O Forte de Paçô, em Carreço, é uma pequena fortificação costeira construída no período da Restauração da Independência (a partir de 1640). A sua função era principalmente de vigia e defesa costeira, numa época em que a costa portuguesa era alvo de ataques de piratas e corsários, sobretudo vindos do Norte da Europa. Servia de apoio a outras fortificações maiores, como o Forte da Ínsua (Caminha) e as defesas do porto de Viana do Castelo. Também dava apoio aos pescadores locais, que utilizavam a enseada próxima.
Não há registo de que o Forte de Paçô tenha sido destruído
em qualquer conflito militar significativo. Tal como muitos pequenos fortes,
foi sendo desativado à medida que a pirataria diminuiu e a artilharia naval
evoluiu. O seu estado atual (ruína parcial) deve-se essencialmente à falta de
manutenção ao longo dos séculos e não à destruição direta por guerra.
O seu aspecto à época deveria
ser assim.
Um Pouco de História
Os fortes ao longo da costa portuguesa têm uma longa
história, profundamente ligada à defesa do território, à proteção das
populações costeiras e à salvaguarda da navegação. A sua construção acompanhou
a evolução das ameaças marítimas, a importância estratégica de Portugal nas
rotas comerciais e o desenvolvimento da artilharia.
Na Idade Média, algumas das primeiras fortificações
costeiras surgiram junto a portos naturais, sob a forma de torres de vigia, que
serviam para detetar ataques de piratas e corsários.
No século XVI, após a expansão marítima portuguesa e com o
declínio do domínio muçulmano no Mediterrâneo Ocidental, aumentaram os ataques
de piratas berberes, ingleses, franceses e holandeses. Foi neste contexto que
se multiplicaram os fortes costeiros.
No século XVII, com a Restauração da Independência (1640),
D. João IV lançou uma vasta campanha de fortificação costeira, modernizando
estruturas existentes e construindo novas, especialmente com traçados adaptados
à artilharia (baluartes, redutos e baterias).
No século XVIII, além da função militar, muitos fortes
desempenhavam um papel logístico, abrigando guarnições permanentes e
funcionando como apoio a faróis e alfândegas.
Nos séculos XIX e XX, com a evolução da artilharia e, mais
tarde, da aviação, os fortes perderam importância militar, sendo alguns
utilizados como quartéis, faróis, prisões ou mesmo habitações.
Atualmente, são testemunhos de uma época em que o mar era
simultaneamente via de comércio e fonte de perigo.
Rede de Fortes entre Caminha e Viana do Castelo
A rede de fortes costeiros entre Caminha e Viana do Castelo
foi construída sobretudo no século XVII, durante o reinado de D. João IV, após
a Restauração da Independência. O objetivo era proteger a costa de piratas e
corsários, criando uma linha de defesa contínua, complementada por torres de
vigia.
Principais fortes:
- Forte
da Ínsua (Caminha) – Construído numa pequena ilha rochosa na foz do
Rio Minho, tinha como função a defesa do estuário e a proteção da
navegação.
- Forte
do Lagarteiro (Vila Praia de Âncora) – Protegia a enseada e as
embarcações dos pescadores locais.
- Forte
do Cão (Gelfa) – Complementava a defesa do litoral junto à Ínsua.
- Forte
de Paçô (Carreço) – Estrutura simples, adaptada a artilharia leve, com
função de vigia.
- Forte
de Montedor (Carreço) – Protegia um dos pontos de desembarque mais
vulneráveis da região.
- Forte
de Areosa (Areosa) – Controlava a faixa costeira antes da entrada no
porto de Viana do Castelo.
- Forte
de Santiago da Barra (Viana do Castelo) – Principal estrutura
defensiva da região; protegia a entrada do porto e foi utilizado até ao
século XIX como ponto estratégico militar.
A distância entre os fortes era relativamente curta,
garantindo que cada um tinha visão direta do anterior, permitindo a troca de
sinais (fogueiras, bandeiras ou tiros de canhão). Os pequenos fortes (Paçô,
Montedor e Cão) funcionavam como postos avançados, enquanto os fortes maiores
(Ínsua e Santiago da Barra) serviam de bases principais.
O Forte de Montedor já não existe. Situava-se perto do atual
Farol e tinha características semelhantes às do Forte de Paçô e do Forte do
Cão. A construção do farol, em 1910, levou à reorganização do espaço e à
utilização de parte do terreno onde estaria a antiga estrutura. Os restos do
forte terão sido reaproveitados ou desapareceram devido à ação do tempo e ao
abandono.
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