segunda-feira, 30 de novembro de 2009

“Après moi, le déluge”
























O Serviço Nacional de Saúde criado 15 de Setembro de 1979, com a Lei 56/79, tem como filosofia que “o direito à protecção da saúde é um bem colectivo que deve ser partilhado por todos em condições de perfeita igualdade, e que cabe ao governo defendê-lo e dotá-lo dos recursos adequados, na proporção ponderada das demais necessidades do Estado”.

Os Hospitais, EPE, têm como accionistas o Ministério da Saúde (50%) e o Ministério das Finanças (50%), e é deles que dependem directamente.

Como empresa, é fundamental que as contas ao fim do ano “batam certo”, mas os seus objectivos são outros. O seu desenvolvimento não se faz com gestores de confiança política, que circulam entre as diferentes áreas onde o Estado tem actividades, como se o mais importante, fossem as contas.
É que este estar não promove a competência e facilita o autoritarismo a quem sabe dar os números “certos” e jogar nas margens nebulosas do tráfico de influência. Depois só tem de afinar o discurso, repetindo as palavras (dignidade, confiança, trabalho de equipe, objectivos, …) com ar determinado.

É que a qualidade da gestão não se repercute no imediato, e só ao fim de muitos meses se nota a queda na segurança dos serviços.

sábado, 28 de novembro de 2009

Cogumelos

Nascem como cogumelos (que são) nos paus que ponho a decorar o jardim e aproveitam-se da minha ignorância para ir por aí fora, confiantes de que os não irei comer.















Mas vão-me obrigar a um estudo para os meter no tacho. É que isto de chegar e não pagar renda tem de ter um fim!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O Acólito













Aquele senhor público tem um acólito que o segue meio curvado (como lhe compete) para lhe dar os números que o fazem feliz. Vestiu-lhe um fato e gravata e tornou-o indispensável para lhe abrir as portas.
Filiou-o, empurrou-o para um cursilho de Gestão, e transformou-o num soturno homem de "sucesso"!

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

No "Privado" ORL~1995
















- Eh pá, tu nem queiras saber o que me aconteceu! Imagina tu, que logo que a anestesiei localmente, ela começa a revirar os olhos e a ficar fria!
- E tu, que fizeste?
- Liguei o 112, e pus-me a dar-lhe uma chapadinhas na cara! Que é que querias que fizesse?
- Mas viste se tinha pulso e se respirava? Mediste-lhe a TA?
- O pulso mal se sentia, e não tinha ali um esfigmomanómetro .
- Então não tinhas?! Está na primeira gaveta da secretária!
- E depois para que me servia?
- Se ela estivesse hipotensa podias pôr-lhe um soro a correr rápido enquanto esperavas!
- Mas eu não tinha lá isso!
- Na prateleira do armário está lá uma caixa que diz Emergência, onde tens soros e medicação para essas situações. Está lá há anos e está sempre actualizada.
- É pá! Não sabia! Eu vi lá uma caixa, mas como não era minha, nunca lhe liguei. A minha sorte foi que aquilo não passou de um desmaio. Foi para a Urgência e ainda lá esteve umas horas. Mas olha lá, se aquilo fosse uma reacção grave à injecção o que é que eu podia fazer?
- Primeiro devias fazer o que fizeste, que era chamar o 112. Depois devias ter avaliado se ela precisava de manobras de Suporte Básico de Vida e fazê-las com a ajuda da empregada, e depois devias ter usado a disponibilidade que ali havia: soros, medicação …, esta primeiro se …, depois aquela se …, aqueloutra se … de acordo com o que fosses observando.
- Isso é muito difícil! Não me vou lembrar dessas coisas todas. Olha, se me voltar a acontecer, vou à caixa, espalho tudo, enfio-lhe uma agulha na pele, abro o soro e parto as ampolas, e ninguém me vai chatear a dizer que eu não fiz nada!
Sorri, sem saber que valor dar à resposta!
Passados estes anos e conhecendo-lhe o percurso, estou convencido que não era uma chalaça!

terça-feira, 24 de novembro de 2009

O conhecimento


























"Os iluminados e as suas fraternidades testemunharam aquela crescente maldade, e viram que a humanidade não usava o conhecimento para o bem da sua espécie. Por isso o esconderam, para o manterem a salvo dos olhos dos indignos". Dan Brown in "O simbolo perdido"

"Nem todas as palavras são para todos os ouvidos". Umberto Eco in "O Nome da Rosa"

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Abraço mortal


Há anos, um médico galego contou-me o seguinte dito, comum na sua terra: "Se a tua mulher pedir para te atirares da janela abaixo, reza para morares num rés-do-chão!"
Tenho-o repetido, porque acho que contém muita verdade.

Mas... não é só no casamento que estas obrigações se sentem.
Nas Instituições, estas supostas "lealdades" podem afectar o viver de muita gente.

A esses, eu (por ser boa pessoa) desejo que morem num vigésimo quinto andar.

domingo, 22 de novembro de 2009

Mortalidade Hospitalar

É assim que se morre num serviço de Medicina de um Hospital (102 camas).
No 1º semestre de 2009 - 187 óbitos em 1888 internamentos – 10%.
A maior parte são idosos com grande deterioração da saúde e que morre após várias vindas ao Hospital.























Os mais novos, leva-os o álcool, os excessos (aterosclerose) e de vez em quando o cancro.























Não vi mortes por doenças infecciosas em gente saudável (mas também não as tinha que ver neste serviço), como também não vi mortes inesperadas, embora tenha tido dificuldade na leitura dos registos em quatro situações.

A maioria ocorreu na primeira semana após a admissão. Eram sete dias que poderiam ser passados perto de quem lhes teria afecto. Assim morreram no meio de desconhecidos com a promessa vã de mais uns dias de vida.
Parte importante da resolução deste problema, passa pela organização de um serviço domiciliário efectuado pelo Hospital, que também solucionaria muitos outros problemas.

sábado, 21 de novembro de 2009

Armando Vara por Miguel Sousa Tavares



"O Factor Vara"
Toda a “carreira”, se assim lhe podemos chamar, de Armando Vara, é uma história que, quando não possa ser explicada pelo mérito (o que, aparentemente, é regra), tem de ser levada à conta da sorte.
Uma sorte extraordinária. Teve a sorte de, ainda bem novo, ter sentido uma irresistível vocação de militante socialista, que para sempre lhe mudaria o destino traçado de humilde empregado bancário da CGD lá na terra. Teve o mérito de ter dedicado vinte anos da sua vida ao exaltante trabalho político no PS, cimentando um currículo de que, todavia, a nação não conhece, em tantos anos de deputado ou dirigente político, acto, ideia ou obra que fique na memória. Culminou tão profícua carreira com o prestigiado cargo de ministro da Administração Interna - em cuja pasta congeminou a genial ideia de transformar as directorias e as próprias funções do Ministério em Fundações, de direito privado e dinheiros públicos. Um ovo de Colombo que, como seria fácil de prever, conduziria à multiplicação de despesa e de "tachos" a distribuir pela "gente de bem" do costume. Injustamente, a ideia causou escândalo público, motivou a irritação de Jorge Sampaio e forçou Guterres a dispensar os seus dedicados serviços. E assim acabou - "voluntariamente", como diz o próprio - a sua fase de dedicação à causa pública. Emergiu, vinte anos depois, no seu guardado lugar de funcionário da CGD, mas agora promovido por antiguidade ao lugar de director, com a misteriosa pasta da "segurança". E assim se manteve um par de anos, até aparecer também subitamente licenciado em Relações Qualquer Coisa por uma também súbita Universidade, entretanto fechada por ostensiva fraude académica. Poucos dias após a obtenção do "canudo", o agora Dr. Armado Vara viu-se promovido - por mérito, certamente, e por nomeação política, inevitavelmente - ao lugar de administrador da CGD: assim nasceu um banqueiro.
Mas a sua sorte não acabou aí: ainda não tinha aquecido o lugar no banco público, e rebentava a barraca do BCP, proporcionando ao Governo socialista a extraordinária oportunidade de domesticar o maior banco privado do país, sem sequer ter de o nacionalizar, limitando-se a nomear os seus escolhidos para a administração, em lugar dos desacreditados administradores de "sucesso". A escolha caiu em Santos Ferreira, presidente da CGD, que para lá levou dois homens de confiança sua, entre os quais o sortudo dr. Vara. E, para que o PSD acalmasse a sua fúria, Sócrates deu-lhes a presidência da CGD e assim a meteórica ascensão do Dr. Vara na banca nacional acabou por ser assumida com um sorriso e um tom "leve".
Podia ter acabado aí a sorte do homem, mas não. E, desta vez, sem que ele tenha sido tido ou achado, por pura sorte, descobriu-se que, mesmo depois de ter saído da CGD, conseguiu ser promovido ao escalão máximo de vencimento, no qual vencerá a sua tão merecida reforma, a seu tempo. Porque, como explicou fonte da "instituição" ao jornal "Público", é prática comum do "grupo" promover todos os seus administradores-quadros ao escalão máximo quando deixam de lá trabalhar. Fico feliz por saber que o banco público, onde os contribuintes injectaram nos últimos seis meses mil milhões de euros para, entre outros coisas, cobrir os riscos do dinheiro emprestado ao sr. Comendador Berardo para ele lançar um raide sobre o BCP, onde se pratica actualmente o maior spread no crédito à habitação, tem uma política tão generosa de recompensa aos seus administradores - mesmo que por lá não tenham passado mais do que um par de anos. Ah, se todas as empresas, públicas e privadas, fossem assim, isto seria verdadeiramente o paraíso dos trabalhadores!
Eu bem tento sorrir apenas e encarar estas coisas de forma leve. Mas o “factor Vara” deixa-me vagamente deprimido. Penso em tantos e tantos jovens com carreiras académicas de mérito e esforço, cujos pais se mataram a trabalhar para lhes pagar estudos e que hoje concorrem a lugares de carteiros nos CTT ou de vendedores porta a porta e, não sei porquê, sinto-me deprimido. Este país não é para todos.

P.S. - Para que as coisas fiquem claras, informo que o Sr. (ou Dr.) Armando Vara tem a correr contra mim uma acção cível em que me pede 250 000 euros de indemnização por "ofensas ao seu bom nome". Porque, algures, eu disse o seguinte: "Quando entra em cena Armando Vara, fico logo desconfiado por princípio, porque há muitas coisas no passado político dele de que sou altamente crítico". Aparentemente, o queixoso pensa que por "passado político" eu quis insinuar outras coisas, que a sua consciência ou o seu invocado "bom-nome" lhe sugerem. Eu sei que o Código Civil diz que todos têm direito ao bom-nome e que o bom-nome se presume. Mas eu cá continuo a acreditar noutros valores: o bom nome, para mim, não se presume, não se apregoa, não se compra, nem se fabrica em série - ou se tem ou não se tem. O tribunal dirá, mas, até lá e mesmo depois disso, não estou cativo do "bom-nome" do Sr. Armando Vara. Era o que faltava! Acabei de confirmar no site e está lá, no site institucional do BCP. Vejam bem os anos de licenciatura e de pós-graduação!!!!!

Armando António Martins Vara - Dados pessoais: Data de nascimento: 27 de Março de 1954; Naturalidade: Vinhais – Bragança; Nacionalidade: Portuguesa; Cargo: Vice-Presidente do Conselho de Administração Executivo; Início de Funções: 16 de Janeiro de 2008; Mandato em Curso: 2008/2010; Formação e experiência Académica: Formação: 2005 - Licenciatura em Relações Internacionais (UNI); 2004 - Pós-Graduação em Gestão Empresarial (ISCTE) http://www.millenniumbcp.pt/pubs/pt/grupobcp/quemsomos/orgaossociais/article.jhtml?articleID=217516>

Extraordinário.... CV de fazer inveja a qualquer gestor de topo, que nunca tenha perdido tempo em tachos e no PS ! Conseguiu tirar uma Pós-graduação ANTES da licenciatura...; Ou a pós-graduação não era pós-graduação ou foi tirada com o mesmo professor da licenciatura, dele e do Eng. Sócrates ... e viva o BCP e o seu "bom nome" !!!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

China Central Chinese Orchestra



Para descomprimir.
É bem melhor que o folclore transmontano que tenho andado a ouvir!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Berços


-"You can dress him up, but you can't take him out!" - é assim que os anglo-saxões se lhes referem, enquanto nós por cá dizemos: "Podes tirar o homem da aldeia, mas não a aldeia de dentro do homem!"

É nos primeiros anos de vida que mais somos influenciados pelo ambiente e que estabelecemos muito do nosso estar. Depois, só a muito custo (se é que alguma vez) conseguimos modificar esse olhar sobre a realidade. O comportamento dos pais, ao ser imitado, fornece o quadro de valores que irão ser a “bússola orientadora” para as opções futuras. Dito de outro modo: "a educação é aquilo que apendemos com os nossos pais, quando eles não nos estavam a ensinar nada!"

Nascer num meio rural submisso, ser-se "impregnado" por pais "feudais" , e deter poder num ambiente moderno é um sufoco para os que lhe estão próximo.

É que "o que o berço dá, só a cova tira". É a vida...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Automóveis


Foi em 1908 que Henry Ford iniciou a construção dos automóveis em série com os Ford T, gracejando que o cliente podia escolher um de qualquer cor “desde que fosse preto”.
De lá para cá eles foram lentamente conquistando espaço. As cidades, esventraram-se para os acolher em parques e as populações foram atiradas para a periferia, convencidas de uma proximidade que ele a tudo garantia. Rasgaram-se os campos de cultivo e deu-se primazia à velocidade para se chegar com rapidez aos locais onde nada se faz e que só servem de pontos de partida para outros lugares semelhantes. E o que foi um luxo de rico tornou-se numa necessidade de pobre, que só a marca e o ano de produção diferencia.

Mas é nos países como Portugal que as classes desfavorecidas são mais prejudicadas. Aqui o jogo é obrigar cada cidadão a possuir um automóvel, mesmo que ele pouco mais ganhe que um salário mínimo.

Fala-se dele como um brinquedo, um luxo, um ícon, e cria-se-lhe a necessidade desinvestindo no transporte público e atirando as gentes para longe das escolas, dos empregos, dos Hipermercados e Centros Comerciais com que diariamente nos bombardeiam.

Depois onera-se a manutenção (o Seguro, o Imposto de Circulação, as revisões periódicas no IPO), as portagens, o estacionamento e, num instante, grande parte do salário é-lhe mais dirigido que ao bem-estar da família e à educação dos filhos.

Tardam novas redes de caminho de ferro a unir as cidades por linhas próprias independentes das de carga.
Tarda a implementação do transporte da carga a longas distâncias por caminho-de-ferro.
Tardam Metros de superfície a substituir as linhas antigas nas proximidades das grandes cidades.
Tardam medidas que facilitem a circulação de velocípedes nas cidades – vias próprias, incentivos ao parqueamento.
Tardam transportes públicos de qualidade que nos façam esquecer a comodidade do automóvel.

Poucos dias depois de uma notícia em que a Holanda tenta implementar medida que penaliza o uso do automóvel, em Portugal noticia-se mais um lanço de auto-estrada.

É que do automóvel come muita gente importante!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

O Terleira



O Terleira é o 2º da Esquerda. É um fruto cá da terra, numa macedónia nacional. É o orgulho da sua mãe, que acarinhou este projecto de vida difícil e incerto.
Estou com eles! Felicidades!

domingo, 15 de novembro de 2009

Testosterona


- "Então como está OBS? "
- "Está quase todo a cargo da Cirurgia. Começou a chover e os tipos das motos começaram a ter acidentes. Estão lá quatro destes".
- "É a testosterona!"
- "Viste aquela notícia em que um fulano matou a namorada e uma amiga e depois se suicidou? Ele na construção civil e ela a querer dar o salto para uma profissão com mais estudos, a fazer perigar o seu estatuto de macho. Elas que se cuidem. Se conseguirem melhores empregos que os seus pares, ou se divorciam ou morrem-lhes às mãos".
- "A taxa de divórcios este ano subiu muito. Mas no estudo não se falava das diferenças de estatuto entre eles. Provavelmente elas subiram e eles ficaram em trabalhos indiferenciados, e isso rói a alma a qualquer macho".
- "Já deste alta ao puto da Casa dos Rapazes que engoliu o guardanapo cheio de haxixe para não ser apanhado?"
- "Esse foi embora ontem ao fim do dia."

O desenvolvimento das características sexuais secundárias inicia-se entre os 6 e os 8 anos de idade e pelos 16 tende a estar completo.
É fundamental que as Escolas tenham em consideração que a testosterona é tóxica para o cérebro, e que todas as modificações que ela provoca têm de ser entendidas e orientadas, sob o risco de se produzir um marginal, que a todo o tempo se evidencia pelas piores razões.
Há que lhes conhecer os imaginários em tempo real (mesmo sabendo da sua volatilidade), para que, desde início, se dê solução às múltiplas questões com que se debatem.

sábado, 14 de novembro de 2009

Temperar o aço



Sempre vi magia nas forjas e nos ferreiros a moldar e a temperar o aço.
Meter um ferro dentro de um forno até ao rubro e depois arrefecê-lo bruscamente na água, para lhe dar a dureza necessária a uma arma “indestrutível”, tem de ter uma base científica. As espadas Excalibur (a espada do rei Artur) e as dos samurais teriam de ser obras de tecnologia, para se terem imposto ao imaginário colectivo.


Revendo os conceitos:
O ferro existe na natureza em abundância sob a forma de vários minerais: a hematite (Fe2O3), a magnetite (Fe3O4), a limonite (FeO(OH)), a siderite (FeCO3), a pirite (FeS2) e a ilmenite (FeTiO3). A maior parte são óxidos, com maior ou menor grau de impurezas.
O ferro é o metal mais usado pelo homem (95% da produção mundial de metal), devido ao seu baixo preço e dureza, e é principalmente empregue na construção de automóveis, barcos e componentes estruturais de edifícios. Em 2004, os cinco maiores produtores de ferro eram a China, o Brasil, a Austrália, a Índia e a Rússia, com 74% da produção mundial.
O ferro (do latim ferrum) é um elemento químico, símbolo Fe, de número atómico 26 (26 protões e 26 electrões) e massa atómica 56.
Para se extrair o ferro dos minérios de ferro, usam-se altos-fornos onde o minério é fundido a temperaturas perto dos 1500 ºC. Aí é-lhe adicionado carbonato de cálcio (CaCO3) que, além de lhe fazer diminuir o ponto de fusão, reage com as impurezas formando a escória. Também é adicionado coque (carbono amorfo, com mais de 90% de pureza) para promover a redução do Fe3+ em Fe.
O que se obtém neste processo é a “gusa” (uma mistura de ferro com carbono), que se armazena em lingotes. O ferro puro (ferro macio) não tem utilidade prática por ser muito maleável e facilmente oxidável.
É possível adicionar outros elementos ao ferro e formar ligas com grande variedade de propriedades mecânicas. Os aços são ligas de ferro e carbono, que podem conter outros elementos.

Dependendo do seu conteúdo em carbono são classificados em:
Aço baixo em carbono. Contém menos de 0.25% de carbono em peso. São pouco duros mas dúcteis. São utilizados em veículos, canos, elementos estruturais e outros.
Aço médio em carbono. Entre 0,25% e 0,6% de carbono em peso. São mais resistentes que os anteriores, mas menos dúcteis. São empregues em peças de engenharia que requerem uma alta resistência mecânica e ao desgaste.
Aço alto em carbono. Entre 0,60% e 1,4% de carbono em peso. São os mais resistentes, mas também os menos dúcteis. Adicionam-se outros elementos para que se formem carbonetos (p.ex: carboneto de tungsténio, quando é adicionado à liga o volfrâmio). Estes aços mais duros são utilizados na fabricação de ferramentas e de armas.
Um dos inconvenientes do ferro é que se oxida com facilidade. Mas se lhe adicionarmos crómio, torna-se resistente à corrosão. São os chamados aços inoxidáveis.
Quando o conteúdo de carbono da liga é superior a 2,1% em peso, a liga metálica é denominada ferro fundido. Estas ligas apresentam, em geral, entre 3% e 4,5% de carbono em peso. Existem diversos tipos de ferros fundidos. Dependendo do tipo têm aplicações diferentes: em motores, válvulas, engrenagens e outras.
Os óxidos de ferro são também utilizados em pinturas.

Temperar é transformar um metal num composto homogéneo com uma estrutura molecular tal que não haja planos de clivagem.
Esse arranjo molecular é muito específico de uma determinada temperatura, e desfaz-se quando o arrefecimento é natural, pelo que se tenta fixá-lo arrefecendo-o rapidamente.

É aqui que está a magia do ferreiro.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Legalidade versus Moralidade


“Como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados sociais, os corporativos e o estado a que chegámos” – Salgueiro Maia, 23 de Abril de 1974.
E em 2009 chegámos a um estado de grande pobreza moral, onde só é inaceitável o que é provado como crime. De resto: vale tudo.
Esta identificação do legal com a moral é o maior logro da nossa sociedade, pois já há mil anos, o Direito Romano, defendia que "nem tudo o que é legal é moralmente aceitável".
Hoje, Portugal tornou-se numa imensa sala de audiências, onde os comportamentos imorais dos governantes são discutidos para se analisar se são legais, para que, se não se provar ilegalidade, se possa passar uma esponja sobre o caso.

Será que devem ser os juízes a distinguir, por nós, o bem do mal, o certo do errado?
Ou será que devemos escolher os nossos líderes pela sua postura moral para assim sairmos deste pesadelo?

É que "as coisas deixadas a si próprias, vão sempre de mal para pior"

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Desabafos























"Se podes fazer difícil, porque estás a fazer fácil?"

Esta é uma norma que grassa quer no sector público quer no privado, com a agravante de que neste há menos controle. Do facto resulta um significativo aumento do custo de qualquer serviço.

Está dependente do oportunismo e da incompetência dos seus profissionais e define o grau de corrupção de qualquer sociedade.
Pode ser dito de outro modo:
"Criar dificuldades, para vender facilidades!"

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Pombos























O etologista Wallace Craig (1876–1954) dedicou-se ao estudo do comportamento dos pombos. Numa das suas experiências com casais de pombos, separou o macho da fêmea durante períodos cada vez maiores e verificou experimentalmente quais eram, depois de cada período de privação, os objectos suficientes para desencadearem a dança de amor do macho. Alguns dias depois do desaparecimento da fêmea da sua própria espécie, o macho estava pronto a cortejar uma pomba branca que até aí havia ignorado. Alguns dias mais, inclinou-se e arrulhou diante de um pombo embalsamado e, mais tarde diante de um bocado de pano enrolado; finalmente, depois de várias semanas de solidão, tomou por objecto do seu jogo de amor o canto vazio da gaiola, onde a convergência das linhas rectas oferecia pelo menos um ponto de fixação óptica.
À falta de melhor, come-se do que há!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Osmose Jones



"Osmose Jones é um filme que intercala cenas de filmagem com atores e animação, Frank é um pai viúvo com sérios problemas de higiene e auto-estima. Por acidente ingere Thrax, um vírus letal que pretende matá-lo em poucas horas. Enquanto Frank desenvolve a doença, dentro do seu organismo (mostrado como uma cidade em animações, com seus habitantes) um policial (um leucócito) chamado Osmose Jones e seu parcero Drix (uma cápsula antigripal) procuram combatê-lo.
De modo lúdico, esse filme ensina alguns conceitos de higiene e de fisiologia humana."
in Wikipedia

domingo, 8 de novembro de 2009

Carminho



Carmo Rebelo de Andrade – Carminho, é filha de uma fadista - Teresa Siqueira, que gere a casa de fados “A taberna do Embuçado” em Alfama. Tem 24 anos.

Canta um fado clássico, ainda “crianza”, de características muito boas, que se correctamente maturado, poderá evoluir e dar lugar a um fado com características próprias, com “bouquet”.

sábado, 7 de novembro de 2009

Nuno Cabral de Montalegre























Quando temos algum poder, e nos pressionamos (ou nos pressionam) por um qualquer objectivo, surge invariavelmente dentro de nós um Nuno Cabral de Montalegre para nos tentar a decidir ignorando os acordos e a lei.
Se temos algum respeito pelos outros e um mínimo de cidadania, reprimimo-lo. Se achamos que os fins justificam os meios, vamos “em frente” “racionalizando” a prática com palavras que desmentimos no dia seguinte, na esperança de que a natureza dos nossos interlocutores faça esquecer todo o mal sofrido, logo que lhes suceda qualquer coisa de bom.

Mas gerir organismos públicos com esse espírito, lembra-me … o tempo da outra senhora!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

S. José


Nenhum dos evangelhos diz que era velho. Podemos imaginá-lo jovem, belo e enamorado.
O seu nome vem do verbo hebraico “yasaf”, que quer dizer acrescentar. “Yosef”, à letra, é aquele que acrescenta. E o que acrescenta ele? Para já, a sua fé. Ele acredita na versão da sua noiva, grávida mas não dele. Acrescenta-se ainda como esposo daquela rapariga, impedindo assim a condenação à morte, porque ela, perante a lei, era adúltera. E acrescenta-se enquanto segundo pai daquela estranha criatura aparecida no meio deles, Jesus. Ele contribui e muito para esta história e, no evangelho, tal não é tido em conta.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

"Bons" empregos


















-Oh Samuel! Eu já passei por isso!
Quando iniciei a minha vida profissional e andava à procura dos locais onde o dinheiro era possível, tropecei no "Serviço Permanente" da "Caixa de Previdência".
Tinha de fazer domicílios à noite, entre as 20:00h e as 08:00h, até um máximo de dez, em todo o Porto, Matosinhos e a avenida principal de Vila Nova de Gaia, um dia da semana e um fim-de-semana de 24h, de 5 em 5 semanas, em que o máximo era de 20 domicílios, com a cidade dividida por dois médicos. Éramos ao todo dez nestas funções e, segundo consta, aquilo era tão mau que, inicialmente, se era obrigado a passar por lá, para ter um lugar sentado num consultório.
Mas tinha vantagens para mim. As noites então não me faziam mossa e, andar de carro a altas horas a dar com as gentes que chamavam a desoras, era um desafio que compensava as “incomodidades”. E, para além de tudo o mais, … pagavam-me.
Pagavam-me meio período de Caixa, só por estar de serviço, e mais 33$00 por doente que visse. O automóvel estava por minha conta. Não havia telemóveis, o que me obrigava a ir telefonando de cabines ou da casa dos doentes a perguntar ao telefonista, que atendia os pedidos, se havia mais e onde, para não ter de voltar aos locais onde já tinha estado.
Mas a maior vantagem era que raramente havia dez chamadas numa noite, e até havia noites de duas ou três, o que me dava para estar em casa muito desse tempo.
Como alternativa teria de ir trabalhar para um posto da Caixa, algures nos arredores do Porto, fazer 4 períodos de 3 horas a ver 6 doentes à hora. O “Permanente” pareceu-me mais vantajoso.

Tão bom o achei, que um mês depois disponibilizei-me para outro lugar, e pouco tempo depois já estava com duas noites por semana no “Permanente”, a somar a uma outra, a “doer”, na Urgência do Hospital de S. João, quando calhava.

aqui contei algumas das histórias mais pitorescas que me foram acontecendo nestas andanças.
Num desses dias em que eu percorria a cidade, e nem de propósito, ouvi no rádio do meu R5, uma entrevista com alguém responsável pelos Serviços Médico-Sociais falar do “Permanente”, gabando-lhe a funcionalidade.
-“Ah! Maldito! Estes gajos não sabem estar calados!”, terei praguejado, enquanto rezava para que não houvesse ouvintes àquelas horas.
Mas havia. E a prova veio poucos dias depois.
- “Dr.! Tem oito, e ainda só são dez horas. Tem de se despachar! Se vierem mais de dez aceita?”
- “Nem pensar!”, respondi. “É que eu amanhã tenho mais vida!”.

E num repente tudo mudou. Onde eram três ou quatro, passaram a ser dez, e ao 2º mês lá estava eu outra vez à porta dos SMS, mas agora para lhes dizer, que “já estava rico”, e que uma vez por semana era suficiente para manter o património.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Chefiar
























Nunca entendi um lugar de chefia como um lugar de privilégio, salvo quando, na Banca ou nas Empresas, se faz pagar a preço de ouro, porque aí, pode valer a pena passar por tudo isso para conseguir um pé de meia confortável que em poucos anos nos leve para outros voos, mais calmos.
Ocupar um posto de chefia obriga a gerir com habilidade as forças flutuantes que nos estão acima e abaixo. Para tal, há que ter a confiança de ambas e rever-se nas opções e capacidades de quem nos dirige.

Caso contrário, … há mais mundo!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Gethsemane


Eu só quero perguntar-Te, se não tinhas um modo diferente de fazer isto. Afasta de mim esse cálice, porque eu não quero saborear o seu veneno. Eu mudei. Já não estou tão certo como quando começámos. Então eu estava inspirado. Agora estou triste e cansado. Certamente que excedi todas as expectativas, nestes três anos, que me parecem agora trinta. Tu não conseguirias pedir tanto a qualquer outro homem. Mas se eu morrer, vê o que me vai acontecer. Deixas que me odeiem, batam, me magoem e me preguem num madeiro. Eu quero saber, meu Deus, a razão por que devo morrer. Será que irei ser mais notado do que fui antes? Será que as coisas que tenho dito e feito passarão a importar mais?
Eu preciso saber, meu Senhor. Se eu morrer, qual será a minha recompensa? Mostra-me que eu não vou ser morto em vão? Mostra-me um pouco do teu cérebro omnipresente. Mostra-me que há uma razão para quereres que eu morra. Tu estás muito interessado em onde e como, mas não te vejo tão preocupado com o porquê. Tudo bem eu vou morrer! Então eu estava inspirado, agora estou triste e cansado, depois de tudo que eu tentei durante estes três anos que me parecem agora noventa. Porque estou então com medo para terminar o que comecei. Digo o que Tu começaste, não fui eu a iniciá-lo. És um Deus difícil, que detém todas as cartas. Vou beber o Teu copo de veneno. Prega-me na cruz e quebra-me, sangra-me, bate-me, mata-me, e leva-me agora, antes que eu mude de opinião.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Melro



O melro, eu conheci-o:
Era negro, vibrante, luzidio,
Madrugador, jovial;
Logo de manhã cedo
Começava a soltar d´entre o arvoredo
Verdadeiras risadas de cristal.
E assim que o padre-cura abria a porta
Que dá para o passal,
Repicando umas finas ironias,
O melro d´entre a horta
Dizia-lhe: Bons dias!
E o velho padre-cura
Não gostava daquelas cortesias.

Era assim o Melro do Guerra Junqueiro. Mas não é assim o melro que me coube em sorte. Este, embora luzidio, não dá bons dias. É uma figura sinistra que se encobre para rezar ao seu Deus Padre Omnipotente o latim com que incendeia a horta do vizinho.

É um híbrido de ave de rapina, que não nasceu para trabalhar, mas para se apropriar do trabalho alheio e para inventar utopias e lamentos num canto de sereia de perdição.

Mas ouvem-no, e ele cresce. E manda, ... porque … pode!

domingo, 1 de novembro de 2009

Salamandra
















As Salamandras são urodelos e como tal – anfíbios mas, surpreendentemente, moram à porta de minha casa. De verão desaparecem, para voltarem com as primeiras chuvas, indiferentes aos cães, que por certo sabem que as suas manchas amarelas contêm um tóxico neuro-muscular.

Gosto de as ver de cabeça levantada, a decidir se vão para as fendas do muro ou se esperam que me vá, para continuar a vida. Quando decidem atrasar-me, vão para a garagem para me verem de gatas a afastá-las do trajecto dos rodados, mas fora isso e os sustos que pregam a quem tem medo delas, damo-nos tão bem, que eu restrinjo os químicos que o jardim pede.