Ia à missa, cumpria os códigos e evitava pensar. Tudo para ter sucesso. Era uma questão de tempo. O timbre da voz e o gesto desempoeirado de moçoila da aldeia que assumia, quando intuía num afazer uma imperiosidade ditada pelas divindades que escolhera no céu e na terra, davam-lhe o ar de determinação, com que esperava a ascensão na empresa.
As graças, entendia-as como provocação e, caso o alvo roçasse a religião, aprumava-se e tomava-as como ofensa, repetindo: “Graças a Deus muitas, graças com Deus poucas!”
Não sei porquê fez-me lembrar o velho bibliotecário, Jorge de Burgos em “O Nome da Rosa” , que temia que o riso fizesse perder o temor a Deus e o mundo se desmoronasse.
3 comentários:
Fica-se sem perceber nada ...
É um protótipo. Um estilo de pessoa com que se tropeça no dia a dia. Nem boa nem má. Aquilo a que se chama pragmático. Se o Hitler vier de novo, pode contar com ele.
O problema é que os hitlers nunca deixaram de estar por cá! Entendo ...
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