Tem 24 anos. É bonita e agradável. Tem um
curso Politécnico que lhe devia ter dado uma abertura de espírito superior ao
meio onde nasceu. Mas o berço puxa-a e integra-a na cultura onde, de facto, pertence.
Há pouco mais de um ano usa uma chave ao pescoço, depois de um padre lhe ter fechado o corpo, para que não volte a ficar possessa de nenhum espírito. Nessa altura falava com vozes que não eram suas em crises de agressividade.
Num exame radiológico, cumpriu-se a rotina, e o
amuleto foi-lhe retirado. A intervenção demora e implica desconforto. Surge ansiedade
e a doente descontrola-se. De imediato um familiar que a acompanha (enfermeiro)
topa a falta do amuleto, e também ele entra em histeria, procurando a toda a
pressa colocar-lho, recriminando quem lho tinha tirado. De seguida saem apressadamente de encontro ao padre, para que ele lhe feche de novo o corpo.
De então para cá, não voltou a ter crises e não toma medicação.
Agora quer terminar o exame que ficou incompleto. Diz que, na hora, põe a chave no tornozelo.
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