domingo, 5 de janeiro de 2014

A língua


… Eu compreendi que qualquer universo geográfico distinto, tem os seus mistérios e que nós só seremos capazes de os decifrar se entendermos a linguagem local. Sem ela, este universo permanecerá impenetrável e desconhecido, mesmo que passemos anos dentro dele. Também anotei a relação entre o nomear e o existir, porque verifiquei, depois do meu regresso ao hotel, que na cidade eu só tinha visto aquilo que eu conseguia nomear: por exemplo, eu lembrava uma acácia, mas não a árvore que lhe estava ao pé, cujo nome desconhecia. Então entendi que, sumariamente, quanto mais palavras eu soubesse, mais rico e variado seria o mundo que se abria perante mim e aquilo que eu era capaz de observar nele.

Ryszard Kapuscinski

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