sábado, 3 de março de 2012

José Pacheco Pereira






Roubado ao ABRUPTO. O sublinhado é meu!

1. “VIVEMOS ACIMA DAS NOSSAS POSSES” – A frase podia ser dita com utilidade no passado, há um ano atrás. Como acontece com muitas frases certeiras do passado, ditas “por oposição”, “contra” o despesismo, tinham então todo o sentido. Hoje, as mesmas palavras servem para outro tipo de usos. A frase está envenenada pelo seu uso moralista, pelo seu uso como justificação e legitimação para todo o “ajustamento”.
As medidas de austeridade eram bem mais aceitáveis se não viessem coladas a lições de moral. Ao dar ao “vivemos acima das nossas posses” um significado de culpabilização, o alvo muda. Deixa de ser os governantes e políticos, para passar a ser as pessoas comuns. As jovens famílias que se endividaram para comprar casa no início da vida estavam a fazer uma opção racional sólida, visto que o bloqueio legislativo da lei das rendas fazia com que não houvesse mercado de arrendamento. E acaso esperariam que um funcionário que recebia 10, se oferecesse para só aceitar 5? E para quê poupar quando era mais barato gastar? Digam-me qual a sociedade em que alguém racionalmente faz outras opções para a sua vida, que eu gostava de conhecê-la. É para quem tinha poder e decidiu, em tempos de abundância, ser gastador e imprevidente, é a esses que a frase devia ser dirigida, porque para eles, racionalmente, as decisões deviam ter sido outras. Por isso, a frase hoje destina-se a culpar todos, para depois penalizar apenas alguns. As excepções só confirmam a regra.

...
E eu que ando a dizer isto há mais de 3 anos!...
Mas não são só os "Políticos" que cabem neste saco.
Há também as EPEs, dirigidas por vaidosos que se endividaram e que não cuidaram em conter gastos, quando já se estava a ver para onde a coisa ia.
E esses ... ainda por cá andam ... a dirigir!

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