Hoje é dia de S. João no Porto e em Braga. Era inicialmente uma festa pagã, associada à fertilidade e à alegria das colheitas, centrada no solstício de Junho e que, à semelhança do que sucedeu com o Entrudo, a Igreja cristianizou atribuindo-lhe o nascimento de S. João Baptista.
João, filho do sacerdote
Zacarias e
Isabel, prima de
Maria, pregava a purificação pelo baptismo. Tinha 25 a 30 discípulos e baptizava judeus e gentios arrependidos. Foi preso por alegadamente liderar uma revolução. Foi decapitado aos 24 anos, a pedido de
Salomé, neta de
Herodes, o Grande, por alegadamente a ter difamado.
É santo protector contra as doenças infantis, da amizade, das modistas e dos antiquários e santo padroeiro do Porto, Braga em Portugal e de Camaquã e Macaé no Brasil, de Florença em Itália, ... para além de múltiplas paróquias da "latinidade" e também da Maçonaria.
Pensamento:
Se quisermos memorizar eficientemente um facto ou um conceito, temos de o incluir numa pequena história. É este o fundamento da Bíblia para dar os princípios prevalentes nas sociedades judaico-cristãs. Como essas histórias têm milhares de anos e se reportam a um estar que já não existe, os exegetas tentam dar-lhes sentido.
Algumas, só são aceites por “tradição”, como a de Job, onde Deus numa “aposta” com o Diabo, lhe permite a destruição do seu património, família e saúde, para pôr à prova a sua fé, para depois desta confirmada, lhe dar novas mulheres, filhos, gado e outros bens, tudo incluído no mesmo "pacote".
A igreja católica, para além da Bíblia, utiliza também os “Santos”, para controlar as crenças pagãs, que tendem a desviar-se do núcleo bíblico, orientando-as para “comportamentos úteis”.
A religião romana, à semelhança das grega, persa e egípcia da Antiguidade, era politeísta. Os seus deuses tinham formas e carácter humano, o que lhes possibilitou adoptar o culto a deuses dos povos com que estabeleciam contacto, quando eles possuíam poderes inexistentes no seu "cardápio" religioso. O culto público era organizado pelo Estado através de funcionários públicos, sendo o maior deles o Sumo Pontífice.
Quando Constatino (272 -337), em 313, publicou o Édito de Milão, foi concedida liberdade para todas as religiões no Império Romano e terminou a perseguição aos cristãos. Mais tarde, à boa maneira romana, assumiu o papel de Sumo Pontífice, responsável pelos deuses e pela saúde espiritual dos súbditos e, como Jesus não deixara nada escrito e a transmissão oral levara a múltiplas interpretações e cultos em igrejas locais independentes, em 325, patrocinou generosamente o Primeiro Concílio de Niceia, para estabelecer as bases da ortodoxia cristã, a serem aplicadas em todo o Império, criando assim os hereges para questionar essas “verdades”.
O culto dos Santos padroeiros, surgiu naturalmente, num povo habituado a uma multitude de deuses menores, cada um com a função de defender um aspecto da vida ou de uma comunidade, dependendo mais da "fėzada" de quem o invoca de que da sua actividade em vida.