Os líquenes são os organismos visíveis mais resistentes do planeta mas são dos menos ambiciosos. Dão-se por felizes a crescer num cemitério soalheiro, mas dão-se melhor ainda em ambientes onde nenhum outro organismo se instalaria – nos cumes ventosos das montanhas e nas regiões árticas desertas, onde há apenas rocha, chuva e frio, e quase nenhuma concorrência. Em áreas da Antártida, onde praticamente não cresce mais nada, encontram-se vastas extensões de líquenes – 400 tipos diferentes - dedicadamente agarrados a tudo o que seja rocha acoitada pelo vento. Durante muito tempo não se compreendeu como crescem sobre as rochas nuas, sem qualquer sinal de nutrição ou produção de sementes.
São uma sociedade entre fungos e algas. Os fungos excretam ácidos que dissolvem a superfície da pedra, libertando minerais que as algas convertem em nutrientes em quantidade suficiente para alimentar ambos. Existem mais de 20 mil variedades de líquenes.
Como a maior parte das coisas que vivem em ambientes hostis, os líquenes crescem devagar. Pode demorar meio século para que um líquen atinja as dimensões de um botão de camisa. Os que são do tamanho de um prato, escreve David Attenborough, são, portanto, capazes de ter centenas, senão milhares de anos de idade.
Seria difícil imaginar uma vida menos interessante.
Limitam-se a existir.
In "Breve História de quase Tudo" de Bill Bryson