Eu fui ensinada a parar o que estivesse a fazer ao ouvir o sino. Era ele que organizava o quotidiano. Antes do nascer do sol, tocavam as Almas, a garantir a segurança dos caminhos. Ao meio-dia, as Ave-marias chamavam para o “jantar” e ao lusco-fusco as Trindades indicavam a hora de recolher.
Eram três badaladas no sino grande, três no pequeno, outras três no grande e várias no pequeno. Os homens descobriam-se e as mulheres, se estivem à porta ou à janela, iam para dentro de casa. Não havia melhor relógio nem serviço noticioso para as alegrias e tristezas.
Na 6ª feira Santa, às 3 da tarde, em Moreira de Cónegos, quando o sino tocava, o quadro eléctrico das empresas têxteis, ia abaixo e as fábricas paravam. Era assim! Agora não sei! ...
Eram três badaladas no sino grande, três no pequeno, outras três no grande e várias no pequeno. Os homens descobriam-se e as mulheres, se estivem à porta ou à janela, iam para dentro de casa. Não havia melhor relógio nem serviço noticioso para as alegrias e tristezas.
Na 6ª feira Santa, às 3 da tarde, em Moreira de Cónegos, quando o sino tocava, o quadro eléctrico das empresas têxteis, ia abaixo e as fábricas paravam. Era assim! Agora não sei! ...
Depois surgiu um relógio ligado a um altifalante a dar horas
misturadas com o 13 de Maio por cima das sirenes das fábricas e os ritmos
passaram a ser outros. – “Porra para o canudo, que já estou atrasada!”, dizia a
minha sogra, ao antever a chegada do marido.
Agora com o declínio da agricultura, os telemóveis na mão de
toda a gente e a televisão ligada de manhã à noite, tudo se modificou e os
sinos regressam ao serviço religioso.
Mas a Sagrada Família ainda anda de casa em casa. É uma capelinha com a Nossa Senhora, o
Menino e S. José e um mealheiro na base. Na casa da minha mãe fica uma sexta
e um sábado e vai para a casa de uma vizinha no domingo. Percorre toda a
Paróquia. Só vai à igreja descarregar as esmolas.
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