terça-feira, 5 de setembro de 2023

Influencers



Os "influencers" são os “ponta de lança” da Sociedade do Consumo, a nova religião das sociedades “ocidentalizadas” e, como é o supérfluo que dá trabalho e felicidade à maioria da população, são as futilidades que dominam as suas curtas apresentações.

Noutro tempo, quando os bens de consumo eram escassos, esse espaço esteve dominado pelo “misticismo”, os seus “influencers” vendiam múltiplas versões do sobrenatural, ocupando as mentes e orientando as atitudes dos grupos a que tinham acesso.

O Império Romano nunca impôs os seus deuses aos povos conquistados. Os deuses dos outros eram “mais uns”. Quando muito procuravam analogia com os seus e todos conviviam, com a excepção dos Judeus, que sempre se consideraram o Povo Eleito, reivindicam a posse exclusiva do conhecimento divino e consideram ímpias e idólatras todas as outras formas de culto.

Aos deuses de Roma e dos restantes povos era pedido que olhassem pelo dia a dia e ajudassem nos negócios, na doença e na guerra, enquanto os “influencers” dos judeus já vendiam o Paraíso aos seus prosélitos.

Como a felicidade eterna é um produto “mais interessante” que a felicidade no dia de hoje, Jesus e os seus apóstolos viram um mercado imenso nos “pagãos”, garantindo-a a todos, independentemente da sua condição, desde que adoptassem a fé e observassem os preceitos do Evangelho. Esta ideia associada à profecia que o “fim do Mundo” estava próximo e com ele o dia do Juízo Final, em que “os mais soberbos monarcas iriam gemer no profundo abismo das trevas, magistrados se liquefariam em fogos ardentes e filósofos enrubesceriam nas chamas abrasadoras junto aos seus alunos iludidos”, convenceu muitos de que era melhor jogar pelo seguro e abraçar os ditamenes desses “influencers”, esforçando-se por conciliar os interesses do mundo presente com os de uma vida futura no Além.

Os “influencers” do Cristianismo tinham “o produto” (o Fim do Mundo e a Vida Eterna), a facilidade das vias de comunicação romanas para o promoverem e a intransigência judaica no seu espírito, isto é: todas as condições para minar as consciências dos temerosos gentios e, lentamente, foram conquistando o Império.

Hoje vivemos tempos de mudança. A Sociedade de Consumo é insustentável e os seus “influencers” começam a perder dominância face aos novos místicos, com histórias de Fins do Mundo. A Internet,  uma população descontente e a intransigência, são o caldo onde florescem Evangélicos cristãos e Islâmicos radicais, apregoando o velhinho: "quem está connosco, está com Deus!" e quem não estiver só pode estar possuído por demónios, que os obrigam a professar outras ideias e só há 2 modos de expulsar – pelo exorcismo ou pelo fogo.

Talvez a Inteligência Artificial consiga refrear as multidões que tendem a ouvir os “influencers da vida para além túmulo", porque o racional do colectivo humano não nos leva (como nunca nos levou) a portos seguros, e do que precisamos é de cuidar do legado dos nossos antepassados, para que os nossos filhos possam ter uma vida melhor que a nossa ... nesta Terra.
Queira Deus! … Ou melhor, … Queiram todos os Deuses!

1 comentário:

capitão disse...

Os judeus pensavam que Deus controlava a História e decidia o resultado de todos os acontecimentos importantes.
Os discipulos de Jesus estavam convencidos que o Reino de Deus chegaria em breve e que ele próprio voltaria.
Jesus pensava que Deus iria provocar em breve uma alteração decisiva no mundo.
Jesus , durante a vida, levou os seus seguidores a esperarem o estabelecimento próximo (na sua geração) de um novo Reino - o Reino de Deus.