Os avanços científicos das últimas décadas, alteraram significativamente o modo de estar de quase todas as profissões, num “boom” que obriga ao reposicionamento constante, de modo a que não sejam engolidas pelos avanços das que lhe estão próximas.
Por outro lado, criou-se a ilusão de que o "auto-didactismo de Internet" é capaz de suprir o saber de um percurso escolar seguido do acompanhamento próximo de profissionais competentes, que valorizem os pormenores que fazem certas as decisões, principalmente onde elas devam ser individualizadas, pois é aí que muitas vezes se joga o sucesso.
Pôr enfermeiros a prescrever, salvo um “refill” numa terapêutica já decidida e que não há razão para alterar, é um erro que não beneficia ninguém, para além de lhes imputar responsabilidades sobre eventual iatrogenia.
De igual modo, a prescrição de meios auxiliares de diagnóstico por enfermeiros, quando não é sua função diagnosticar, influencia o médico que vier a seguir, e uma pequena “confusão” pode atrasar e induzir erro. No processo de diagnóstico, há muito “gut feeling” dependente da experiência e um doente raramente põe "um" só problema.
Há médicos que cheguem no país. Alivie-se o seu trabalho burocrático e o mesmo número responderá a muito mais doentes.
Nas profissões técnicas, se as chefias forem atribuídas aos mais convenientes para as direcções nomeadas pelos Governos e para a corporação dos profissionais, o mais certo é acontecerem mais falhas que as aceitáveis, pois o interesse da população que beneficia dos seus serviços estará relegado para terceiro plano.
O que se passou nesta última época festiva é disso exemplo. O aumento de afluência às urgências, a criar condições de assistência que nem no terceiro mundo se vêem, não se justifica por qualquer epidemia, mas por uma conjuntura de irresponsabilidade que permitiu que nesse período se acumulassem feriados, “tolerâncias”, folgas e férias, nos Hospitais e Centros de Saúde, pondo os Serviços de Urgência a responder "como pudessem"!
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