domingo, 28 de maio de 2017

Elton John w/Billy Joel - Goodbye Yellow Brick Road


When are you gonna come down
When are you going to land
I should have stayed on the farm
I should have listened to my old man

You know you can't hold me forever
I didn't sign up with you
I'm not a present for your friends to open
This boy's too young to be singing the blues

So goodbye yellow brick road
Where the dogs of society howl
You can't plant me in your penthouse
I'm going back to my plough

Back to the howling old owl in the woods
Hunting the horny back toad
Oh I've finally decided my future lies
Beyond the yellow brick road

What do you think you'll do then
I bet that'll shoot down your plane
It'll take you a couple of vodka and tonics
To set you on your feet again

Maybe you'll get a replacement
There's plenty like me to be found
Mongrels who ain't got a penny
Sniffing for tidbits like you on the ground

So goodbye yellow brick road
Where the dogs of society howl
You can't plant me in your penthouse
I'm going back to my plough

Back to the howling old owl in the woods
Hunting the horny back toad
Oh I've finally decided my future lies
Beyond the yellow brick road

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Depressões


1
32 anos. Tem o 9º ano (3 reprovações). Separado há 1 ano, após 12 anos de união de facto. Vive com os pais. Tem um filho.
Está acompanhado pela mãe que descreve tristeza, irritabillidade, choro fácil e pensamentos obsessivos em relação à separação. Fez ameaças à ex-companheira e tem queixas na polícia.
Já foi medicado, mas suspendeu o tratamento, por iniciativa própria. Tem mantido a actividade profissional. Refere ingestão de "muitas” cervejas no final do trabalho. Fuma 1 maço e meio por dia. Nega consumo de outros tóxicos.
Inicialmente muito defensivo, progressivamente mais colaborante, até choro profuso. Por fim, calmo, assume necessitar de ajuda. Humor depressivo. Afectos congruentes. Reconhece, por momentos, a existência de pensamentos suicidas e homicidas. Sem actividade delirante ou alucinatória. Sono fragmentado. Apetite e Insight preservados.

2:
65 anos. Divorciado. Seis filhos. Apenas mantém relação com um deles. Reformado por invalidez. Só sabe escrever o nome. Frequenta Centro de Dia. Tem défice cognitivo e síndrome de dependência do álcool. Foi já seguido em Psiquiatria. Fez tentativa de suicídio em 2014 – atirou-se de um muro de três metros de altura, de que resultou hemorragia fractura da base do craneo e da clavícula esquerda. Mantém consumos. Ontem chegou ao Centro alcoolizado.
Quando etilizado torna-se agressivo e, muitas vezes, precipita-se contra os automóveis.
Está colaborante e parcialmente orientado (não sabe o ano). Atenção e concentração mantidas. Humor eutimico. Sem sinais de ansiedade ou comportamento agressivo. Discurso dificultado pela paralisia das cordas vocais e hipoacusia. Focado nas queixas de "querer comer e só lhe darem comida passada". Sem alterações da percepção ou do conteúdo do pensamento. Nega ideias de morte ou ideação suicida estruturada.

3:
54 anos. Casada. Reside com o marido, filha e genro. Reformada por invalidez. Tem a 4º classe.
É seguida em Psiquiatria por Depressão Major recorrente e ansiedade. Faltou a última a consulta e reduziu a terapêutica por moto próprio.
Refere vários problemas de saúde nos familiares próximos e estar muito preocupada com eles, insónia de há 1 mês, agravamento das cefaleias e anedonia: "Faço porque tenho de fazer! Se os outros não fazem, faço com raiva!".
Tem tido pensamentos de morte, mas sem ideação suicida: . "Acho que ninguém me vai aturar! Sou muito chata!"
Está colaborante e orientada. Aspecto cuidado. Sem labilidade emocional. Ansiosa. Sem alterações da percepção ou do conteúdo do pensamento.

4:
22 anos. Solteira. Reside com os pais e avós. Está desempregada, há 2 semanas - foi despedida, porque “esteve de atestado!”.
Sente-se mal e muito deprimida, após ruptura de relação amorosa, que durava há 1 ano. Ficou em casa. Só chorava e a mãe insistiu para vir ao médico.
Foi já acompanhada por Psiquiatria e tem diagnóstico de Debilidade Intelectual.
Está orientada e colaborante. Bom estado geral. Discurso fluente, pobre em conteúdos, mas lógico e coerente. Humor lábil, congruente à situação vivencial. Sem actividade delirante ou alucinatória.

5:
36 anos.  Tem o 4º ano de escolaridade com reprovações e referência a dificuldades de aprendizagem.Vive em união de facto. Não tem filhos. Trabalha aos fins-de-semana num restaurante. Mãe e irmã com problemas ligados ao álcool. Pai já faleceu.
Está a ser acompanhada em Psiquiatria após episódio de ingestão medicamentosa voluntária. Há dias que se sente mais cansada, o que atribui a sobrecarga profissional.
Ontem, ingeriu dez comprimidos de um ansiolítico “porque queria descansar!”. Depois, sentiu-se muito sonolenta, ficou preocupada, e alertou uma colega. Na admissão tinha alcoolemia de 1.41 g/l. Depois de confrontada com a análise, refere ter ingerido uma garrafa de vinho do Porto. Admite ainda abuso crónico de bebidas alcoólicas, afirmando que não bebe mais, porque o companheiro a controla.
Neste momento, sente-se bem. Verbaliza arrependimento para o seu gesto, embora de forma pouco consistente. Está orientada. Aspecto cuidado. Moderadamente colaborante, com postura defensiva. Contacto pueril. Discurso lógico e coerente, com acentuada pobreza de conteúdos. Humor deprimido, com labilidade emocional. Embora negue ideação suicida, parece ambivalente neste aspecto.
O companheiro descreve consumos regulares de bebidas alcoólicos que são a causa da conflituosidade conjugal. Faz ainda referência a relacionamentos extra-conjugais por parte da doente. Diz que o relacionamento está terminado e que não a aceita em sua casa.

6:
Há dois dias faltou-lhe a medicação e sentiu vontade de beber. Diz ter bebido 3 copos de bagaço. Depois, não se lembra de mais nada.
Segundo a irmã, quando bebe, torna-se verbalmente agressiva com a mãe, o namorado e ela própria.
Aparenta estar etilizada e desinibida. Tem discurso fluente, coerente e lógico. Juízo crítico preservado. Repetiu alcoolemia. Tem 1,33 g/L. A pesquisa de drogas na urina é positiva para canabinóides e benzodiazepinas.

7:
Trazido pela GNR com mandado de condução.
É casado e tem uma filha a estudar. Faz biscates. Tem história de depressão. É grande fumador e nega consumos abusivos de álcool.
Há uma semana teve discussão com esposa por causa de dinheiro que desapareceu em casa. Há dois dias, ela ameaçou abandonar o domicílio e houve ameaças de ambas as partes.
Assume que partiu a chave de casa para a impedir de sair, por ainda lhe manter afecto. Está convencido que ela irá pedir o divórcio.
Refere dificuldades económicas. É o único que trabalha. A esposa aufere subsídio por doença profissional e tem doença oncológica. Nega ideação suicida ou homicida. Diz andar mais nervoso, … mas ela também.
Está colaborante e orientado. Parcos cuidados de higiene, mas com apresentação minimamente cuidada - estava deitado quando o foram buscar a casa. Tem discurso organizado e coerente. Humor ansioso. Sem actividade delirante. Juízo crítico presente.

8:
Solteiro, sem filhos. Trabalha numa fábrica. Tem o 12º ano incompleto. Ex-consumidor de canabinóides. Vem acompanhado pelo pai.
Diz que tem dormido mal e ter suores frios. Anda irritado, o que relaciona com a meteorologia. - "Quando está sol, estou melhor!". Quer ir trabalhar, mas custa-lhe. Sente-se “dentro de uma gaiola”. Foi já seguido em Psiquiatria por Psicose Afectiva. Não tem ido às consultas. Diz ter feito o desmame da medicação sozinho.
- "Fui viciado em drogas! Não ia, agora, ser viciado em medicamentos!". Hoje só quer "medicação para dormir".
Está colaborante e orientado. Aspecto investido. Humor irritável. Discurso coerente e lógico, sem alteração do timbre ou ritmo. Sem actividade heteróloga. Sem pensamentos de morte ou ideação suicida. Crítica mantida.

9:
64 anos. Casado. Dois filhos. Reformado por invalidez. Esteve emigrado. Está em Portugal desde 2001. Foi seguido por Psiquiatria por depressão. Há quatro anos, abandonou a consulta, mas manteve a medicação prescrita. Refere agravamentos sobretudo quando muda a estação do ano. Há duas semanas sem vontade de sair da cama. Nega alteração do apetite. Bom aspecto geral. Discurso coerente, lógico, sem alteração do ritmo ou timbre. Sem pensamentos de morte. Crítica mantida.

10:
68 anos. Casada. Seis filhos. Vive com o marido. Reformada. Escolaridade: 4ª classe.
Tem diagnóstico de "depressão neurótica". Sente-se mais triste e com menos apetite. Com maus pensamentos. "Esta medicação que estou a fazer, há muitos anos, já não está a fazer nada!" ..."Esta doença, é uma doença muito má!".
Aspecto cuidado. Discurso fluente coerente e lógico. Humor deprimido com pensamentos ambivalentes relativamente a morte. Juízo critico conservado.

11:
49 anos. Analfabeta. Vive só.
Vem com carta a referir "alteração do comportamento, abuso crónico de álcool, alucinações visuais e auditivas. Terá invadido a casa de um vizinho com o intuito de "retirar alguém de dentro que estaria fechado!"
Aspecto humilde. Vestida totalmente de preto. Idade aparente superior a real. Discurso pobre, embora lógico e coerente. Humor eutímico. Sem alterações da forma e conteúdo do pensamento. Sono e apetite regulado.
Recusa qualquer tipo de intervenção. Assina termo de responsabilidade.

12:
52 anos. Casada. Vive só. Reformada. Cuida da casa, sem outras actividades.Teve oito filhos (5 vivos). Três emigrados, dois na região Centro.  Marido preso por tráfico de droga.
HIV+. Foi acompanhada em Psiquiatria por perturbação de personalidade. Faltou às consultas.
Nas últimas semanas tem-se sentido muito em baixo, preocupada com o marido e com o seu estado de saúde. Não lhe apetece arranjar-se. Diminuição do apetite.
Colaborante e orientada. Discurso coerente e lógico, sem alteração do ritmo ou timbre. Pensamentos de morte passivos. Crítica mantida.

13:
55 anos. Casada. Dois filhos. Vive com marido e um filho. Funcionaria pública. Completou 12º ano. Esteve já longos períodos de baixa médica.
Diz depressão reactiva a problema laboral. Nas últimas semanas, marcada obsessão pela possibilidade de regresso ao trabalho. Aparente quadro histeriforme. Grita, insónia, inquietação. Sente que a perseguem. Acha que andam carrinhas atrás de si! Chorosa por momentos.
Humor lábil. Verbaliza pensamentos passivos de morte. Sem planos de concretização. Sem alterações da percepção. Sem aparente ideação delirante, quanto muito ideias sobrevalorizadas e discreta auto-referência.


quarta-feira, 10 de maio de 2017

sexta-feira, 5 de maio de 2017

Yuval Noah Harari









Yuval Noah Harari (Haifa, 1976) é professor de História e lecciona no departamento de História da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Diz que não é um Profeta, mas eu elege-o como tal. "I don't think he is as widely recognized as he deserves to be, but, in my opinion, Yuval Harari will become one of the most influential thinkers of the XXI century".

O Youtube tem muitas aulas suas disponíveis e os dois livros que recentemente escreveu - "Sapiens: Uma breve História da humanidade" (2014) e "Homo Deus: Uma breve história do amanhã" (2016), são uma verdadeira Bíblia, que toda a gente que se preocupa com o evoluir da Humanidade tem obrigação de ler.

segunda-feira, 1 de maio de 2017

A Empada Mágica


A pressão evolutiva habituou os humanos a ver o mundo como uma empada estática. Se alguém retira uma fatia maior, alguém inevitavelmente ficará com uma menor. Nessa perspectiva, as religiões tradicionais como o Cristianismo e o Islamismo procuraram modo de resolver os problemas da humanidade quer com a ajuda dos recursos existentes, ou prometendo um pedaço de empada no céu.

Nos tempos modernos, em contraste, há uma firme crença que o crescimento económico não só é possível, como absolutamente essencial. As orações, as boas vontades e a meditação podem ser reconfortantes e inspiradoras, mas problemas como a fome, as doenças e a guerra só poderão ser resolvidas através do crescimento económico. Este dogma fundamental pode ser sumariado numa ideia simples "Se tens um problema, vais provavelmente precisar de mais dinheiro e para teres mais dinheiro, tens de produzir mais!".
Os políticos e os economistas modernos insistem em que o crescimento é vital por três ordens de razão. Primeiro porque quando se produz mais, se consome mais e se melhora o estilo de vida e alegadamente se vive uma vida mais feliz. Segundo porque à medida que a humanidade aumenta é necessário crescimento económico só para se ficar onde se está. E terceiro se a economia não cresce e a empada permanece do mesmo tamanho só é possível dar mais aos pobres retirando aos ricos, o que obriga a opções difíceis, que muito provavelmente irão causar ressentimentos e até violência.

Se pretendemos evitar soluções duras, ressentimentos e violência, há que aumentar ao tamanho da empada.

in Homo Deus - A brief history of tomorrow, de Yuval Noah Harari