
Um grupo de psicólogos em viagem, encontra, na berma da estrada, um carro baleado com vários corpos ensanguentados no seu interior.
Diz um para o outro: “Temos de encontrar quem fez isto! Por certo precisa de ajuda!”
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
Emergências
As equipas em funcionamento nas Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação (VMER) compostas por um médico e um enfermeiro e as ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV) constituídas por um enfermeiro e um Técnico de Ambulância de Emergência (TAE) irão ser integradas nas equipas dos serviços de urgência das unidades de saúde em que estão instaladas.
O objectivo é a rentabilização dos recursos e a redução dos custos.
Esta é a Notícia. Depois, vêm as comadres e as verdades.
Um questiona se alguém integrado numa equipa de urgência, estará em condições para uma emergência no exterior às 4 horas da manhã e logo outro comenta equipes que pavoneiam “remansosamente” os uniformes, por esplanadas e cafés, enquanto se aborrecem entre gasosas e francesinhas. Ali disponibiliza-se o lugar e mais à frente fala-se do “pouco” custo do serviço, naqueles 3 minutos que se perdem e augura-se o fim da emergência médica pré-hospitalar em Portugal.
Outros só pensam ... e não dizem nada.!
domingo, 6 de novembro de 2011
Gostar
Tocaram à campaínha. Eram um casal num pequeno jeep. Ele a dizer que gosta de cães e que também tem um serra da estrela. Vieram a segui-lo e tocaram porque viram o portão escancarado. Iam na estrada e ladrou-lhes. Estranharam!
Eu, muito sério, ao vê-lo aproximar-se da porta: Já lá para dentro!
Ela sorria, justificando-o: São como crianças! Na estrada, o mais certo era ser atropelado!
Eram 23:00h.
Eu, muito sério, ao vê-lo aproximar-se da porta: Já lá para dentro!
Ela sorria, justificando-o: São como crianças! Na estrada, o mais certo era ser atropelado!
Eram 23:00h.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Clube de Leitura
Um encontro ocasional. O aceitar de um convite vago, e a surpresa de uma tertúlia com gente interessante.
O tema era Mário Cláudio e o seu último livro “Tiago Veiga”.
Na impossibilidade de ler aquelas 700 páginas, inicio-me no autor com o seu “Amadeo” Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores em 1984.
Uma hora bem passada. Um alertar para os ventos literários da actualidade, e não só.
No fim, “trabalho para casa” e a promessa de novos encontros.
Obrigado Isabel
O que eu penso sobre a escrita:
É bem mais fácil, com toda a dificuldade inerente, fazer com Garcia Marques “viver para contá-la”, ou ouvi-la de quem a viveu.
A escrita é um relato de experiências e a "invenção" de factos que sustenham o embate da dúvida inteligente, é uma quase impossibilidade.
São os cimentos (a trama) e a escolha da face e da sequência dos factos, que definem o autor. É nesta plasticidade que ele se move. Para quê inventar, se a realidade é uma cornocópia. Mas é necessário ter sensores.
Nem Cervantes inventou o D. Quixote!
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
terça-feira, 1 de novembro de 2011
A pior crise não é financeira
Carlos Costa Almeida, presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Carreira Hospitalar considera que “o SNS, as Carreiras Médicas e os Internatos constituem a maior e melhor realização dos governos pós-25 de Abril, e a mais duradoura, iniciada por um Governo e compreendida, mantida e desenvolvida pelos seguintes”.
Na Revista da Ordem dos Médicos, ano 27, nº122 Setembro /2011, escreve, num artigo de “Opinião” com o título: “A pior crise não é financeira”:
Incomoda-me ver como se pretende agora estender os erros cometidos por quem governa, aqui e por essa Europa comunitária fora, aos respectivos povos, incluindo o nosso, quando estes se limitaram a viver conforme as condições que lhes eram proporcionadas. Procura-se criar uma espécie de remorso colectivo, um sentimento de culpa, perfeitamente despropositado e sem razão de ser, que pretende apenas desviar as atenções de quem tem realmente toda a culpa.
É lamentável tentar demonstrar que a crise financeira que se estabeleceu no nosso país deriva de os portugueses terem vivido razoavelmente bem durante umas duas dezenas de anos, em casas bem cuidadas e com bom aspecto, boas estradas, uma educação aceitável e uma Saúde das melhores da Europa e do Mundo. Falar sequer nisso é uma falácia completa, e que, não inocente, pretende apenas louvar e perpetuar a situação agora criada, cá e internacionalmente que corre manifestamente a favor de alguns poucos e, portanto, em desfavor da maioria, e classificar Portugal como um país que só pode existir no terceiro mundo. E não o é seguramente.
A verdade indesmentível é que o SNS, como serviço do Estado aos seus cidadãos, foi criado e funcionou bem com um gasto mínimo durante três dezenas de anos. E digo mínimo porque, embora consumisse cerca de 10% do PIB (dentro da média dos países da Europa da CEE), era o que em valor absoluto gastava menos, muito abaixo dos outros. E com uma qualidade muito próxima da dos melhores. Mas há uma meia dúzia de anos, um ministro resolveu que havia de modificar tudo isso, e modificou. A desculpa apresentada foi a sustentabilidade económica – segundo ele, em perigo. Acontece que, contrariamente às intenções anunciadas, passado este tempo, a despesa com a Saúde é cada vez maior. E a qualidade deteriorou-se, e agrava-se a cada momento que passa, desorganizou-se a estrutura hospitalar, com uma desierarquização que limita o desempenho das equipas, lhe baixa o nível e o torna por isso mais caro, para além de emperrar inevitavelmente a formação, actual e, sobretudo, futura. Isto paralelamente a ser tornado crescentemente mais difícil o acesso dos doentes aos cuidados de saúde. Mas detenhamo-nos por um momento nas condições hospitalares que ajudam a explicar todos estes factos.
A empresarialização dos hospitais, inventada e posta em execução pelo ministro Correia de Campos, levou de imediato à desvalorização das carreiras médicas, na prática à sua destruição, pese embora os concursos que vai havendo para os resistentes. Concursos sem qualquer repercussão prática, uma vez que os lugares de chefia – que devem forçosamente ser também de orientação técnica e direcção científica – têm sido entregues a quem calha, por razões não ligadas aos conhecimentos médicos, provas dadas, capacidade profissional, e só por acaso estão atribuídos a quem deveriam estar.
Este desprezo administrativo pela competência profissional dos médicos vai ao ponto de se contratarem recém-especialistas pelo dobro ou triplo do ordenado dos que estão no topo da carreira, mesmo que alguns destes estejam encarregados dos respectivos Serviços. Quer dizer, os responsáveis ganham metade ou um terço do que os mais jovens, que eles próprios ajudaram a formar, ganham. Para além disso, a dita empresarialização permitiu que alguns médicos, por razões obscuras (para dizer o menos), saíssem das carreiras e fizessem um contrato individual de trabalho, no mesmo hospital e para as mesmas funções, por valores milionários, quando outros permaneciam nas condições monetárias anteriores.
A desestruturação dos hospitais, entregues aos serviços administrativos, permitiu a destruição de Serviços e a contratação e subcontratação “ah hoc” de profissionais, à tarefa ou à peça, com “objectivos de produção”, sem qualquer interesse ou proveito na formação e na actividade científica, estas fundamentais nos hospitais enquanto escolas médicas profissionais e manutenção de bons profissionais.
É evidente que todas estas aberrações, em muitos casos exemplo de má gestão e prepotência, senão nepotismo e favorecimento pessoal (termos caros para “amiguismo”), não poderiam dar bom, resultado. E não deram, e a situação de catástrofe que se vive actualmente na Saúde, a ser afastada dos doentes, com um défice financeiro monumental e rapidamente crescente, e uma qualidade cada vez mais periclitante, a elas se deve em grande medida. Para além do despesismo administrativo, com a miríade de administradores que invadiram os hospitais e com os gastos sumptuários correspondentes em invenções informático-administrativo-electrónicas, muito interessantes e modernas com certeza, mas que sobejam a quem, com pouco dinheiro disponível, só queria tratar doentes.
Não sei se a reforma implementada na Saúde visava estes maus resultados, mas revê-os. Não há como negá-lo, temos sim que corrigir, na medida do possível.
Já vem do governo anterior uma tímida intenção de modificar o que está mal na organização dos hospitais, mas condenada por certo ao fracasso quando se encarregam da reconstrução os responsáveis pela destruição. E eles aceitam. Mais uma vez deixam-se os críticos, que ainda por cima mostraram terem razão, completamente fora do processo.
Como se vê a crise na Saúde não deriva da crise financeira, é-lhe anterior em meia dúzia de anos e é muito pior, mais profunda e delicada. Há que procurar resolvê-la, e creio que é possível fazê-lo, mesmo com as dificuldades económicas agora acrescidas, sem tratar mal os doentes ou exclui-los do tratamento, e respeitando os profissionais, o que implica remunerá-los adequadamente e dar-lhes as condições de trabalho e de formação contínua necessárias. Não é uma questão de mais ou menos dinheiro, será uma questão de sistema, de organização, privilegiando e responsabilizando, nas instituições que tratam doentes, precisamente quem trata os doentes.
Na Revista da Ordem dos Médicos, ano 27, nº122 Setembro /2011, escreve, num artigo de “Opinião” com o título: “A pior crise não é financeira”:
Incomoda-me ver como se pretende agora estender os erros cometidos por quem governa, aqui e por essa Europa comunitária fora, aos respectivos povos, incluindo o nosso, quando estes se limitaram a viver conforme as condições que lhes eram proporcionadas. Procura-se criar uma espécie de remorso colectivo, um sentimento de culpa, perfeitamente despropositado e sem razão de ser, que pretende apenas desviar as atenções de quem tem realmente toda a culpa.
É lamentável tentar demonstrar que a crise financeira que se estabeleceu no nosso país deriva de os portugueses terem vivido razoavelmente bem durante umas duas dezenas de anos, em casas bem cuidadas e com bom aspecto, boas estradas, uma educação aceitável e uma Saúde das melhores da Europa e do Mundo. Falar sequer nisso é uma falácia completa, e que, não inocente, pretende apenas louvar e perpetuar a situação agora criada, cá e internacionalmente que corre manifestamente a favor de alguns poucos e, portanto, em desfavor da maioria, e classificar Portugal como um país que só pode existir no terceiro mundo. E não o é seguramente.
A verdade indesmentível é que o SNS, como serviço do Estado aos seus cidadãos, foi criado e funcionou bem com um gasto mínimo durante três dezenas de anos. E digo mínimo porque, embora consumisse cerca de 10% do PIB (dentro da média dos países da Europa da CEE), era o que em valor absoluto gastava menos, muito abaixo dos outros. E com uma qualidade muito próxima da dos melhores. Mas há uma meia dúzia de anos, um ministro resolveu que havia de modificar tudo isso, e modificou. A desculpa apresentada foi a sustentabilidade económica – segundo ele, em perigo. Acontece que, contrariamente às intenções anunciadas, passado este tempo, a despesa com a Saúde é cada vez maior. E a qualidade deteriorou-se, e agrava-se a cada momento que passa, desorganizou-se a estrutura hospitalar, com uma desierarquização que limita o desempenho das equipas, lhe baixa o nível e o torna por isso mais caro, para além de emperrar inevitavelmente a formação, actual e, sobretudo, futura. Isto paralelamente a ser tornado crescentemente mais difícil o acesso dos doentes aos cuidados de saúde. Mas detenhamo-nos por um momento nas condições hospitalares que ajudam a explicar todos estes factos.
A empresarialização dos hospitais, inventada e posta em execução pelo ministro Correia de Campos, levou de imediato à desvalorização das carreiras médicas, na prática à sua destruição, pese embora os concursos que vai havendo para os resistentes. Concursos sem qualquer repercussão prática, uma vez que os lugares de chefia – que devem forçosamente ser também de orientação técnica e direcção científica – têm sido entregues a quem calha, por razões não ligadas aos conhecimentos médicos, provas dadas, capacidade profissional, e só por acaso estão atribuídos a quem deveriam estar.
Este desprezo administrativo pela competência profissional dos médicos vai ao ponto de se contratarem recém-especialistas pelo dobro ou triplo do ordenado dos que estão no topo da carreira, mesmo que alguns destes estejam encarregados dos respectivos Serviços. Quer dizer, os responsáveis ganham metade ou um terço do que os mais jovens, que eles próprios ajudaram a formar, ganham. Para além disso, a dita empresarialização permitiu que alguns médicos, por razões obscuras (para dizer o menos), saíssem das carreiras e fizessem um contrato individual de trabalho, no mesmo hospital e para as mesmas funções, por valores milionários, quando outros permaneciam nas condições monetárias anteriores.
A desestruturação dos hospitais, entregues aos serviços administrativos, permitiu a destruição de Serviços e a contratação e subcontratação “ah hoc” de profissionais, à tarefa ou à peça, com “objectivos de produção”, sem qualquer interesse ou proveito na formação e na actividade científica, estas fundamentais nos hospitais enquanto escolas médicas profissionais e manutenção de bons profissionais.
É evidente que todas estas aberrações, em muitos casos exemplo de má gestão e prepotência, senão nepotismo e favorecimento pessoal (termos caros para “amiguismo”), não poderiam dar bom, resultado. E não deram, e a situação de catástrofe que se vive actualmente na Saúde, a ser afastada dos doentes, com um défice financeiro monumental e rapidamente crescente, e uma qualidade cada vez mais periclitante, a elas se deve em grande medida. Para além do despesismo administrativo, com a miríade de administradores que invadiram os hospitais e com os gastos sumptuários correspondentes em invenções informático-administrativo-electrónicas, muito interessantes e modernas com certeza, mas que sobejam a quem, com pouco dinheiro disponível, só queria tratar doentes.
Não sei se a reforma implementada na Saúde visava estes maus resultados, mas revê-os. Não há como negá-lo, temos sim que corrigir, na medida do possível.
Já vem do governo anterior uma tímida intenção de modificar o que está mal na organização dos hospitais, mas condenada por certo ao fracasso quando se encarregam da reconstrução os responsáveis pela destruição. E eles aceitam. Mais uma vez deixam-se os críticos, que ainda por cima mostraram terem razão, completamente fora do processo.
Como se vê a crise na Saúde não deriva da crise financeira, é-lhe anterior em meia dúzia de anos e é muito pior, mais profunda e delicada. Há que procurar resolvê-la, e creio que é possível fazê-lo, mesmo com as dificuldades económicas agora acrescidas, sem tratar mal os doentes ou exclui-los do tratamento, e respeitando os profissionais, o que implica remunerá-los adequadamente e dar-lhes as condições de trabalho e de formação contínua necessárias. Não é uma questão de mais ou menos dinheiro, será uma questão de sistema, de organização, privilegiando e responsabilizando, nas instituições que tratam doentes, precisamente quem trata os doentes.
... e eu só acrescento ao terceiro parágrafo, "aqueles que se afastaram, por não se quererem ver embrulhados em indignidades"
domingo, 30 de outubro de 2011
Carta aberta a Muammar Abu Minyar al-Gaddafi
Caro Kadafi:
Eu sei que estás bem. Morreste como um mártir, de acordo com o teu desejo, e, por isso, estás rodeado pelas vinte houris “da ordem”. Os teus 69 anos não devem constituir obstáculo, pois Allah já te deve ter providenciado uma boa dose Cialis.
Passaste o crivo dos santos, por os comuns os não entenderem, mas agora o céu é teu e tudo acabou em bem.
Se não gritasses tantos “Allahu Akbar” e tivesses fugido para Portugal com algum dinheiro, tinhas-te safado. Claro que havia que pagar aos advogados e provavelmente saías depenado. Mas estavas vivo e … gordo!
Tinhas muito por onde escolher. Em Oeiras podias aprender imenso. Em Lisboa falavas com o Carlos Cruz ou esperavas pelo regresso do Vale de Azevedo e, até em Felgueiras asseguro-te que não te ias dar mal. Como gostas de armas, podias entender-te bem com o Duarte Lima. Vocês devem ter muito em comum para terem andado à volta da SLN e do BPN !
Tinhas de ser persistente para atulhares os tribunais com sucessivos recursos e aguardar que, aos poucos, fossem prescrevendo todos os crimes de que te acusassem. C’um caraças! Tinhas amigos cá! E dinheiro! E essa malta que te apontou o dedo, “revia a posição” com umas notas no bolso, principalmente se fossem da política. O Sá de Miranda (1481 – 1558) já numa Carta a D. João III nos definia: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é!», e a cousa mantém-se. Temos exemplos a toda a hora.
Fizeste mal em não ter vindo. Nós dávamos-te a barraca, mandávamos-te uma chanfana à tenda, púnhamos um “comentador” a falar na TV, e rapidamente te reabilitávamos. Nem tinhas que explicar de onde te tinha vindo a massa. Com sorte até te arranjávamos uma comenda e uma “subvenção vitalícia” igual à do Melancia, e se te tivesses de disfarçar, punhas uns tapetes ao ombro e ias por essas aldeias bater de porta em porta, que ninguém te perguntava nada. Sabes, nós não somos dados a denúncias para não sermos classificados de “bufos”.
“Allahu Akbar”, e tu deves andar remoçado, por esse paraíso fora, tu cá tu lá com os outros mártires, a beber chá de menta, a contar histórias ao pôr-do-sol e à noite … pimba!
Eu não tenho vocação para mártir, mas tenho-me portado bem e espero ter aí, quando chegar a minha hora, um trono onde, vestido de seda e adornado de braceletes de ouro e pérolas, comerei tâmaras e romãs e desposarei donzelas com grandes olhos brilhantes.
Se puderes, manda notícias, que eu por cá vou vivendo como posso.
Até um dia! Fica bem!
Eu sei que estás bem. Morreste como um mártir, de acordo com o teu desejo, e, por isso, estás rodeado pelas vinte houris “da ordem”. Os teus 69 anos não devem constituir obstáculo, pois Allah já te deve ter providenciado uma boa dose Cialis.
Passaste o crivo dos santos, por os comuns os não entenderem, mas agora o céu é teu e tudo acabou em bem.
Se não gritasses tantos “Allahu Akbar” e tivesses fugido para Portugal com algum dinheiro, tinhas-te safado. Claro que havia que pagar aos advogados e provavelmente saías depenado. Mas estavas vivo e … gordo!
Tinhas muito por onde escolher. Em Oeiras podias aprender imenso. Em Lisboa falavas com o Carlos Cruz ou esperavas pelo regresso do Vale de Azevedo e, até em Felgueiras asseguro-te que não te ias dar mal. Como gostas de armas, podias entender-te bem com o Duarte Lima. Vocês devem ter muito em comum para terem andado à volta da SLN e do BPN !
Tinhas de ser persistente para atulhares os tribunais com sucessivos recursos e aguardar que, aos poucos, fossem prescrevendo todos os crimes de que te acusassem. C’um caraças! Tinhas amigos cá! E dinheiro! E essa malta que te apontou o dedo, “revia a posição” com umas notas no bolso, principalmente se fossem da política. O Sá de Miranda (1481 – 1558) já numa Carta a D. João III nos definia: «Homem de um só parecer, / dum só rosto e d'ua fé, / d'antes quebrar que volver / outra cousa pode ser, mas da corte homem não é!», e a cousa mantém-se. Temos exemplos a toda a hora.
Fizeste mal em não ter vindo. Nós dávamos-te a barraca, mandávamos-te uma chanfana à tenda, púnhamos um “comentador” a falar na TV, e rapidamente te reabilitávamos. Nem tinhas que explicar de onde te tinha vindo a massa. Com sorte até te arranjávamos uma comenda e uma “subvenção vitalícia” igual à do Melancia, e se te tivesses de disfarçar, punhas uns tapetes ao ombro e ias por essas aldeias bater de porta em porta, que ninguém te perguntava nada. Sabes, nós não somos dados a denúncias para não sermos classificados de “bufos”.
“Allahu Akbar”, e tu deves andar remoçado, por esse paraíso fora, tu cá tu lá com os outros mártires, a beber chá de menta, a contar histórias ao pôr-do-sol e à noite … pimba!
Eu não tenho vocação para mártir, mas tenho-me portado bem e espero ter aí, quando chegar a minha hora, um trono onde, vestido de seda e adornado de braceletes de ouro e pérolas, comerei tâmaras e romãs e desposarei donzelas com grandes olhos brilhantes.
Se puderes, manda notícias, que eu por cá vou vivendo como posso.
Até um dia! Fica bem!
P.S. (1/11/2011): Desculpa ter-te falado no Duarte Lima como solução, já que ele deve andar a pensar em fazer hara kiri e sem paciência para te aturar!
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Habituem-se!
Um dia um paisano decide fazer um fato, por medida, para um casamento.
Quando, no dia anterior, o vai buscar e o prova, constata que uma aba do casaco está quase dez centímetros abaixo da outra.
Espantado, chama a atenção ao alfaiate.
- “A estas horas, não lhe posso corrigir esse defeito!” responde-lhe este, peremptório, e continua: - “Mas repare, que se o senhor levantar o ombro desse lado o casaco fica direito!
O pobre adopta a posição, certifica-se que o fato fica certo, mas no minuto seguinte surpreende-se com as mangas tortas e o vinco das calças desalinhado.
O alfaiate, não se desmancha e propõe-lhe nova solução:
-“Repare que se atirar o cotovelo para fora e torcer a mão, a manga fica certa, e se meter o pé direito todo para dentro, não se vê uma ruga na calça!”, enquanto lhe mostra o espelho de esguelha e lhe facilita o arranjo para depois do evento.
O desgraçado, contrafeito, face à eminência de não poder ir ao casório, aceita.
…
No dia do casamento, depois de algum ensaio domiciliário, vai o homem pela rua em direcção à igreja, quando passa por um grupo de designers de moda que comenta entre si:
- “Ainda há quem diga mal dos alfaiates! Olha ali aquele fulano do lado de lá do passeio. Tão tortinho e com um fato que lhe assenta que nem uma luva!”
É assim a vida nos tempos de hoje, a entortarmo-nos cada vez mais para caber no sistema, que dá clara vantagem aos batoteiros.
Os três últimos anos da “era Sócrates” foram um fartar vilanagem para o oportunismo. Se até então poucos obstáculos havia para a progressão da mediocridade, a partir daí qualquer “bicho careto” “trepou” despudoradamente.
Não se espante pois o leitor, se algum “profissional credenciado” lhe propuser que se “torça” para que ele possa continuar a exercer o seu mister.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
O Ser e o Ter
Ser:
"Em qualquer grupo organizado de mamíferos, independentemente do grau de cooperação, existe sempre luta pela dominação social. No decurso dessa luta, cada indivíduo adulto alcança uma determinada categoria, que lhe confere a sua posição, ou "status", na hierarquia do grupo."
Desmond Morris in "O Zoo Humano"de 1969, capítulo II
Não ofende o Ter que é consequência do Ser (desde que ele cumpra as virtudes), mas dá náusea que, por narcisismo, se tente convencer os outros de que por se Ter se É.
To be or not to be! That's the question!
William Shakespeare - Hamlet (~1600), Act III, Scene 1.
"Em qualquer grupo organizado de mamíferos, independentemente do grau de cooperação, existe sempre luta pela dominação social. No decurso dessa luta, cada indivíduo adulto alcança uma determinada categoria, que lhe confere a sua posição, ou "status", na hierarquia do grupo."
Desmond Morris in "O Zoo Humano"de 1969, capítulo II
Não ofende o Ter que é consequência do Ser (desde que ele cumpra as virtudes), mas dá náusea que, por narcisismo, se tente convencer os outros de que por se Ter se É.
To be or not to be! That's the question!
William Shakespeare - Hamlet (~1600), Act III, Scene 1.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
domingo, 23 de outubro de 2011
Chuva
-“Ninguém rega como Deus Nosso Senhor!”, disse a mulher, na fila do pão, neste Outono que tardava.
Logo de manhã, o vento começara a anunciar chuva, levantando nuvens de pó na veiga seca, sem memória por estas bandas.
Chegou ao meio-dia. Primeiro a medo, depois mais segura, para alegria das hortas e leiras destes povoados.
São os ciclos a funcionar, para que haja renovação e nova vida!
Tão bonito o seu barulho nas vidraças e a dança das árvores lá ao fundo, penteadas pelo vento.
Estás a ouvir?
sexta-feira, 21 de outubro de 2011
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
1ª Carta a Vitor Gaspar
Caro Vitor:
Nem sei que te diga, pois se eu tivesse que resolver os problemas que tu tens nos braços, fazia o mesmo ... ou pior. Mas o que estás a fazer, não está certo!
Eu sou funcionário público, dos muitos que sempre trabalharam e se envolveram em soluções, e que crêem ter prestado serviços acima da média dos privados. Daqueles que se podiam "ter safado" e não o fizeram e tu viras-te também contra quem recusou a trapalhice da desorganização e/ou cobiça de muitos dos nossos governantes, com a mesma cara fechada com que pensas nos "outros".
Até parece que não sabes que muitos dos que se dizem "privados", vivem há longos anos a sugar a teta de um Estado desgovernado.
Deixa passar o Kadafi e vais ver alguém acorrentado a umas quaisquer grades, com a Comunicação Social em directo a falar em greves de fome. Espera meio ano e vais ver o buliço nos corredores de S. Bento!
Sabes que me apetecia mandar-te "chatear o Camões", mas como ainda estou à espera de alguma ordem na casa, vou ouvindo o teu falar.
Mas não esqueças que eu estou à espera!
Fernando
terça-feira, 18 de outubro de 2011
O "casão"
- Está! ... Joaquim? Sou eu ... preciso da tua ajuda.
- Olá! Então como está tudo por aí?
...
- Estou a ligar-te porque tenho aqui um caso interessantíssimo. Um doente daqueles que só aparece uma vez na vida!
- Estou a ver! Vai ser uma doença grave e sem solução!
- Muito provavelmente! Mas tenho de confirmar o diagnóstico e é aí que tu entras. Depois se não houver cura, o homem vai sempre necessitar de apoio!
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Contratos leoninos
... e para quando a revisão dos "leoninos" Contratos Individuais de Trabalho, que as EPE fizeram com aquela dúzia e meia que se encostou?
Adenda de 26/10/2011:
http://www.google.com/hostednews/epa/article/ALeqM5gIKK_YYlvfRg6zHNMr82Nr_0TjBA?docId=13260811
...e eu proponho-me já para criar um outro intitulado "Movimento de Médicos sem CIT"
domingo, 16 de outubro de 2011
Festa
São assim as festas. Uma sintonia do estar, sem mais pretensões que a procura da felicidade de uns nos outros.
O meu obrigado ao homem das fêveras e às mulheres dos bolos, das entradas e dos vinhos e aos seus pares, por me darem a honra da sua visita!
Bem hajam!
Para o ano há mais, mas melhor! Está prometido!
O meu obrigado ao homem das fêveras e às mulheres dos bolos, das entradas e dos vinhos e aos seus pares, por me darem a honra da sua visita!
Bem hajam!
Para o ano há mais, mas melhor! Está prometido!