Embora veja alguns jogos na TV, não penso vê-los ao vivo,
pelo temor que tenho por ajuntamentos de “adeptos”, sejam eles de clubes de
futebol ou de facções políticas ou religiosas. Antevejo-lhes comportamentos imprevisíveis,
significativamente diferentes do que cada elemento tomaria. Há anos que entendo o
enxame como um animal “disperso” e desvalorizo as abelhas.
Custa-me admitir que 25 pessoas a correr atrás de uma bola,
num rectângulo de 90 metros de largura por 120 de comprimento, possam levar um
cidadão civilizado a comportamentos marginais, ao ponto de pôr em risco a vida
de centenas de pessoas e que para o evitar seja necessário mobilizar grandes recursos públicos.
Os recentes casos de Guimarães e Lisboa, associados à
vitória do Benfica no Campeonato, dão que pensar, principalmente quando a
política e o futebol andam tão associados como neste país autoproclamado
do primeiro mundo.
Mas o mais triste é ver a comunicação social triturar (e o
Marques Mendes, do alto da sua cátedra, apelidar de “brutamontes”), um desgraçado
de um polícia que se descontrolou, depois de muitas horas a fio a conter esse animal feroz. Oh Mendes! Gostava de ver ali o teu “31 de boca”!
Eu reconheço que, quando me puseram em situações que excediam
larga e demoradamente a minha capacidade e recursos, nem sempre optei pelas
melhores soluções e que feri quem não merecia, só porque estava ali no minuto
errado.
Por isso, mesmo sem conhecer o
dito polícia e sem saber o despertou aquela ira desmesurada, considero a
bastonada um “efeito lateral” e, como não houve mortos nem
feridos graves, proponho a resolução do caso com um simples pedido de desculpas, seguidos de um copo de verde a acompanhar uma broa
com chouriço de S. Lourenço da Montaria, tomados ao balcão de qualquer tasca da região, já que essa coisa dos inquéritos, processos e tretas só nos vai mostrar gente em bicos de pés, que não irá actuar sobre a essência do problema, que está na alienação pelo futebol - o tal "pão e circo" - política dos antigos romanos, que previa o provimento de comida e diversão ao povo, com o objetivo de diminuir a sua insatisfação com os governantes.