segunda-feira, 2 de maio de 2016

Economia na Saúde




A Europa vive tempos de incerteza. Um vento de multinacionais entra em negócios tradicionalmente nas mãos de pequenas empresas, oferecendo serviços e bens a menor custo para o consumidor, à custa da precariedade do trabalho, do esmagar dos preços à produção e dos salários dos trabalhadores. É também esta a lógica dos “investidores em Saúde”.

Os políticos têm dificuldade em integrar o exponencial desenvolvimento tecnológico dos últimos anos e, no caso da Saúde, deixam-se levar na lógica dos preços baixos por acto, sem analisarem a sua necessidade e qualidade e, em pouco tempo, vêem-se avassalados com custos crescentes a que o Serviço Nacional de Saúde não consegue dar resposta.

Subrepticiamente, grandes empresas foram tomando conta dos consultórios médicos e das pequenas clínicas, retirando os médicos da tradicional profissão liberal, a troco de uma organização mais ágil na resposta às necessidades de um “mercado” definido pelas expectativas da população.

Ora são as expectativas artificialmente criadas e que são uma das principais áreas de negócio para muitos dos “Privados”, que um Estado responsável tem de conter, para que o orçamento da Saúde seja comportável, pois, neste negócio não há limites para quem queira consumir.

As “guidelines” internacionais e as Normas de Orientação Clínica (NOCs) da Direcção Geral de Saúde, não impedem que se abuse de Meios Auxiliares de Diagnóstico e Tratamento, numa prática que tem sido apelidada de “Medicina Defensiva”, mas que também pode ser interpretada como atitude de “shotgun”, quando se ultrapassa a capacidade de diagnóstico.

Mas, se o fenómeno existe no Público e no "Privado", neste, o controle dos excessos, não só é mais deficitário, como, nalguns casos, inexistente, numa política de minimizar o doente para maximalizar o negócio.

Acresce que a Saúde, nos últimos vinte anos, para além dos tradicionais médicos, enfermeiros e auxiliares, alargou a tipologia dos seus funcionários a “conselheiros políticos, economistas, gestores, psicólogos, dietistas, nutricionistas, assistentes sociais, podologistas … pois, todos eles contribuem para o "bem-estar físico, psíquico e social dos indivíduos".

Ao enorme aumento da população mundial (quadruplicou no último século), os regimes comunistas responderam com um plano centralizado e falharam. Os regimes capitalistas deixaram “funcionar os mercados”, sem repararem que, se a área de negócio é interessante (e a Saúde é uma das mais importantes, no Ocidente, onde se projecta quem em 2030 mais de 50% da sua população tenha mais de 50 anos), a tendência é para a formação de grandes grupos económicos para a sua exploração.

Se a concentração termina em três “players” (como agora se diz), de modo a que da sua concorrência, resultem preços baixos apelativos para a população, os políticos de pacotilha, sorriem.

Três é a sua fórmula mágica, seja nos Hipermercados, nas Telecomunicações, nos Bancos, nos Seguros de Saúde, nas Análises Clínicas ou na Hemodiálise.

É-lhes mais cómodo assim. Sabem com quem devem falar, mesmo que os investidores sejam chineses ou sediados em offshores de origem incerta.

1 comentário:

pantocrator disse...

Oh meu capitão! Há também um outro Player que quasi ninguém fala que é o lobi mafioso dos cangalheiros, crematórios e adereços fúnebres que também é subsidiado pelo estado deste eucaliptal á beira mar plantado, pois se a população quadruplicou o mesmo acontece com as defunções e altas hospitalares e celestiais, verbas que não são despiciendas.